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SÃO PAULO – Ao decidir comprar ou trocar o carro, o consumidor deve começar a escolha do modelo pelo test drive, já que se estima que cerca de 50 diferentes marcas e mais de 600 modelos de veículos disputam palmo a palmo a preferência dos brasileiros.
Ler artigos sobre testes dos carros de interesse também ajuda a definir quais veículos serão testados. “Essa é uma forma interessante para o consumidor conhecer melhor o produto e tirar suas próprias conclusões para decidir a compra. Afinal, a aquisição de um veículo é vista pela maioria como o segundo degrau na escala de importância do consumo de bens, perdendo apenas para a moradia própria”, explica o conselheiro da SAE Brasil, Francisco Satkunas.
Segundo o conselheiro, o test drive é importante, pois o consumidor ficará bastante tempo com o carro, por isso, precisa ter certeza de que está fazendo a escolha certa. “A escolha do automóvel determina um convívio de médio e longo prazo, e todo proprietário quer uma relação de grande satisfação enquanto o casamento durar. Também pode significar a proteção do capital empreendido na hora da revenda ou da troca por outro carro”, completa.
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Teste minucioso
De acordo com Satkunas, o consumidor não deve avaliar apenas o desempenho do veículo, como arrancada e resposta do motor na subida, mas conforto também é fundamental. “Fazer o test drive, seja em conjunto com familiares ou um amigo, é fundamental para uma noção dinâmica mais precisa sobre um veículo ainda desconhecido, sentir seu comportamento geral e o funcionamento dos acessórios que o acompanham. Itens como piscas direcionais, buzina, limpadores de para-brisa, conforto dos bancos e posição ao dirigir devem ser testados, por menor que seja o percurso”, aconselha.
Segundo o especialista, 80% da compra de um carro é emoção e 20% razão, por isso, a alta dose de emoção que cerca a decisão da compra avisa que é importante preservar a liberdade de escolha sobre o que de fato se quer adquirir. “Para isso, não basta fazer a avaliação estática do automóvel, apenas testando a facilidade de entrar e sair, de empunhar o volante, de acessar os comandos e inspecionar os mostradores do painel, e de verificar o espaço para os ocupantes e para a bagagem no porta-malas”, explica.
O conselheiro também alerta que o contato com experientes vendedores das concessionárias ajuda a esclarecer dúvidas, mas também pode fazer o consumidor sucumbir à ansiedade de levar de imediato o carro que estiver disponível, agregando acessórios, garantias e outros serviços, que se transformam em necessidades.
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Luxosos
No caso dos carros de luxo, fazer um test drive não é tão simples quanto em concessionárias de carros populares. Neste caso, o teste pode ser cobrado. “É justo cobrar, pois envolve seguro, entre outros itens de segurança”, comenta Satkunas.
“Carros de luxo exigem condutores que saibam conduzir este tipo veículo. Dos que apreciam, uma parcela pequena realmente vai comprar, o restante quer ter apenas o prazer de guiar”, explica Satkunas.
O conselheiro ainda afirma que uma breve volta com esses carros não é suficiente para testá-los, pelo grande valor agregado do automóvel. Por isso, ele aconselha que o interessado em um carro de luxo alugue primeiro um veículo na versão que prefere e realize o teste.“O test drive é um investimento para quem quer comprar. Não dá para escolher só de olhar, tem que testar”, afirma.
Decidi, vou alugar!
Segundo o conselheiro, nos Estados Unidos, 80% dos consumidores que visitam as concessionárias para efetuar uma aquisição levam consigo os dados sobre o veículo a que aspiram, normalmente acessados nos sites das próprias montadoras. Porém, ele afirma que esse é um nível de maturidade que ainda não se faz presente por aqui. “Mas caminhamos rapidamente nesse sentido”, comenta.
Segundo Satkunas, alguns compradores mais experientes costumam até alugar um veiculo idêntico ao que pretende adquirir por uma semana e testá-lo por mais tempo, de dia e à noite, eventualmente com chuva, para conhecer melhor o produto. A certeza da melhor escolha justifica plenamente o desembolso que se faz.
Para estes consumidores que alugam antes de comprar, um equipamento importante a ser testado é o freio ABS, item de segurança em breve obrigatório em todos os carros, que poucos motoristas tiveram a oportunidade de usar e conhecer na prática. “Dificilmente um vendedor de concessionária concordaria com esse teste nos curtos percursos em que normalmente é feito”, afirma Satkunas.
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Porém, alguns itens não são podem ser testados pelo consumidor. “Outro importante equipamento de segurança, o airbag, em que nos resta apenas confiar, pois só pode testado em uma colisão, quando se autodestrói. Portanto, toda a vez que comprar um carro novo ou usado faça do test drive mais que uma obrigação. Encare-o como um passaporte para uma futura união feliz”, finaliza Satkunas.