Carro financiado: por que o brasileiro troca tanto de carro?

Em média, o brasileiro fica três anos com o veículo, enquanto na Europa o proprietário fica com o carro por mais de seis anos

Fabiana Pimentel

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SÃO PAULO – No Brasil, comprar um carro é o sonho de quase todos os brasileiros. Mesmo com o trânsito caótico das grandes cidades, o conforto não se compara aos meios de transporte coletivos, que vivem lotados e cheios de problemas.

Porém, mesmo sem muito dinheiro, os consumidores costumam adquirir o bem por meio de financiamentos longos, geralmente de 60 parcelas. “O automóvel é o sonho do brasileiro, ele tem gosto pelo produto e, por isso, muitas vezes se submete a pagar juros mais altos por mais tempo, mas com uma parcela que caiba no bolso”, explica o presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), Décio Carbonari de Almeida.

Troca
“O consumidor deve trocar de carro sempre que desejar e souber que tem condições para isso, porém, a partir dos 50 mil quilômetros, as manutenções do carro passam a ficar mais caras”, explica Almeida.

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Com três anos, para o presidente, o carro já tem valor de troca. “O consumidor leva esse carro financiado como parte do pagamento do novo carro. Tornou-se comum, principalmente nos financiamentos mais longos, trocar o carro com três anos”, completa.

De acordo com Almeida, para quem compra um carro seminovo, a meta é comprar um carro zero. “Já quem compra um carro zero sempre quer ter um carro novo”, completa.

Valorização x desvalorização
De acordo com o presidente, em média, os brasileiros trocam de carro a cada três anos. “Quem tem mais recursos troca antes, mas quem tem menos espera um pouco mais, mas mesmo assim dificilmente fica com o carro por mais de três anos”, afirma.

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Segundo Almeida, o carro seminovo no Brasil é muito valorizado, diferentemente do que acontece na Europa, por isso, a troca de carro no País é mais intensa. “Na Europa, a população costuma ficar com o carro por mais de seis anos, pois o preço do seminovo por lá é bem menor. Na Europa o consumidor usa o carro até o fim”, completa.

No Brasil, um carro de três anos perde 25% do seu valor de tabela, enquanto na Europa o veículo com a mesma idade perde mais de 50%. “Na Europa, por exemplo, é possível alugar um carro novo com seguro e financiado por 99 euros [por mês]. Essa facilidade faz com que os europeus tenham desapego ao bem. Ter o veículo já não é tão importante”, compara.

“Na década de 70, comprar um carro no Brasil era investimento, por isso que o brasileiro adquiriu esse comportamento de trocar de carro com frequência. Já hoje em dia existem outros investimentos, mas o carro virou um objeto de desejo”, afirma o presidente da Anef.