Atraso nas emissões de visto para EUA e burocracia viram notícia em jornal americano

De acordo com artigo, com alto índice de desemprego e déficits crescentes, os EUA precisam rever certas exigências

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SÃO PAULO – Artigo publicado no The Wall Street Journal na última segunda-feira (21) trata justamente da queda no número de turistas estrangeiros que vão aos Estados Unidos, por conta da demora e burocracia da emissão de vistos.

“Tomemos como exemplo uma família de quatro pessoas que vive em Manaus, no Brasil, cidade com cerca de 2 milhões de habitantes. Antes de poder visitar os EUA, cada membro da família precisa viajar 3.490 quilômetros para Brasília para uma entrevista em um dos quatro consulados dos Estados Unidos no País capaz de processar os vistos. Esse processo pode custar US$ 2.650 (R$ 4.837,57*) e pode durar por mais de quatro meses”, afirmou o presidente e CEO da US Travel Association, Roger J. Dow.

Em contrapartida, lembra o autor, essa mesma família brasileira pode viajar para a maioria dos países europeus por um período de 90 dias sem a necessidade de visto. “Não admira que seis milhões de turistas da China, Índia e Brasil visitaram a Europa Ocidental no ano passado, enquanto apenas 2,6 milhões vieram para os EUA”, contabiliza.

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Benefício para o próprio país
Neste momento atual, em que o desemprego é alto e os déficits são crescentes, Dow é enfático: “Os EUA não podem se dar ao luxo de continuar nesse caminho”. Afinal, os turistas estrangeiros representam um segmento muito lucrativo.

Segundo seus cálculos, se for recuperada a participação anterior de 17% do mercado, os Estados Unidos poderiam angariar US$ 859 bilhões em estímulos econômicos e criar 1,3 milhão de novos empregos até 2020, sem nenhum custo para os contribuintes do País.

“A questão não é se mais turistas estrangeiros estão dispostos a levar seu dinheiro para os EUA, mas se o nosso governo vai permiti-los”, pondera. Embora haja mais burocracia após o 11/9, é possível haver planejamento, mais recursos e novas tecnologias, avalia Dow, para manter o processo de emissão de visto seguro, eficaz e competitivo.

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Aumento emissões de visto
Ele lembra das ações promovidas pelo Departamento de Estado, que acelerou pedidos de visto na China e no Brasil, ao manter os escritórios consulares abertos por um tempo maior e com mais funcionários.

No início de novembro, o País de fato anunciou que está destinando atenção especial ao Brasil. “Nosso objetivo é ter capacidade para avaliar mais de 1,8 milhão de vistos em 2013”, afirmou o ministro-conselheiro para Assuntos Consulares no Brasil, Donald Jacobson. “Estamos procurando maneiras de expandir e remodelar as nossas instalações consulares para entrevistar mais candidatos brasileiros ao visto”.

De acordo com ele, desde 2005, foi dobrado o número de funcionários dos consulados, e ele deve dobrar novamente neste ano. Além disso, para atender às necessidades de curto prazo, mais de 50 policiais têm trabalhado em missões temporárias desde 2008, oferecendo um adicional de 2 mil dias de serviço.

Fim da necessidade do visto
Idealizado pela Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), o movimento Visa Waiver Now busca sensibilizar as autoridades do Brasil e dos EUA para que entendam que o turismo é muito importante para todos e que as exigências para a obtenção de visto não consideram as perdas que os dois lados têm. Inclusive, uma das parceiras da Braztoa é a US Travel Association, da qual Roger J. Dow é presidente e CEO.

Para se ter uma ideia, o hotsite www.visawaivernow.com.br, lançado no último mês de setembro, estima que a exigência da autorização faz com que o Brasil perca, pelo menos, 640 mil turistas americanos por ano, o que representa uma perda financeira de R$ 1,24 bilhão, além de 2,240 milhões de diárias em hotéis – os cálculos levam em conta o volume de viajantes dos Estados Unidos que vêm todos os anos ao Brasil.

(*) Conversão realizada com base na cotação do dólar do dia 22/11/2011