Água de coco de caixinha é 100% natural como dizem? Veja teste com 6 marcas

Foram avaliadas as marcas Do Bem, KeroCoco, Obrigado, Coco do Vale, Sococo e Ducoco em diversos quesitos

Weruska Goeking

Publicidade

SÃO PAULO – A bebida refrescante, que antigamente era popular apenas nas cidades litorâneas, conquistou os centros urbanos depois que passou a ser comercializada em caixinhas. No Brasil, o consumo de água de coco chega a alcançar 64 milhões de litros por ano, ultrapassando, por exemplo, o volume de bebidas energéticas vendidas no país. Por isso, a Proteste avaliou, pela primeira vez, seis marcas de água de coco vendidas em território nacional.

Foram avaliadas as marcas Do Bem, KeroCoco, Obrigado, Coco do Vale, Sococo e Ducoco em diversos quesitos, como rotulagem, acidez, presença de açúcar e micro-organismos e análise sensorial. Todas as marcas atenderam aos padrões de higiene e pH previstos na legislação, além de apresentarem baixos teores de açúcar 

No entanto, o teste identificou que, algumas afirmações presentes no rótulo, como “100% coco praiano”, “sem conservadores” e “sem adição de açúcar”, podem induzir o consumidor a uma interpretação errada, segundo a entidade de defesa do consumidor.

Continua depois da publicidade

 É o caso da Sococo, vendida como um produto natural, mas que traz entre os seus ingredientes sacarose e metabissulfito de sódio, substância que pode desencadear crises de asma em pessoas que sofrem da doença.

A marca Ducoco traz a mensagem “0% gordura e colesterol”, fazendo marketing para uma característica que toda água de coco possui naturalmente, alerta a Proteste. O próprio produto informa, em letras bem pequenas, que é um benefício natural do produto. Em contrapartida, como exemplo positivo nesse quesito, a Proteste cita a marca Obrigado, que cumpre as alegações “sem adição de açúcar” e “sem adição de conservadores” à risca.

Em relação ao modo de conservação, as marcas Obrigado e Do Bem deixaram a desejar, já que não só omitem orientações sobre o armazenamento do produto como também não alertam sobre o perigo à saúde quando essas indicações não são seguidas, como prevê a lei.

Continua depois da publicidade

O teste constatou, ainda, que das seis marcas testadas, quatro (Coco do Vale, DuCoco, KeroCoco e Obrigado) não apresentam a data de fabricação na embalagem. Por lei a informação não é obrigatória, mas permite que o consumidor opte por bebidas que tenham sido produzidas a menos tempo.

Na análise da veracidade das informações, algumas marcas apresentaram variação na rotulagem superior aos 20% permitidos. A Coco do Valle e DuCoco mostraram diferenças de mais de 30% para sódio e potássio e a Sococo chega a ter 64% menos de sódio do que o informado na rotulagem.

Veja as notas de cada marca em todos os quesitos e a avaliação final:

Continua depois da publicidade

Nos últimos testes realizados pela Proteste foi constatado a falta de veracidade nas informações dos rótulos. “Esse tipo de conduta configura oferta enganosa e de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a oferta e apresentação de produtos deve assegurar informações corretas sobre suas características, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde dos consumidores”, afirma a associação.

Por isso, a Proteste enviou os resultados do teste para a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), pedindo fiscalização, e ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), pedindo que sejam determinadas as adequações das embalagens.

 Em nota enviada ao InfoMoney, a marca Do Bem afirma que a embalagem do produto já traze informações sobre como armazenar o produto. “A do bem esclarece que o único quesito apontado pela Proteste – sobre a informação no rótulo sobre possíveis riscos do armazenamento inadequado – já está em processo de ajuste. A mensagem será complementada nos próximos lotes da água de coco”, explica a empresa.

Continua depois da publicidade

Ao declarar que a água de coco é um produto 0% gordura e colesterol temos a intenção de informar ao consumidor os benefícios desta bebida. Como manda a legislação, inclusive com o tamanho de fonte recomendado,  afirmamos na embalagem que esta é uma característica inerente ao produto.

A Ducoco afirmou que seu produto é “natural, não existe manipulação, ou seja: não adicionamos e nem retiramos sódio ou potássio. Apesar das variações do fruto, trabalhamos sempre de acordo com a legislação”.

A empresa afirma ainda que seus produtos são aprovados pelo FDA (Food and Drugs Administration), possuem as certificações ISO 14001, ISO 9001, ISO 22.000, FSSC 22.000 e selo Kosher, além da certificação Rainforest Alliance, que visa a promoção e o incentivo do manejo florestal e agrícola ambientalmente corretos e economicamente viáveis.

Continua depois da publicidade

A PepsiCo, responsável pela marca Kero Coco, diz que “segue todas as diretrizes e regulamentações exigidas pelos órgãos de fiscalização no Brasil, bem como assegura a qualidade dos processos adotados na produção”. 

A água de coco Obrigado informou ao InfoMoney que “segue a legislação e todas as regras de segurança na fabricação de seus produtos”. Quanto aos dados apontados pela Proteste, a marca afirma que a informação sobre a data de fabricação, apesar de não ser legalmente necessária, já está em análise para que seja
implementada em seus produtos.

“Sobre as instruções do modo de conservação, a marca deixa claro no rótulo que após aberto, o produto deve ser consumido em até três dias, e deve ser conservado na temperatura de 1°C a 8°C, observando o prazo de validade impresso na embalagem. A informação será complementada com os possíveis riscos à saúde nos próximos lotes da água de coco”, acrescenta a empresa, em nota.

A Coco do Vale informou ao InfoMoney apenas que já enviou uma nota ao Proteste e a marca Obrigada não respondeu o contato até o momento.