5G: colaboração entre empresas na busca por soluções ao consumidor é atalho competitivo, dizem executivos

Tecnologia dependerá de infraestrutura para suportar e apoiar um novo volume de dados

Giovanna Sutto

(PIXABAY E MONTAGEM IM)

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O 5G abriu um leque de oportunidades às operadoras de telefonia, as responsáveis por levar aos consumidores o sinal ultraveloz de internet. Mas também gerou concorrência, um desafio que embaralha as perspectivas do negócio.

“O 5G é uma rede que vai englobar metaverso, e coisas que ainda nem conhecemos. As operadoras vão fornecer o sinal, mas é preciso muito mais que isso”, disse Rodrigo Dienstmann, presidente da Ericsson na América do Sul, durante painel do Futurecom, evento de tecnologia realizado na capital paulista nesta semana.

Diante da competição por um “lugar ao sol” neste amplo mercado, as operadoras de telefonia decidiram agir. Alexandre Gomes, diretor de Marketing da Claro, afirma que seu “mapa de competidores, de fato, aumentou”.

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“Nosso core é telecom, mas a gente vem trabalhando em portfólio de soluções digitais. Parte dele desenvolvemos internamente, outra fatia buscamos em parcerias e alianças. Entendemos que queremos ser provedores de serviços digitais”, explicou Gomes ao InfoMoney.

Ainda para Gomes, o 5G força um olhar “para dentro do ecossistema do nosso cliente e dos parceiros dele”. E completa: “esse é o papel do habilitador e são as novas habilidades e competências que estamos buscando aprimorar. Ao fazer isso, com certeza, esbarramos no espaço de alguma outra empresa, da mesma maneira que elas ocupam nosso espaço.”

Nesse sentido, a Claro diz apostar em parcerias. Um exemplo é um robô AGV (veículo autoguiado), operado com o 5G da Claro na fábrica da Nestlé, em Caçapava (SP). O robô move peças e busca aumentar a produtividade, a eficiência e a autonomia dos colaboradores. Resultados desses testes serão divulgados em breve pela empresa.

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“Opero como habilitador: não forneço o robô, e a Nestlé é uma empresa de bens de consumo, mas eu garanto o sinal 5G para que o robô opere de forma rápida e com baixa latência”, afirma Gomes.

A colaboração é vista como crucial para o desenvolvimento do 5G, diz Debora Bortolasi, diretora de Operações Comerciais B2B da Vivo. “A transformação digital da companhia é necessária com a conectividade como base, mas também construindo um ecossistema integrado para proporcionar novos serviços aos clientes”.

Bortolasi acredita que o 5G deve mudar a maneira como nos relacionamos e como empresas em geral se posicionam. “A integração vai ser fundamental. É o momento de trabalhar junto e entender as melhores práticas”.

A Vivo fez um projeto com a mineradora Vale numa de suas minas, em Carajás, no Pará, automatizando uma frota de caminhões para a circulação em espaços de difícil acesso, com o objetivo de tirar funcionários dessas áreas e tornar a movimentação no local mais sustentável.

“O 5G será um sistema operacional global onde empresas vão se unir a operadoras para oferecer novos recursos, capacidades, soluções, produtos e serviços”, projeta Rodrigo Dienstmann, da Ericsson.

Desafios

Clayton Cruz, presidente para América Latina e Caribe da Amdocs, empresa especializada em software e serviços, ressalta que as maiores oportunidades de negócios do 5G estão no fornecimento da tecnologia às empresas.

No entanto, segundo Cruz, os desafios recaem na infraestrutura.

“Toda a infraestrutura de tecnologia da informação, da segurança e de softwares no país ainda é hospedada em 3G ou 4G. Todas essas fatias da indústria também precisam se automatizar e modernizar para que seja possível entregar serviços e produtos com agilidade no âmbito do 5G”, explica.

“O 5G vem sendo discutido com inúmeras aplicações: para o setor de varejo, realidade virtual e realidade aumentada. Mas não podemos esquecer da necessidade de infraestrutura para suportar e apoiar a cobertura diante de um novo volume de dados também”, acrescenta Debora Bortolasi, da Vivo.

Segundo Bortolasi, esse ecossistema integrado pode fazer com que uma câmera em uma fábrica analise uma imagem, como um funcionário fazendo uso de um equipamento de segurança mal encaixado, processe automaticamente uma resposta e faça um alerta, por exemplo.

“Estamos em um cenário de experimentação. Precisamos aproveitar o momento para testar e ir nos desenvolvendo enquanto indústria para superar todos os desafios”, finaliza a executiva da Vivo.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.