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No mundo multipolar, Brasil precisa ser pragmático e se relacionar com todas as potências

Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faap, afirma que instabilidade cresce em períodos nos quais nações mais poderosas disputam hegemonia
Por  Um Brasil -
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Caracterizado pela existência de três ou mais potências, o mundo multipolar é instável e inseguro, uma vez que propicia a possibilidade de conflito entre os países que, na busca por hegemonia, desejam se impor sobre os outros.

Neste contexto, nações fora desta disputa, como o Brasil, podem ajudar a escrever as novas definições da ordem internacional. Contudo, para se inserir de forma relevante no cenário global, é preciso ser pragmático na condução da política externa.

Isso é o que diz Fernanda Magnotta, professora e coordenadora do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em entrevista ao Canal UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.

Na avaliação de Fernanda, a conjuntura atual é desafiadora, tendo em vista que Estados Unidos, China, Rússia e União Europeia dividem o protagonismo, em termos de poder, em todo o planeta.

“Historicamente, os momentos de maior conflito, inclusive das guerras mundiais, foram aqueles em que prevalecia a multipolaridade”, frisa. “A multipolaridade é o ambiente mais convidativo para o conflito entre potências”, reforça.

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A especialista em Relações Internacionais explica que quando há duas potências no mundo, ambas, ainda que tentem ampliar suas zonas de influência, se anulam, por receio de desencadear um processo de destruição mútua. Em outra situação, na qual somente um país dá as cartas, os demais temem confrontar a superpotência, em razão da disparidade das condições econômica, tecnológica e militar.

Por outro lado, o mundo multipolar, como o atual, se apresenta como a forma de distribuição de poder mais incerta e perigosa.

“É o modelo mais instável, porque temos três ou mais países mais ou menos do mesmo porte. Nenhum deles é forte o suficiente para se impor sobre os demais, não existe equilíbrio gerado pela possibilidade de uma destruição mútua assegurada e, na prática, todos querem, em algum momento, conseguir se sobrepor para estabelecer um modelo hegemônico que lhes convenha”, resume.

Deste modo, Fernanda ressalta que, como as potências querem aumentar suas capacidades, cria-se um ambiente de tensão e de possíveis enfrentamentos concretos – em alguns casos, indiretos, como a guerra na Ucrânia.

“É um conflito que põe em xeque a ordem internacional como um todo, o conjunto de valores, princípios e estruturas que estavam organizando e definindo os padrões dentro do sistema”, pontua.

O Brasil no mundo multipolar

De acordo com a professora, como não há um sistema imposto por uma nação em posição soberana em relação às demais, o contexto de multipolaridade força a revisão das estruturas internacionais, inclusive abrindo espaço para economias emergentes.

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“É possível participar da elaboração das regras. Então, o Brasil poderia pleitear e ambicionar ter lugar na mesa de negociação para redesenhar esta ordem”, sinaliza.

No entanto, especialmente em conjunturas como a atual, Fernanda aponta que o País deveria adotar uma política externa com foco na eficiência e na redução de riscos.

“O Brasil precisaria assumir um olhar de política externa muito pragmático, porque o risco é apostar todas as fichas numa mesma cesta, apegar-se a um ator e ignorar a existência dos outros. O mundo é instável, então, é preciso manter relacionamentos com vários atores ao mesmo tempo, e não apostar todas as fichas em um único aliado”, afirma.

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