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Negócios pioneiros em ESG têm mais a ganhar no mercado financeiro

Carolina da Costa, sócia da Mauá Capital, indica que, assim como a URV antecedeu o real, acrônimo de práticas sustentáveis deve deixar de existir quando tais atividades se tornarem regra
Por  Um Brasil
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

As empresas que saírem na frente no que diz respeito a práticas de preservação do meio ambiente, inclusão social e governança – condensadas na sigla ESG – poderão aproveitar diversos produtos financeiros que o mercado começa a disponibilizar em condições mais atrativas do que as dos tradicionais.

Além disso, a bandeira sustentável tende a se tornar regra, de modo que os investidores já demonstram preferir direcionar recursos a negócios comprometidos com esta agenda.

É o que diz Carolina da Costa, sócia da Mauá Capital para ESG e Novos Negócios, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da Fecomercio-SP.

De acordo com Carolina, o mercado financeiro já se movimenta com a intenção de valorizar e financiar empresas empenhadas com a pauta ESG. Desta forma, instituições financeiras têm lançado produtos específicos, conhecidos como “finanças verdes”.

“A economia verde vem antes das finanças verdes. Então, primeiro, preciso criar um modelo econômico no qual os incentivos estejam alinhados na direção de impactos benéficos para o meio ambiente”, explica Carolina. “As finanças verdes vêm como um instrumental a serviço deste objetivo”, acrescenta.

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Também integrante do Comitê ESG da FecomercioSP, Carolina afirma que alocar capital em projetos comprometidos com a agenda ambiental, social e de governança se tornará, em breve, uma decisão com base na racionalidade econômica.

“Pensando puramente do ponto de vista racional, principalmente se for um investidor de médio e longo prazos – e não um investidor oportunista –, ele vai querer olhar para aquilo que parece ser a tendência do mundo”, salienta.

“Então, neste sentido, as empresas que forem pioneiras vão atrair um capital mais interessante pelo fato de estarem alinhadas a essa agenda. Daqui a um tempo, entendo que isso será o modus operandi do mercado. Ninguém vai ser irracional a ponto de fazer uma aposta pesada naquilo que a gente sabe que está fadado a deixar de ser o modelo principal de produção”, destaca.

Além disso, Carolina indica que, com a regularidade e a propagação das práticas ESG, o acrônimo tende a se tornar obsoleto.

Daqui a um tempo, entendo que a agenda ESG será o modus operandi do mercado.”

“O termo ESG, para mim, é equivalente ao indexador criado quando mudamos para o real: a URV [Unidade Real de Valor]. É uma maneira de dizer como o mercado vai funcionar daqui para a frente”, aponta Carolina.

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“A ideia é que esse termo deixe de existir e simplesmente tenhamos um amadurecimento das visões de negócio para isso ser parte inerente das construções de instâncias de governança, de como meço, como empresa, o meu retorno à sociedade”, complementa.

Ademais, a executiva argumenta que gestores, CEOs e conselhos de administração que ignorarem as iniciativas ESG, sob o pretexto de valorizar o retorno do acionista, na prática, comprometerão a agenda de longo prazo da empresa.

“É muito ruim ter de mudar porque você foi repreendido. Faço analogia com a educação: é melhor você proativamente buscar a mudança do que tomar uma bronca”, reflete.

“Quem serão as empresas que vão esperar por uma bronca e quem serão as que proativamente vão ajudar a educar para os novos padrões cívicos de atuação?”, questiona.

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