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Exercício automático de opções sobre ações: o que muda na prática?

Alteração permitirá ao titular exercer o direito de comprar ou vender um ativo sem que tenha que manifestar sua intenção
Por  Um Brasil -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

* por Cristiano de Souza Corrêa

O mercado de opções no Brasil ainda conta com poucos participantes. De acordo com a pesquisa A Descoberta da Bolsa pelo Investidor Brasileiro, divulgada em dezembro de 2020 pela B3, apenas 80 mil investidores pessoas físicas mantinham investimentos em opções. Seja por sua volatilidade, seja pela dificuldade de compreensão racional por trás das operações, o fato é que poucos se arriscam – por medo (e com toda razão) ou, principalmente, por causa da avidez da volatilidade.

Não é muito difícil que determinados ativos possam variar mais de 300% em um único dia. Não nos esqueçamos que a variação pode ser tanto positiva quanto negativa. Nem pense em entrar neste mercado se você não conhece ou não estudou para tal. Diferentemente do segmento de ações, em que o risco está limitado ao valor do capital investido, em determinadas situações, uma opção sobre ação pode ter risco infinito e o obrigar a sair do mercado antes mesmo de concluir a primeira operação.

Em geral, o mercado de derivativos tem como principal objetivo a garantia de preços em um determinado ativo, ou seja, se quero comprar ou vender determinado ativo, é possível o travamento do preço. No mercado de opções, ele pode ser utilizado em estratégias de alavancagem ou até proteção aos investimentos em ações, por exemplo.

Mas, afinal, o que muda? Em novembro de 2019, a B3 iniciou a operacionalização do projeto do exercício automático de opções sobre ações, Units e ETFs. Esta alteração permitirá ao titular de uma opção exercer o direito de comprar ou vender um ativo sem que tenha que manifestar sua intenção. Até então, os contratos de opções tinham vencimento na terceira segunda-feira de cada mês, e, de certa forma, um fim de semana no meio do vencimento do contrato gerava algum tipo de assimetria, uma vez que o último dia de exercício da opção era na sexta-feira anterior.

Na prática, ocorria o seguinte: uma operação como a borboleta, que tem uma combinação de opções compradas e vendidas com diferença de R$ 1 em três preços de exercícios (strike) diferentes, oferece potencial teórico de retorno limitado ao valor desta diferença. Ocorre, porém, que raramente é possível a maximização do resultado, visto que existe entre o último dia de negociação e o vencimento da opção um fim de semana em que tudo pode acontecer, ou seja, como não há negociação no dia do vencimento, essas opções ainda permaneciam com algum valor residual.

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O exercício automático já é realizado pela maioria das bolsas mundiais e trará alguns benefícios que vão desde a possibilidade de negociar o ativo no dia do seu vencimento até a adoção do contrary exercise, que permitirá o comando de não exercício para opções ITM ou a opção do exercício para as opções ATM e OTM. A B3 foi cuidadosa ao não permitir que séries se misturassem e tivessem características diferentes. Logo, desde 21 de maio de 2021, todas as séries têm vencimentos (abertas a partir de dezembro de 2019) na terceira sexta-feira de cada mês.

Outro ponto importante está relacionado ao custo operacional. Atualmente, como o exercício é manual (ou programado, porém, imputado manualmente), as corretoras cobram valores muito acima do convencional, uma vez que há um serviço adicional prestado no comando do exercício (ou não) da opção. Assim, é esperado que, uma vez que o exercício será automático por parte da B3, o custo para exercer seja equivalente ao de uma operação regular.

Sem dúvida alguma, o exercício automático trará maior liquidez, auxiliará na mitigação dos riscos de um processo, hoje, manual e reduzirá os custos operacionais, além de alinhar a B3 às principais práticas das bolsas internacionais.

* Cristiano de Souza Corrêa é mestre em Controladoria e Finanças e coordenador do curso de Administração do Ibmec São Paulo.

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