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Brasil perde prestígio internacional com atual política externa

Diplomata Sérgio Amaral avalia que País não têm propostas para grandes temas globais, colocando-se à margem das decisões multilaterais
Por  Um Brasil -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

A atual política externa brasileira – marcada, até pouco tempo, por alinhamento aos Estados Unidos governado por Donald Trump, críticas à China e descaso com compromissos multilaterais, como a pauta ambiental – “não reflete os interesses nacionais” nem as “grandes transformações que estão ocorrendo no mundo”, de acordo com o diplomata Sérgio Amaral.

Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Amaral, que foi embaixador do Brasil em Washington de 2016 a 2019, diz que deveria ocorrer uma mudança de rumo, porque o País tem perdido prestígio internacional.

“Se, antes, era um país ativo, à frente das grandes causas mundiais, hoje, está à margem. Não participa das negociações sobre as questões climáticas ou das negociações empresariais sobre novas regras e padrões. Uma coisa é estar presente na OMC [Organização Mundial do Comércio] e na ONU [Organização das Nações Unidas]. Outra é [ter] iniciativa”, salienta o diplomata.

“Qual é a proposta brasileira sobre a questão ambiental? Qual é a proposta brasileira para a revisão da OMC? Quais são as posições do Brasil sobre os grandes temas internacionais? Eu não conheço, não foram publicadas. Possivelmente, nem existem”, complementa.

Segundo Amaral, a atual condução do Itamaraty tornou o Brasil “caudatário” na agenda internacional. Ele defende que o País tome “suas decisões em função dos próprios interesses, não de outros países”.

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“O que acontece é que os interesses permanentes do País estão sendo deixados no plano secundário, para refletir os interesses de um governo ou partido específico”, resume.

O diplomata também afirma que políticas negacionistas, como as relacionas à pandemia e às mudanças climáticas, prejudicam a imagem do País mundo afora.

“A diplomacia é feita também, e cada vez mais, de imagens. As imagens de respeito pelo Brasil, da dignidade do País e da confiabilidade das suas posições e de suas políticas. A ideia de continuidade não existe mais. (…) A minha avaliação da [atual] política externa é negativa. Acho que, se trouxe, os resultados são pequenos, e os custos, muito elevados”, afirma.

Especificamente sobre a relação com os Estados Unidos sob a presidência de Joe Biden, Amaral indica que o Brasil, se quiser manter os laços “antigos, tradicionais e fortes”, precisa rever a política ambiental.

“Se o Brasil se ajustar, como espero que o faça, acredito que as relações serão boas. Se o Brasil não se ajustar, sobretudo em relação à questão da Amazônia e do desmatamento, é possível que esta relação, ainda que se faça com o pano de fundo de laços econômicos muito importantes, seja marcada por momentos de tensão”, alerta.

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