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Quem é quem no mercado de opções?

Entenda de uma vez por todas o papel de cada participante no universo dos derivativos
Por  Fernando Kling
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Ninguém investe em opções.

“Como assim, Fernando?”, você pode estar se perguntando. O fato é que, até agora, não definimos o que é uma opção.

Essa definição é importante para o que vem a seguir, além de ser crucial para que você entenda o título e o propósito deste artigo e suas consequências.

A definição formal de “opção” é um instrumento, ou melhor, um contrato de direitos e obrigações. Essa é a definição mais genérica que podemos dar.

Inclusive, ela é meio difícil de compreender, admito. Como assim direitos e obrigações? Quem tem os direitos e quem tem as obrigações?

Quem tem o direito, tem o direito de que, exatamente? E quem é obrigado, é obrigado a fazer o que, na prática?

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A maioria das pessoas falha em trazer esses conceitos para o mundo real. Se você não entende a aplicabilidade, como vai conseguir executar as estratégias e, finalmente, ganhar dinheiro com isso, que, no fim das contas, é o que realmente importa? Vamos lá que é para isso que estamos aqui.

Em vez de falarmos em “contratos de direitos e obrigações”, vamos entender as opções, a partir de agora, como ferramentas de transferência de risco. Isso mesmo. Grave isso, meu caro leitor: opções são ferramentas de transferência de risco.

Basicamente, existem duas categorias, dois papeis principais que alguém pode assumir no mercado de opções: o de quem está comprando e o de quem está vendendo. Quem está comprando uma opção está sempre pagando para se livrar de risco, ao passo que quem está vendendo opções está recebendo para assumir (ou correr) riscos.

Sendo assim, os vendedores de opções têm sempre a obrigação de alguma coisa, ao passo que os compradores têm sempre o direito de alguma coisa. Daí que vem os “direitos e obrigações” da definição original.

Essa “alguma coisa” vai ser definida pelo tipo de opção negociada entre as partes. Existem dois tipos de opções: as de compra (CALLs) e as de venda (PUTs), cada uma trazendo consigo um tipo diferente de par direito/obrigação.

Para facilitar a vida do leitor, compilei essa dinâmica nos quatro cenários possíveis (você pode ser comprador ou vendedor, ou de call ou de put, não levando em consideração aqui operações mais complexas onde trabalhamos em várias pontas com opções de tipos distintos) no diagrama a seguir:

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Onde:

1 – Paga o prêmio* e tem o direito de comprar o ativo, pelo preço do strike, na data do exercício
2 – Recebe o prêmio e tem a obrigação de vender o ativo, pelo preço do strike, na data do exercício
3 – Paga o prêmio e tem o direito de vender o ativo, pelo preço do strike, na data do exercício
4 – Recebe o prêmio e tem a obrigação de comprar o ativo, pelo preço do strike, na data do exercício

O leitor atento já se ligou no detalhe, com certeza. Por que ninguém investe em opções? Simplesmente porque opções são contratos, e todo contrato tem uma validade, um vencimento, ou seja, uma data na qual ele expira ou, melhor ainda, deixa de valer.

Uma opção, na data de exercício (vencimento), só tem duas possibilidades: ou vira a ação (comprada ou vendida, a depender do tipo da opção negociada), ou vira pó (deixa de existir, sem valor algum).

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Sendo assim, opções são ferramentas especulativas, nunca de investimento, pois a própria ideia de acumular opções não existe, uma vez que a maioria das opções tende a virar pó, diferente do que acontece com ações, imóveis, entre outros ativos.

O primeiro passo para ser um operador lucrativo no mundo das opções é ter o entendimento completo desse diagrama e dos quatro papéis principais que podem ser assumidos nesse mercado. Uma vez entendido isso, você estará apto a capturar distorções e oportunidades dos mais diversos tipos e começará a sempre se perguntar: “como posso me beneficiar disso usando as opções?”.

Daí para frente é um caminho sem volta no qual você se tornará, a cada dia que passa, um investidor ainda mais sofisticado, com um arsenal cada vez maior de ferramentas para lidar com esse mercado financeiro cada dia mais dinâmico e complexo.

* Prêmio nada mais é do que o valor da opção, o preço que o comprador vai pagar e o vendedor vai receber por negociar aquele derivativo

Fernando Kling Fernando Kling é produtor de conteúdo na Clear Corretora. Começou no mercado financeiro em 2013. É formado em Ciência da Computação pela UFRJ, com mestrado em Engenharia de Software pela mesma faculdade e MBA em Finanças e Análise de Ações

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