Opinião: Devemos operar no day trade considerando as notícias do dia?

Esse é um assunto polêmico e que divide opiniões entre os traders e investidores. TODOS que fazem day trade DEVEM olhar o calendário econômico do dia para ficar atento aos momentos de indicadores importantes e que podem aumentar a volatilidade dos minicontratos.

Porém, existe uma diferença entre saber o que tem de indicador no dia e operar esses indicadores ou notícias. Quantas vezes você viu o resultado do balanço de um papel que saiu com tudo positivo e que, depois, esse mesmo papel caiu o dia todo?

Eu já vi várias vezes e me perguntava o porquê deste movimento. A minha lógica é a seguinte: quem estava comprado e viu o balanço de acordo com o esperado resolveu realizar suas posições. Ou quem estava esperando números melhores resolveu vender suas posições. Ou ainda, os grafistas viram no gráfico o sinal de venda e venderam para ganhar na queda.

De acordo com a Teoria de Dow, os preços descontam tudo. Ou seja, analisar o gráfico é suficiente para tomar suas decisões sem ter que analisar e operar notícias.

Um exemplo disso é o “Moro Day”. Se você opera há mais tempo, provavelmente se lembra do dia em que o mini-índice chegou a cair 9,5% e fechou com queda de 3,46% por conta da saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça. Por isso, esse dia ficou conhecido como “Moro Day” no mercado.

Nesse dia, eu estava na sala ao vivo onde passo calls de day trade. Olhando o gráfico Diário, a análise era: Rompeu o topo anterior de 87.500 pontos e estava consolidado entre: 88.400 e 94.000. No dia 23/04/2020, testou o topo da consolidação e esperávamos um teste no fundo da lateralização. Logo, já estávamos esperando por uma queda naquele dia, independente de qualquer motivo.

Naquele dia, estava prevista uma entrevista coletiva do então ministro Sergio Moro para às 11h. Mas não sabíamos o que esperar daquela fala. O dia tinha começado com um GAP de baixa e, até então, continuava trabalhando no mesmo range (patamar de preço). Eram 10h24 e comentei que estava parecendo que o mini-índice poderia romper a lateralização do dia e que poderia ser uma venda em 77.970 pontos, mas não passei o call pois queria esperar o rompimento.

Por volta das 10h30 aconteceu o rompimento do fundo anterior e eu passei o call de venda.

Logo depois, os veículos de notícias começaram a adiantar que a coletiva seria para anunciar a saída de Moro do governo, e o mini índice acelerou a venda confirmando o rompimento desse fundo.

Gosto de alongar as operações e usar o trailing stop para saída final, que nada mais é do que mover seu stop a favor da sua operação até que o movimento mostre que perdeu a força. Então fui descendo o stop enquanto o preço continuava caindo.

Naquele dia aconteceu um movimento totalmente atípico por conta da notícia. O mini-índice inclusive entrou em leilão por conta de toda a queda brusca em curto período. E depois que voltou do leilão, conseguimos encerrar essa operação no 73.700, com 3.980 pontos de gain.

Meu objetivo neste artigo não é mostrar o resultado do meu call. Mas explicar que SIM, somente analisando o gráfico é possível ter boas oportunidades independente de qualquer notícia ou indicador (se você quiser conferir a análise, o vídeo está disponível no meu canal do YouTube).

Sabemos que, desde antes das eleições, estamos vivendo dias de indecisão, de insegurança e seguimos aguardando definições do novo governo para os próximos anos. Mas e o gráfico?

Ele nos mostra exatamente isso. De julho até outubro, fez um bom movimento de alta, e de outubro até agora, um movimento de baixa, mas ainda não rompeu o fundo anterior 109.000 pontos: então consideramos como lateralização.

Do dia 10/11 até hoje (estou escrevendo no dia 27/11) segue consolidado. Ou seja, estamos aguardando um rompimento que trará movimentos fortes para algum lado: acima de 114.300 ou abaixo de 108.300.

Pode ser que esse rompimento aconteça quando sair alguma notícia muito importante. E o essencial é não operar o que você ACHA que vai acontecer, e sim, o que o gráfico está te mostrando, como fizemos no dia do “Moro Day”.