Onde estão as armadilhas do mercado financeiro

Já escrevi em outros artigos sobre as oportunidades que o mercado financeiro nos oferece – e elas são muitas. Mas ele também tem suas armadilhas.

Existe o mercado financeiro e existe o investidor, ambos querem ganhar. Os dois querem chegar ao final do dia com lucro, com dinheiro em caixa, com suas metas batidas. Sendo assim, a todo momento, cada um está puxando as oportunidades para o seu lado.

O mercado é imenso e o investidor individual é uma pequena peça desse tabuleiro, com o grande desafio de se destacar e conseguir bons resultados. Para isso, não podemos cair nas armadilhas do mercado.

E como não cair nas armadilhas do mercado?

O primeiro passo é entender e eliminar os maiores erros.

Em minha experiência de mais de 15 anos de mercado financeiro, consegui identificar muitos erros presentes frequentemente nas vidas dos operadores. Como orientador de uma grande roda de pregão ao vivo, classifiquei os erros em três categorias, para que cada um possa avaliar sua vulnerabilidade dentro de cada uma delas.

As categorias são: Técnica, Atitude e Relacionamento.

A categoria “Técnica” consiste no quanto de autonomia você tem para decidir suas operações. A “Atitude” é o quanto você tem de confiança, disciplina e determinação. E a “Relacionamento” mede como é seu relacionamento com o mercado, se é para vida toda ou para um momento.

Vou listar aqui alguns dos erros que identifico com mais frequência no dia a dia dos operadores de mercado:

TÉCNICA: não saber a hora de entrar; não saber que o mais difícil é identificar a hora de sair; não identificar suas dificuldades técnicas; não se autoavaliar; não obedecer ao Setup; não fechar operação; confundir Day Trade com Scalping; não saber se está no começo, meio ou fim do movimento; não procurar a tendência imediatíssima do preço; desconfiar da tendência imediatíssima; não saber entrar no embalo do fluxo.

ATITUDE: não saber quando parar; não respeitar o funcionamento do mercado (como “segunda de manhã, final do dia é hora de perdedor”, feriado nos Estados Unidos, operar em dezembro); não identificar a exaustão; operar muitas horas por dia; ficar sozinho no mercado; não organizar a vida como um atleta de ponta; estudar uma coisa e fazer outra; ter falta de paciência e ansiedade; não criar confiança; não criar autonomia.

RELACIONAMENTO: não ter planejamento a longo prazo; não ter estratégia a partir de seu perfil de investidor; ficar perdido no mercado procurando inúmeras possibilidades sem focar; não ter plano de desenvolvimento; ser “estagiário do mercado” e nunca se profissionalizar.

Os erros listados acima são muito comuns e frequentes, conforme comentei. No entanto, considerando a intensidade de viver de mercado, da tensão em operar, em lidar com seu próprio capital, a ansiedade e pressão psicológica, a tendência do operador de se fechar em casa, sem compartilhar ou ter com quem dividir seus erros, discutir, aprender, do quanto escuto relatos de operadores que estão em sofrimento, perdendo dinheiro, escondendo sentimentos e erros, tristes e encurralados, sem forças para se recuperarem, de ter uma atitude que faça diferença em suas vidas…

Diante desse cenário, hoje posso dizer, com toda a certeza do mundo, que um dos maiores erros é ficar sozinho no mercado.

Ficar sozinho no Mercado Financeiro é se afogar na imensa onda de armadilhas!

Uma das coisas mais incríveis que vi na minha vida foram as ondas gigantes de Nazaré, vila localizada ao norte de Lisboa. Nazaré recebe as ondulações gigantes geradas nas tempestades do oceano Atlântico. Apaixonado e praticante do surfe, não poderia deixar de conhecer esse lugar. Lá, anualmente ocorre o campeonato mundial de ondas gigantes, que tive a oportunidade de assistir.

Cada surfista, para enfrentar a imensidão das ondas, conta com uma equipe também imensa. Ele vai entrar na onda sozinho, é claro. Mas, para enfrentar o mar, ele precisa da ajuda de outras pessoas.

Conto essa passagem por acreditar que o Mercado Financeiro é como uma onda de Nazaré: imensa, forte, cheia de oportunidades e belezas, mas repleta de armadilhas e desafios. Da mesma forma que os grandes nomes do surfe não estão sozinhos, nós, no mercado financeiro, não podemos cometer esse erro.

Estar junto com pessoas que possuem o mesmo objetivo, que tenham conhecimento, que possam compartilhar e contribuir faz toda a diferença para ter um relacionamento saudável com o mercado. Considere saudável sendo: corpo, alma, mente e bolso!

Parafraseando Aristóteles, o homem é um ser social. Assim em sociedade, o homem poderá realizar a sua potência mais elevada.

Espero que esse artigo seja um convite a todos os investidores a terem um relacionamento saudável com o mercado.

Vamos juntos!