O trader e a intuição

É um perigo agir intuitivamente, porque este processo nos leva a desconsiderar informações importantes para uma boa tomada de decisão
Por  Danuza Machado -
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No último dia 30 de agosto, participei de um evento em que estava presente Daniel Kahneman, psicólogo ganhador do prêmio Nobel em Economia por sua pesquisa sobre o comportamento nos mercados. Um dos focos de sua palestra foram os algoritmos que, segundo ele, poderão ser até melhores que CEOs nas tomadas de decisão.

Muito atenta e de olhos (e ouvidos) bem abertos, buscava compreender a importância do discurso para a prática de traders e investidores, já que a tomada de decisão também é uma constante em nosso trabalho.

Ainda é estranho, para mim, aceitar que o homem que cria os algoritmos o faz com maior precisão que o próprio criador. Mas, há lógica por trás disso. Vamos pensar…

Hoje, por exemplo, enquanto tomava o café da manhã, assistia ao noticiário que narrava o crescimento da instalação de portarias eletrônicas em São Paulo. Além de reduzirem o custo do condomínio em até 30%, elas ainda melhoram a prevenção de furtos e assaltos.

Ainda segundo o noticiário, há câmeras apontadas para as diversas áreas do condomínio que identificam, constantemente, padrões de comportamentos, baseados em algoritmos. Qualquer ocorrência atípica dispara um alerta à cabine de controle que, pasmem, fica há metros ou quilômetros de distância do local vigiado.

Por isso que os algoritmos são tão precisos: são feitos para identificar aquilo que não é comum, aquilo que foge ao padrão (ou seja, vieses).

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Vamos tentar fazer disso um aprendizado aplicado ao comportamento do trader nas negociações.

Tenho observado em meus alunos que muitos prejuízos são causados por aversão a perdas ou excesso de autoconfiança. Tais comportamentos se manifestam devido a crença de que é possível prever o que acontecerá após entrar em uma negociação. É como ter certeza do resultado.

Chamaremos isto de “intuição”, que é acreditar que se sabe algo sem pensar como se sabe isso. É um perigo agir intuitivamente, porque este processo nos leva a desconsiderar informações importantes para uma boa tomada de decisão.

A intuição pode ser um viés que um algoritmo poderia identificar, caso estivesse programado para isso. Isso porque, provavelmente, o trader agindo sob a ótica da intuição fugiria do padrão previamente identificado de comportamento.

Confira algumas sugestões para inibir a intuição em suas negociações:

– Atrase a intuição, busque entender e compreender a razão de sua ação, identificando de qual informação ela deu origem;

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– Planeje suas ações fora das negociações (principalmente para o Day Trader), faça processos e escolhas, pense e considere tudo lentamente antes de apertar o botão.

E, ainda assim, garante que você poderá ter tomado a decisão errada, mas que ela não vai comprometer seu patrimônio em hipótese alguma.

Outra sugestão: a Clear possui um Personal Trader que poderá te ajudar nesse processo, o AIA (Assistente de Inteligência Artificial)

Danuza Machado Psicóloga há 25 anos e trader há quase 10 anos. Já trabalhou como Oficial Psicóloga nas Forças Armadas no Controle Emocional para Pilotos do Exército Brasileiro, também como facilitadora no processo de Desenvolvimento de Comportamentos Empreendedores para Empresários no SEBRAE-SP

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