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Quinta-feira, 9h35.
Sentado em frente ao seu notebook, Lineu ajusta seus óculos e olha novamente para tela. Os gráficos estão totalmente sem lógica. Ele decide logo pelo setup do café, levantando e indo até a cozinha abastecer sua xícara. Na volta, percebe uma mensagem em seu celular. É John: “Cara, não sei o que fazer mais. Acabei de ter o terceiro dia de limite loss, isso tem me feito perder o sono de noite”.
“Como assim?”, perguntou Lineu. “Não sei explicar. Mas preciso esfriar a cabeça. Vamos marcar um happy hour mais tarde?”, respondeu John. “Claro, John. Vou chamar a Beti também”, finalizou Lineu.
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De noite, John foi o primeiro a chegar. Estava apreensivo com a situação e necessitava desabafar. Instantes depois chegou Beti, que tem um consultório a duas quadras do bar. Já Lineu se atrasou 15 minutos, pois precisou fechar sua loja.
Todos pediram suas bebidas e aperitivos enquanto John começava a explicar sua situação: “Não acompanhei o mercado hoje, e nos últimos três dias de pregão tudo deu errado. Em dois dias, saí no limite de perda diário e, no último dia operando, foi pior.”
John respirou profundamente, e continuou: “Resolvi recuperar as perdas dos últimos dias nesse último operado, mas não consegui. A minha conta bancária ficou pior. Devolvi ganhos de alguns meses, zerando meu saldo anual positivo. Estava confiante com os ganhos consistentes nos últimos pregões. Mas, agora, talvez a melhor opção seja abandonar o trade e voltar a focar nos sistemas de dados que eu estava fazendo”.
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Lineu, o mais experiente no mercado de capitais, disse ao amigo: “Eu te conheço há algum tempo para saber de seu temperamento calmo e disciplinado. Então quantos meses exatamente você perdeu no último dia de pregão?”
“Cerca de cinco meses de ganhos”, respondeu, abatido, John.
Então Lineu falou: “É amigo, essa quantidade caracteriza um valor considerável na sua conta, correto? Você compreende que esse dia de fúria pode ter tirado do mercado de renda variável?”. Com vergonha, John acenou com a cabeça que sim.
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Então Beti, percebendo o clima de dor em John, decidiu falar: “Dois meses atrás, quando comecei a operar na física, uma das coisas que vocês me ensinaram foi alocar pouco dinheiro na corretora que opero. Você estava seguindo essa regra?”
“Talvez hoje eu compreenda melhor a importância disso. Eu estava com vários dias de consistência nos ganhos e não efetuei saques diários”, disse John.
Lineu, inconformado com o erro do colega, gesticulou negativamente com a cabeça e complementou: “O mercado de renda variável é caótico. Por isso, os erros que podemos evitar são cruciais para nossa permanência no ramo. Você teve sorte, pois zerou o saldo do ano e conseguiu se manter com o capital inicial. John, é importante você enxergar a soberba devido seu bom momento anterior”.
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Beti, muito atenta a toda essa situação e muito sentida pelo amigo, resolveu ajudar: “Todos nós estamos sujeitos a cometer esse tipo de erro. Você disse que está cogitando abandonar o mercado de renda variável. Mas percebo que você está um pouco nervoso e triste com a situação. Não seria melhor você refletir sobre os erros, considerar os conselhos do Lineu e só depois decidir se irá continuar ou não com o mercado? Lembrando que você devolveu o saldo do ano, mas, conseguiu manter o capital inicialmente disponível para essa atividade”.
John, sem saber o que dizer, toma mais um gole de sua cerveja e respira fundo, pensativo.