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Ambiente macroeconômico do Brasil tem se mostrado mais favorável aos juros do que ao câmbio

Para os próximos dias, vale acompanhar como irá evoluir não só o nosso mercado doméstico, como também a nossa “matriz” (Wall Street) à medida em que nos aproximamos da realização do Fórum Econômico de Jackson Hole
Por  Leo Nonato -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O ambiente macroeconômico doméstico – e em alguma medida o externo também – tem se mostrado relativamente favorável aos mercados de juros e de câmbio, mas mais ao primeiro do que ao segundo.

No primeiro caso, isso tem se traduzido em uma capacidade maior, e mais tranquila, do Tesouro Nacional rolar suas dívidas. Os leilões de NTN-B, de LTN, e de NTN-F, realizados nesta semana e que carregam um componente de risco direcional grande para o mercado, podem
ser considerados muito bons. Vale recapitular.

No dia 16, o Tesouro ofertou ao mercado NTN-Bs com vencimentos em 2027, 2035 e 2060, em um total de R$ 11,2 bilhões. O mercado assimilou integralmente os títulos (foi o maior leilão deste tipo neste ano) com taxas que vieram dentro do consenso (o preço esperado pelo
mercado quando envia as propostas ao Tesouro).

A NTN-B 2027 saiu a 5,6680%, praticamente 40 basis points abaixo do leilão anterior, do começo do mês. A 2035, saiu a 5,8198%, também praticamente 40 basis abaixo do leilão anterior. E a 2060 saiu a 5,9064%, 38 basis points abaixo do leilão anterior. Para se ter uma comparação, neste mesmo dia o Tesouro ofertou (e vendeu) R$ 7 bilhões em LFTs (pós fixados, Selic) com vencimento em março de 2028, na mesma taxa, praticamente, do leilão anterior.

No dia 18, foi a vez dos prefixados. O Tesouro ofertou praticamente R$ 600 milhões em NTN-Fs com vencimento em janeiro de 2029 e janeiro de 2033. O leilão foi menor que o anterior, do dia 11, mas quase três vezes maior que o primeiro do mês, do dia 4 de agosto, e saiu bem-comportado. Colocou a janeiro de 2029 a 12,0185% de taxa (praticamente 45 basis abaixo do anterior) e a janeiro de 2033 a 12,1569% (cerca de 10 basis abaixo do leilão anterior). Mas, apesar de parecer um leilão menor, e pior, as taxas nestes leilões tem caído desde o leilão de 21 de julho (ao redor de 160 basis em ambos os títulos).

Também foram ofertadas LTNs, com o mercado assimilando os R$ 16,1 bilhões do leilão (maior volume do ano) em taxas bem-comportadas, ligeiramente abaixo do leilão da semana anterior.

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Já no dólar, o que se observa é uma certa estabilidade ao redor do patamar de fechamento do mês passado.

No começo do mês, houve um clima mais tenso, com fluxos mais desfavoráveis que acabaram por levar o dólar futuro para perto dos 5.400 (passou em 3 de agosto a 5.327,63 de ajuste).

Mas a divulgação de um IPCA de julho em linha com as expectativas do mercado, mostrando deflação e promessa de deflação também para o mês de agosto, uma comunicação do Banco Central mais tranquila a respeito dos próximos passos de política monetária à luz do quadro de inflação e atividade doméstica atual (e as defasagens de tempo até que esta política monetária faça seu efeito completo), e ainda sob a influência de um número de inflação americana benéfico no curto prazo (zerado), possibilitaram um quadro de melhora posterior que acabou levando a moeda americana a ser novamente cotada perto dos R$ 5,00.

Nos últimos seis pregões, no entanto, o fluxo tem sido mais desfavorável, talvez pela percepção por parte do investidor estrangeiro de que à luz da grande melhora recente no pré (DI Futuro), na Bolsa (Ibovespa, PETR, bancos e algumas smalls) e do próprio dólar (cujo contrato futuro serve de hedge para o “gringo”) isso tenha servido como estimulado para certo profit taking e uma busca por proteção maior. Isso saberemos avaliar melhor nos próximos dias.

O fato é que estamos agora nos aproximando do momento das eleições presidenciais de 2022, a cada dia, a cada pregão. Normalmente, neste período do ano e em um ano eleitoral tão importante quanto este, seria natural observamos certa reticência por parte do investidor em se tomar risco, buscando maior proteção, reduzindo o giro financeiro dos mercados e até mesmo ocasionando certo aumento de volatilidade.

Olhando nossos mercados hoje, podemos arriscar dizer que tal postura ainda não é percebida pois estamos vendo mercados com bom price action, bem comportados, à luz deste tipo de incerteza.

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Para os próximos dias, vale acompanhar como irá evoluir não só o nosso mercado doméstico, como também a nossa “matriz” (Wall Street) à medida em que nos aproximamos da realização do Fórum Econômico de Jackson Hole a ser realizado entre os dias 25 a 27 de agosto, quando os mercados ficam na expectativa por mais indicações a respeito dos próximos passos de política monetária do Federal Reserve e demais economias desenvolvidas.

Obrigado pela atenção e até logo!

Leo Nonato Trader, diariamente avalia dados como fluxo cambial estrangeiro, calendários de pagamento de Bond, comunicações do banco central, inflação, dados macro econômicos e leilões do tesouro nacional, sempre buscando variáveis do que podem ser drivers catalizadores de bons movimentos no mercado de dólar futuro

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