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Empresas na Bolsa: comprando mais do que apenas ações

Desvendando a essência de uma empresa para investimentos mais informados e seguros
Por  Tiago Reis -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

A compra de uma casa é, para muitos, uma decisão de vida repleta de pesquisas meticulosas e avaliações cuidadosas. Surpreendentemente, esse nível de atenção raramente é aplicado quando compramos ações. Tal descuido pode ser comparado a investir em um imóvel sem uma prévia inspeção, confiando apenas na sorte.

Ao adquirir uma ação, não estamos apostando em um jogo de azar, mas nos tornando coproprietários de uma entidade viva – uma empresa com seus ativos, operações e capital humano. Devemos, portanto, cultivar um senso de propriedade e responsabilidade para com nossos investimentos, assim como faríamos com nossa residência.

O clássico de investimentos “The Investment Checklist”, escrito pelo renomado Michael Shearn, nos fornece uma lista de perguntas perspicazes para nos ajudar a entender melhor uma empresa. Embora a lista seja longa, com mais de 50 questões, vamos abordar uma delas hoje: “Você é capaz de descrever a empresa com suas próprias palavras?”

Para responder a essa pergunta, Shearn recomenda estudar o relatório anual da empresa – o Formulário de Referência. No Brasil, é possível encontrar esse documento no site de relações com investidores da empresa ou no site da CVM. Esse relatório é uma mina de ouro de informações sobre a empresa, sendo que o item 7, “Atividades do Emissor”, oferece um excelente ponto de partida para conhecer a empresa.

Depois de analisar esse item, Shearn sugere que resumamos o que aprendemos, como se estivéssemos explicando para um amigo que não tem conhecimento prévio sobre a empresa. Esse exercício simples, mas poderoso, permite que absorvamos e retenhamos o conhecimento de maneira eficaz, já que ensinar é uma das melhores estratégias de aprendizado.

As informações que devem ser resumidas podem incluir o número de unidades em operação da empresa, as regiões em que atua, a receita total do último ano fiscal, os segmentos de receita e sua distribuição percentual, o número de funcionários, clientes e fornecedores, o canal de distribuição dos produtos e serviços, e muito mais.

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Após essa exploração inicial, o site da empresa oferece uma percepção mais visual do produto e serviço, complementando nosso entendimento básico da empresa. No entanto, essa é apenas a ponta do iceberg. A jornada para entender completamente uma empresa é longa e intrincada e inclui outras questões do checklist de Shearn, como avaliar a competência da gestão, os riscos, as vantagens competitivas, as expectativas futuras, os resultados financeiros e muito mais.

Não ter acesso a essas informações nos torna incapazes de avaliar o valor justo de uma empresa, assim como é difícil avaliar o preço de uma casa sem considerar sua localização, qualidade e vizinhança. O tempo necessário para realizar uma análise tão completa varia de pessoa para pessoa, dependendo da complexidade do negócio.

Pegando emprestadas as palavras de Peter Lynch: “Entenda o que você possui e saiba a razão de possuí-las”.

Tiago Reis Fundador da Suno Research e presidente do Conselho do Grupo Suno. Formado em Administração de Empresas pela FGV, trabalha no mercado de capitais e com análise de investimentos desde 2007. Foi sócio-fundador da Set Investimentos

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