Fechar Ads

Um grande risco aos bancos está prestes a ser eliminado, mas qual será o maior beneficiário?

Após 24 anos de disputa, acordo sobre planos econômicos deve ser fechado em R$ 10 bilhões - e animou o setor bancário 
Por  Lara Rizério
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Após 24 anos de uma batalha jurídica que parecia não ter fim, a questão sobre a indenização que será paga aos clientes pelas perdas acarretadas com os planos econômicos nas décadas de 1980 e 1990 (mais precisamente Bresser, Verão, Collor I e Collor II) parece estar próxima de um desfecho. E, se por um lado, o valor das indenizações desanimou os poupadores, por outro, animou as ações do setor bancário, que subiram na véspera. 

Afinal, as notícias que saíram são de que a indenização pesará um pouco mais de R$ 10 bilhões no bolso dos bancos em 1 milhão de ações judiciais. Isso é considerado um troco perto do que já foi estimado nesses anos em que o pleito ganhou destaque. A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), por exemplo, já chegou a citar a necessidade de desembolso de até R$ 341 bilhões, o que inviabilizaria totalmente a operação – e representaria um grande risco até mesmo para a saúde financeira de muitos bancos. 

Por isso, o montante de R$ 10 bilhões foi tão bem recebido pelo mercado. Conforme destaca o Citi, se aprovado, o acordo vai estabelecer um precedente que vai encerrar todos os casos coletivos (e potenciais casos individuais) considerando esta questão. 

O acordo busca ajustar o balanço das contas poupança durante cada plano econômico pelo IPCA, mas contemplando um haircut de 40% sobre o valor da compensação.

“Neste cenário, os bancos já estão provisionados para os R$10 bilhões, embora as provisões para este caso específico não esteja divulgada. Banco do Brasil tem R$ 4,5 bilhões em provisões para estas reivindicações, enquanto Bradesco, Itaú e Santander possuem R$ 5,2 bilhões, R$ 5,3 bilhões e R$ 2,2 bilhões para reivindicações civis gerais, respectivamente”, aponta o analista do Citi, Jörg Friedemann.

Receba os “Insights do Dia” direto no seu e-mail! Clique aqui e inscreva-se.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem terá maior alívio?
Mas qual será o banco que terá mais alívio com o acordo sobre os planos econômicos? Friedemann avalia que o nível de depósitos em poupança detidos no momento de cada plano econômico é uma aproximação razoável da exposição à
disputa legal. “Assim, os bancos estatais devem se beneficiar mais do que os bancos privados dado que eles historicamente carregam maior exposição às contas poupança”, afirma o analista.

Em dezembro de 1995, o Banco do Brasil (BBAS3) possuía 23,7% dos depósitos em poupança no sistema brasileiro, enquanto o Bradesco (BBDC4) possuía 17,7%. Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) possuíam 15,1% e 7,3%, respectivamente (o cálculo inclui instituições financeiras fundidas com os bancos mencionados ao longo dos anos).

Desta forma, o Citi vê os quatro bancos citados como bem provisionados para o acordo, se este realmente for o número final. Mas, dada a exposição passada, o Banco do Brasil possui o maior potencial de se beneficiar de uma reversão de provisionamento. O analista ressalta que tentou contatar os bancos, mas não houve informações adicionais.

De qualquer forma, a pressão sobre a indústria bancária deve se encerrar, aponta o Citi. Assim, avalia, uma vez aprovado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o acordo elimina um substancial risco sistêmico que pesou sobre o setor ao longo da última década. Agora, vale ficar de olho nos acontecimentos da semana que vem: é quando a minuta do acordo deverá ser enviada à Corte, que dará a palavra final.

 Gostou desta análise? Clique aqui e receba-as direto em seu e-mail!

Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

Compartilhe

Mais de Thiago Salomão

Thiago Salomão

Os 6 rounds do histórico embate entre Marcio Appel e Rogério Xavier

De um lado, a gestora que teve uma das ascensões mais meteóricas da história do mercado brasileiro; do outro, uma gestora de 8 anos de história que de tanto sucesso teve que "se internacionalizar"; com princípios tão diferentes e opiniões distintas de investimento, os fundadores da Adam Capital e da SPX reforçaram uma lição valiosa para o público: não existe uma fórmula mágica de sucesso no mercado, muito menos "certo" ou "errado"