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Tesouro colocará no mercado R$ 3,5 bi em ações do BB: como isso impactará os papéis do banco?

Ação registra queda em meio à notícia mas, olhando para os fundamentos, os analistas seguem otimistas com o papel
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Na última sexta-feira, uma notícia que já era esperada há mais ou menos um ano finalmente foi confirmada: o Fundo Soberano anunciou que venderá as suas ações do Banco do Brasil (BBAS3).

Essa medida era estudada desde 2016 e resultará na venda de ações do banco ao longo de até 24 meses, em uma transação que pode render cerca de R$ 3,5 bilhões em valores atuais. O volume de ações detidas pelo fundo soberano equivale a 3,67% do capital banco, ou 105.024.600 papéis. A venda será feita por meio da BB DTVM, subsidiária do BB e gestora do Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE), cujo único cotista é o Fundo Soberano do Brasil.

Essa notícia levou os papéis do banco a caírem 2,51%, a R$ 32,28, nesta sessão e a se descolarem do dia de leve alta do restante das ações do setor bancário, em meio às expectativas de maior número de papéis disponíveis no mercado em meio à venda determinada pelo Tesouro (apesar das vendas serem distribuídas ao longo do tempo para ter impacto neutro no mercado). 

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Vale destacar que as ações do banco vinham em uma toada positiva e acumulam alta superior a 16% neste ano em meio à perspectiva de recuperação de rentabilidade e de aproximação com os grandes bancos privados, além de contar com uma perspectiva mais positiva para o setor com a recuperação econômica brasileira. A ação BBAS3, inclusive, segue na carteira do InfoMoney para maio, com participação de 12,7% (veja mais aqui). 

Mas agora, com essa notícia, o que esperar para as ações do Banco do Brasil? Os analistas do Bradesco BBI apontam que, se a venda utilizar todo o período de 24 meses, o fundo usaria 3% do ADTV (volume de negociação médio diário) para zerar a posição. Ou, considerando o ADTV dos últimos três meses, esse montante representaria cerca de 15 dias de negociação. 

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Os analistas do Bradesco BBI ressaltam ainda que há algum debate no mercado se o governo pode querer sair mais rápido do que em 24 meses, dadas as suas necessidades no lado fiscal. O Tesouro pretende aproveitar a receita dessa venda para garantir o cumprimento das metas fiscais de 2017 a 2019. A saída total já em 2017 significaria que o fundo soberano exigiria cerca de 9% do ADTV.   

Essa medida pode trazer pressão sobre o papel, o que é marginalmente negativo, conforme aponta o Credit Suisse. As ações negociadas no free float (ações em circulação no mercado) podem subir de 42,8% para 46,5%.

Além disso, o Bradesco BBI destaca um outro ponto: em 2016, na época das primeiras notícias sobre a venda de ações do BB pelo Fundo Soberano, os jornais relataram em diversas ocasiões que o FGTS tentaria vender suas ações (uma participação de 2,4% ou cerca de 69 milhões de ações), e ainda não está claro como/se este acionista vai sair da sua posição. Assim, o que permanece incerto é como/se o FGTS tentará vender suas ações. 

Porém, apesar da notícia marginalmente negativa, os analistas do Credit Suisse permanecem otimistas com o papel devido ao valor atrativo e o bom momento para os resultados diante da melhora do retorno sobre patrimônio líquido. A recomendação do banco suíço para os ativos BBAS3 é outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 39,00. (Para ver mais análises sobre o Banco do Brasil, clique aqui. )

O Itaú BBA também segue com recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 36,50, mas apontam: deve ocorrer alguma volatilidade nas ações da companhia em decorrência desse fato relevante. A mesma recomendação outperform é feita pelo Bradesco BBI, com preço-alvo de R$ 39,00. 

Desta forma, as expectativas dos analistas para as ações do Banco do Brasil seguem positivas por conta da boa melhora dos fundamentos, apesar dessa notícia negativa. Contudo, os analistas seguem na expectativa por mais volatilidade dos papéis em meio à notícia. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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