Queridinha das seguradoras pode sofrer grande revés com decisão da Caixa – mas “jogo” apenas começou
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SÃO PAULO – Pouco mais de um ano e meio negociando na bolsa, a Wiz (WIZS3) virou uma das queridinhas do mercado no mercado de seguros. A companhia vem apresentando bons números e, no primeiro trimestre, seu resultado foi bastante forte, com o lucro vindo 20% acima do esperado pelo banco suíço Credit Suisse, enquanto quase todas as linhas de receita tiveram forte crescimento e vieram acima do esperado.
Já os dados divulgados pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) em referência ao mês de abril mostraram números robustos para a companhia, com destaque para os aumentos dos prêmios de vida, seguro de crédito e seguro hipotecário. No início do mês, o Bradesco BBI destacou que a Wiz seguia como o único call positivo do banco no setor de seguros, pois continuava atuando no lado das vendas e não está exposta a cortes de taxas de juros. Porém, um dos grandes trunfos da companhia – o monopólio do canal de vendas de seguros da Caixa Econômica Federal – pode estar ameaçado.
Na última sexta-feira (9), a coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, noticiou que a Caixa Econômica Federal rejeitou a nova proposta da sócia francesa CNP Assurances para renovar de forma antecipada o contrato de exclusividade pelo seu balcão de seguros e decidiu fatiar os negócios – o que pode ter um forte impacto para a Wiz.
Hoje a Wiz é corretora exclusiva da Caixa Seguradora nas agências do banco, mas pode atuar livremente no mercado. A companhia, antiga Par Corretora, tem como principais acionista a Fenae (Federação dos Funcionários da Caixa), a Caixa Seguradora e a GP Investments.
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De acordo com a reportagem do Estadão, a Caixa pode agora começar a negociar o direito exclusivo de vender seguros aos seus clientes por segmento. “A intenção desta estratégia é maximizar o valor obtido nas negociações, em relação à alternativa de ter um único contrato que inclua todos os tipos de apólices de seguro, que é o modelo adotado com a CNP atualmente”.
Além disso, a sócia poderá ter direito de preferência em determinados ramos, com exceção do seguro habitacional, que deve ler leiloado ao mercado.
“Este tipo de fluxo de notícias tende a pesar negativamente sobre o preço WIZS3”, destacaram os analistas do Itaú BBA. E, realmente, o efeito foi sentido, com os papéis fechando em queda de 6,16% no dia da notícia (9 de junho) e acumula baixa superior a 8% em três sessões.
Contudo, o Itaú BBA segue com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os papéis. Eles apontam que, apesar da notícia, continuam acreditando que a Wiz continuará sendo a corretora exclusiva no que diz respeito às vendas de seguros realizadas na rede de agências da Caixa, mesmo em um cenário em que o banco estabeleça relações com outros subscritores.
Um gestor ouvido pelo InfoMoney apontou ainda que continua gostando da companhia e aponta que a rejeição da Caixa à proposta de R$ 6 bilhões da CNP é parte do processo de negociação já esperado, por onde ambas as partes estão tendo maximizar seu valor. Esse processo de negociação pode continuar até 2021, quando vence o contrato.
Para o gestor, os cenários estão em aberto, mas a substituição da Caixa Seguros como seguradora é muito complexa e cara, e isso contará na decisão final da Caixa Econômica Federal. “A CNP, por outro lado, está claramente interessada na renovação”, afirma.
Desta forma, ainda há muito o que ser discutido – e, possivelmente, haverá barulho no curto prazo até que um acordo seja atingido, diz o gestor. Porém, aponta, a Wiz está muito bem posicionada nesse cenário e tem se tornado uma peça cada vez mais estratégica e relevante do “ecossistema” da Caixa.
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