NO AR: Por Dentro do Resultado da Azul (AZUL4): saiba os detalhes dos resultados da empresa em entrevista com CFO

Por Dentro do Resultado da Azul (AZUL4): saiba os detalhes dos resultados da empresa em entrevista com CFO

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Analistas têm uma certeza sobre “passado” da Ambev – mas divergem bastante sobre futuro da companhia

Empresa deve reportar um balanço fraco do segundo trimestre, apontam analistas; porém, segundo o Bradesco BBI, pode ser o último deles, enquanto BofA e BTG ainda veem desafios pela frente
Por  Lara Rizério
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SÃO PAULO – A temporada de resultados, que ganha forças nesta semana, costuma gerar grandes oportunidades aos investidores, que buscam se antecipar aos números a serem revelados pelas companhias (tanto para o bem quanto para o mal) e, desta forma, montarem suas posições nos papéis. 

Porém, também há aqueles resultados que não saltam aos olhos num primeiro momento – ou seja, que são considerados pelo mercado como um não-evento. Esse é o caso que muitos analistas de mercado estão atribuindo à sempre “queridinha” dos investidores do longo prazo, a Ambev (ABEV3), que divulgará seus números do segundo trimestre na próxima quinta-feira (27), antes da abertura do mercado. Grande parte das casas de análise vê um balanço pouco inspirador para a companhia, após um primeiro trimestre também fraco, mas que apontou para alguma recuperação.

O BTG Pactual, por exemplo, espera uma queda de 4% na base anual nos volumes da indústria de cerveja, com o segmento no Brasil ficando estável na mesma base (dada a participação de mercado maior). Além disso, as vendas consolidadas devem somar R$ 10,5 bilhões, uma alta de apenas 1% na comparação com igual período do ano passado.

Por outro lado, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) deve registrar queda para R$ 3,9 bilhões – ou 7%. Mais uma vez, ele será impactado pela operação fraca no Brasil, que deve obter um Ebitda de R$ 2,2 bilhões, ou 11% menor na comparação com abril a junho de 2016. 

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“A tendência do volume da indústria de cerveja brasileira continua negativa, o que é apenas parcialmente compensado pela maior participação de mercado da Ambev, enquanto o poder de preços continua mais fraco devido ao ‘carregamento negativo’ frente às promoções do ano passado”, afirmam os analistas Thiago Duarte e Vito Ferreira. Assim, eles continuam vendo preços médios bem abaixo da inflação – outro importante indicador de capacidade de crescimento com rentabilidade.

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Um cenário parecido é traçado pelos analistas Isabella Simonato e Fernando Olvera, do Bank of America Merrill Lynch, que veem um Ebitda total ainda mais baixo (de R$ 3,7 bilhões) e uma desaceleração do ganho de participação no mercado, um dos catalisadores para a ação pós-balanço do primeiro trimestre.

Desta forma, ambos os bancos sinalizam um ambiente negativo para a companhia no segundo trimestre, com desaceleração do market share, preços baixos e, consequentemente, queda das margens de rentabilidade. Como apontou o BTG, no caso brasileiro, o cenário é “estruturalmente desafiador” – e o preço é a chave para a melhora. 

Se de um lado, a base de comparação baixa com os outros balanços deve garantir melhores margens nos próximos trimestres, os analistas apontam cautela uma vez que as margens devem permanecer em uma espiral negativa, refletindo menores incentivos fiscais e fraco crescimento do volume de negócios, diz o BTG. “Estamos, portanto, interessados em ver o que a maior participação de mercado da Ambev significará em termos de ‘opções construtivas’ sobre preços nos trimestres à frente, com o objetivo, em última análise, de garantir o retorno em aumento ótimo de participação/ volume / preço”, apontam Duarte e Ferreira.

O último resultado fraco?

Enquanto as análises destacadas acima apontam para um cenário desanimador para o resultado, há quem o veja como “um copo meio cheio”: esse ainda não será o trimestre da Ambev brilhar – mas encerrará uma sequência de dados fracos. É o que aponta o Bradesco BBI. Para os analistas, o Ebitda deve cair (2%, menos do que as estimativas dos outros bancos), também em meio ao crescimento do CPV (Custo dos Produtos Vendidos) em 4% na base anual e a manutenção da receita por hectolitro (100 litros). 

Porém, para um prazo mais longo – ou para quem tiver um pouco mais de paciência para esperar – a Ambev se apresenta novamente como uma oportunidade, segundo o Bradesco BBI. Isso porque, segundo a equipe de análise, a companhia deve ver seu Ebitda crescer em 20% nos próximos doze meses, com início no terceiro trimestre de 2017.

Além disso, o lucro por ação esperado para 2018 é 7% maior que o consenso de mercado, em meio a fatores de alívios de custo. De acordo com Gabriel Lima e Ricardo França, o mercado ainda não incorpora o alívio com relação ao CPV que deve ocorrer nos próximos 18 meses: “uma deflação de 5% deve acontecer no segundo semestre de 2017 e um pequeno aumento de 2% em 2018”. Essa expansão de apenas 2% no ano que vem seria o maior alívio de custos em dez anos, em meio à combinação de um real mais forte e um preço menor de commodities (cevada e milho). 

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O Bradesco BBI ainda aponta para a normalização das margens, atualmente em 46% e que devem voltar à média de dez anos de 50%. Para 2018, a margem Ebitda projetada é de 47,5%. Outro ponto abordado é o aumento de preços (questão já discutida acima em meio às perspectivas desanimadoras sobre o papel). De acordo com os analistas, a Ambev deve implementar um aumento de preços antes que o normal neste ano.

Conforme apontam os analistas, a companhia geralmente ajusta seus preços no final do terceiro trimestre. No entanto, dado o ambiente competitivo de 2016 (em que a companhia enfrentou uma guerra de preços com a Brasil Kirin, posteriormente vendida para a Heineken; veja mais clicando aqui), a Ambev aumentou seus preços apenas em outubro de 2016. “Neste ano, esperamos o aumento dos preços já em agosto, dado: i) um mercado competitivo mais favorável; ii) a recuperação da inflação e iii) objetivo de recuperar margem”, afirmam. 

Diferentes visões

As diferentes visões sobre a companhia ficam patentes quando se olha para as recomendações dos papéis. O BofA mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 19,30; o BTG também possui recomendação neutra com preço-alvo de R$ 17,78, apontando não ver espaço para valorização dos ativos ao olhar para os múltiplos de preço sobre lucro. 

Por outro lado, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra para os ativos com preço-alvo de R$ 23,00. Lembrando que a Ambev vem tipicamente sendo um porto seguro do mercado em tempos de incerteza doméstica e volatilidade, os analistas reforçam que a Ambev continua oferecendo um retorno total atrativo, apesar do valuation elevado. “A ação é especialmente boa para os investidores com perfil defensivo, em função de: i) resiliência dos resultados; ii) política de dividendos (payout de 100%) e iii) condutores de crescimento levando a uma expansão de pelo menos 10% do lucro por ação nos próximos três anos”, afirmam os analistas, que reforçam o papel ABEV3 como o preferido no ramo de bebidas.

Eles também destacam as estratégias de longo prazo da companhia. As duas principais estratégias são: i) implementar garrafas retornáveis de 300ml e ii) melhorar serviços e recuperar participação de mercado. “Avaliamos que garrafas retornáveis de 300ml continuam subestimadas pelo mercado, que parece não ter reconhecido que tal artigo já representa 30% das vendas do mercado e deve alcançar 50% em três anos”, afirmam, destacando que esta é uma mudança de jogo para a indústria cervejeira, com um desconto de 25% para as latas de alumínio, e ainda oferecem melhores margens e maior Ebitda por hectolitro. “Competidores não puderam seguir a Ambev com as garrafas retornáveis de 300 ml e a diferença de preço das latas de alumínio devem ser reduzidas no futuro”, aponta o Bradesco BBI.

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Segundo os analistas do banco, a Ambev vem tipicamente sendo um porto seguro do mercado em tempos de incerteza domésticas e volatilidade. “Apesar de valuation elevado, a companhia continua oferecendo um retorno total atrativo e é uma ação especialmente boa para investidores com perfil defensivo, em função i) da resiliência de resultados; ii) política de dividendos (payout de 100%) e iii) de condutores de crescimento levando a uma expansão de pelo menos 10% do lucro por ação nos próximos três anos”, destacam eles. 

Quem estará certo sobre a Ambev? O próximo dia 27 pode dar bastante indicações sobre o assunto. Apesar de todos apontarem para balanços fracos, a tendência sobre o balanço pode ser reveladora sobre o futuro da companhia. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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