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Terraço Econômico | Por Leonardo de Siqueira Lima
Eu me preocupo com os ricos! E muito!
Mas por quê? Porque eu faço parte deste grupo? Não, não faço…
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Porque recebi dinheiro da família Rothschild para escrever isso? Não, infelizmente não…
É bem verdade que os ricos não precisam de minha preocupação. Na verdade os ricos não precisam da preocupação de ninguém, porque, em tempos de crise, eles são o grupo que mais possuem recursos para se adaptar às novas realidades.
Por exemplo, se existe inflação, ele compra suas roupas quando for à Nova York.
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Ou então se o preço dos celulares subiram ele pede pro amigo trazer um Iphone de Miami. E consegue, ainda que não totalmente, driblar um pouco esse obstáculo.
Quando a economia está em recessão, ele deixa de trocar o carro no ano, coloca menos capital em investimentos. E para aqueles que tem empresas que não estão indo bem financeiramente, ele corta alguns postos de trabalho para tentar colocar as contas no azul. Em último caso, ele pode vender a sua empresa e vai pros Estados Unidos viver de renda ou começar um negócio na Terra do Tio Sam.
No caso da vida cotidiana, se a violência dispara ele vai morar em um condomínio mais seguro. Coloca câmera em sua casa. Ou muda para Europa.
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Se o problema é o governo que não cumpre o papel da saúde, ele paga um convênio médico. Ou se as escolas públicas vão mal ele coloca os filhos em uma escolar particular.
Não que seja indolor para esse grupo, mas eles são as pessoas que mais possuem mais recursos para se adaptar às mudanças.
Mas então por que eu me preocupo com os ricos?
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A nossa intuição nos diz que, em muitos casos, quando alguém está ganhando alguma coisa necessariamente alguém está perdendo. O mundo dos esportes nos doutrinou a pensar dessa maneira, como acontece em um jogo de futebol, uma partida de tênis ou mesmo em uma partida de pôquer: se alguém ganhou é porque alguém perdeu. A isso podemos chamar de “jogo de soma zero” ou se preferirem no mundo da biologia chamamos isso de “competição” ou até mesmo “predatismo”.
Mas a nossa intuição nem sempre está correta e no mundo da economia não é exagero dizer que os “jogos de soma zero” são a excessão e não a regra. Aqueles que começam a estudar as relações econômicas de mercado percebem que estas relações são definidas muito mais por “jogos de ganha-ganha” do que por “jogos de soma zero”. Em biologia esse tipo de relação é conhecido como “mutualismo” e ocorre quando ambas as partes se beneficiam de uma relação.

Relação clássica de mutualismo. Garças se alimentando dos parasitas dos Búfalos
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É por isso que nesse jogo de mutualismo das relações econômicas, eu digo que na verdade eu me preocupo com os ricos porque a minha grande preocupação é com os pobres.
Este grupo sim precisa de nossa preocupação, pois em meio à crise não possuem recursos suficientes para se adaptarem às dificuldades.
Por exemplo, se há inflação a classe mais baixa não tem como fugir dela, sente no dia a dia a perda do poder de compra no seu salário, abrindo mão do seu já baixo padrão de consumo.
Se o país está em crise é ele quem tem grandes chances de perder o emprego ou de receber férias coletivas forçadas.
Se há um surto de violência, eles provavelmente não terão como escapar dela.
Se a saúde ou a escola tem a qualidade duvidosa, não resta alternativa senão aceitar esse sistema ineficiente.
O fato é que eu me preocupo com os ricos porque engana-se quem acha que para tornar os pobres mais fortes devemos enfraquecer os ricos.
Essa é a lógica equivocada de algumas ideologias de esquerda. E se mostrou comprovadamente, em qualquer lugar do mundo que se olhe, errônea. É simples: “Não ajudarás os pobres se arruinares os ricos. Não criarás prosperidade se desestimulares a poupança. Não fortalecerás os fracos, por enfraquecer os fortes. Não ajudarás o assalariado se arruinares aquele que paga. Não estimularás a fraternidade humana, se alimentares o ódio de classes”.
Por isso quando digo que me preocupo com os ricos, digo na verdade que minha preocupação é com suas empresas. Uma empresa forte, vigorosa e que esteja crescendo precisa de mão de obra para fabricar os seus produtos e portanto acaba por gerar empregos diretamente! E pra quem? Para toda a população!
Para transportar o seu produto utiliza a logística do país, para vender utiliza as redes de supermercado, e para promover utiliza meios de comunicação gerando não só os empregos diretos mas empregos indiretos também.
Oras, e se o empresário aceitou o risco de empreender, se ele é pagador de impostos, gera empregos, nada mais justo do que seja remunerado por isso e muito bem, diga-se de passagem.
Além disso, aqueles que condenam o lucro deveriam saber que empresas sólidas pagam impostos. E com qual objetivo? Pra que o governo possa investir em hospitais, em escolas e em policiamento. Saúde, educação e segurança, que beneficiam as classes mais baixas da população.
É por isso que quanto mais forte for o setor produtivo, mais forte os trabalhadores desse país serão. Em outras palavras, quanto mais forte as empresas de um país, mais forte os donos dessas empresas e mais forte a classe trabalhadora também.
Sendo assim muito mais eficiente do que fixar um salário para os trabalhadores através da “caneta” é ver um mercado competitivo funcionando com empresas disputando funcionários e sendo obrigado a pagar salários altíssimos para reter os talentos. É ver empresas se expandindo e contratando trabalhadores desesperadamente para suprir a necessidade de mão de obra.
Por isso quando defendemos sistemas como capitalismo ou que incentivam o setor produtivo não significa que estamos procupados em deixar os ricos mais ricos (como se houvesse algum problema nisso), mas estamos pensando na população como um todo.
Ou seja, devemos buscar empresas e empresários fortes para que a classe a população toda e principalmente a classe mais baixa seja beneficiada! Ao contrário do que muitos pensam não será atacando empresas e empresários que criaremos um Brasil próspero!
Sem empresários, sem empresas. Sem empresas, sem geração de empregos. Sem empregos…
Portanto, se quisermos uma classe trabalhadora forte, deixem os empresários fazerem seus negócios!
PS: Importante salientar que abomino essa divisão entre ricos x pobres, negros x brancos etc. Como se o mundo fosse um grande luta de classes e algo binário entre 0 ou 1 em que ou se está em um grupo ou se está em outro. Mais ainda, como se houvesse uma faixa de renda que separasse a população dizendo “esses merecem a preocupação das pessoas, esses não”. Mas, pelo momento, vou me utilizar dessa licença poética.

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