Aroldo Schultz, de office-boy a CEO: você ainda vai ouvir falar dele

Meio Silvio Santos, meio Pedro Bial, o dono do maior grupo de turismo do Sul do País, Aroldo Schultz, solta o verbo nesta entrevista exclusiva. Polêmico e contraditório, este gigante gentil de quase dois metros de altura e língua afiada, não tem medo de encarar gigantes do setor."Há uma conspiração para acabar com os agentes de turismo. Não votei na Dilma. Não tenho estomago para política. Nunca pedi empréstimo em banco, invisto capital próprio. Se não trabalhasse com turismo queria ser militar e tentar dar um jeito no País".
Por  Paulo Panayotis
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

 Já conhecia Gramado e Canela, na região serrana do Rio Grande do Sul. Região aliás, com fortes traços culturais europeus. Aceitei o convite para a cobertura da IX Convenção Schultz, em Gramado. Afinal, além do local ser extremamente turístico, tinha curiosidade para conhecer este grupo que já vem causando alvoroço no setor de turismo desde sua fundação, há quase três décadas.

O Ser humano por trás da internet

Dono de forte personalidade e atitudes que oscilam entre a extrema esquerda e pensamentos declaradamente de extrema direita, Aroldo Eitel Schultz, curitibano, 46 anos e quase dois metros de altura, impressiona à primeira vista. Impressiona também a segunda, terceira, quarta vistas. ?“Nunca esquecemos o ser humano por trás do negócio”, dispara ele numa tarde ensolarada de março, na Serra Gaúcha. “Sem o atendimento compromissado, sério, feito pelos agentes de viagem, não há crescimento sustentado, contínuo, duradouro”, conclui este “pequeno gigante” do turismo.“A prova disto é que nossa empresa nunca fechou no vermelho desde sua fundação”, completa ele.

Um gigante gentil

Controverso e altamente focado em seus objetivos, Schultz garante que “se não trabalhasse em turismo teria seguido a carreira militar, para colocar um pouco de ordem nesta bagunça”. ?Alguns o chamam de Aroldo, outros de seu Aroldo, a maioria de Schultz. De um temperamento ímpar, voluntarioso e, muitas vezes, impulsivo, este gigante de modos gentis e atitudes dignas de sua estatura física , impõe respeito antes mesmo de chegar perto de alguém.??

De office-boy a CEO

“Nasci moleque livre correndo pelas chácaras da periferia de Curitiba, no Paraná. Quando garoto, jogava bola, estudava um pouco e brincava muito com os moleques de minha idade. Tive uma boa infância.”? Uma de suas queixas, que Schultz não deixa claro, é não ter feito um curso superior. ?“Tive que trabalhar cedo. Aos dezesseis anos consegui uma chance de substituir um office boy por 15 dias em uma empresa de turismo. Entrei na área e não sai nunca mais. Foi meio sem querer, nem sabia direito o que faria. Só sabia mesmo que tinha nascido com o instinto de vendedor.”

Sem hesitar

Aroldo Eitel Schultz me recebeu para uma entrevista exclusiva antes do que seria, segundo ele, sua primeira coletiva de imprensa. Simples como se ainda fosse um office boy, mas determinado como CEO da Schultz, o maior grupo de turismo da região Sul do País, o gigante gentil falou um pouco sobre tudo com brilho nos olhos azuis durante os quase 58 minutos que durou a entrevista. Casado, pai de duas adolescentes, ele, como um militar exemplar, não hesita em responder nenhuma das perguntas. Chego a conclusão de que ele teria se dado bem em qualquer carreira, inclusive a militar.??

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“Há uma conspiração para acabar com os agentes de viagem”

Pode repetir a afirmação, peço. “ Há uma conspiração para acabar com os agentes de viagem no Brasil” repete ele sem alterar o tom de voz. “Vou explicar. Fundos de pensão, a mídia paga e outros grandes grupos de investidores querem que todos passem a comprar passagens de avião, excursões, enfim, férias, diretamente da internet. Querem acabar com a categoria dos agentes de viagem, pois assim não terão mais que pagar comissão para as agências e consequentemente lucrarão mais. Já briguei com muita gente do setor, inclusive com companhias aéreas, que aceitaram esta política descompromissada com o ser humano. Não aceito isso. Falo mesmo porque é o que sinto”, dispara.

Meio SBT meio Globo

Meio estilo Silvio Santos, meio Pedro Bial, Schultz domina a plateia por onde passa. Em meio a apresentação de um aplicativo inovador, para quase 700 agentes de viagem, representates de empresas, profissionais de turismo e jornalistas de mais de 180 cidades do Brasil e exterior, Schultz percebe que os ouvintes não estão exatamente prestando atenção. ?Ele pega o microfone e exclama em alto e tonitruante som? “puta que o pariu, vocês perceberam a força que esta ferramenta pode representar como apoio de vendas para vocês?”  Imediatamente, como atraídos por um imã gigante, todos voltam a prestar atenção. Surpreso, penso comigo mesmo: não foi exatamente uma ordem de tropa: “sentido”, mas funcionou… e como.??

A força de uma paixão

– Você tem noção da força que exerce sob seus comandados? A exclusiva já estava quase terminando. “Não vejo desta forma. Vejo, de fato, como uma maneira de ajudar as pessoas a ganhar dinheiro, e claro, de fazer as empresas crescerem, inclusive a minha. ?A Schultz tem hoje cerca de 270 funcionários diretos, mas trabalha com agências e parceiros de turismo no Brasil e no mundo. No ano passado, trocou o Brasil por Portugal, onde deu início, pessoalmente, à expansão internacional do grupo. “Tive que começar por lá porque não falo inglês, então, aliado ao nosso parceiro internacional, a Europamundo, foi um passo natural.

Crise? Que crise?

Não acredito em crise. Minha empresa cresceu mais de 35 por cento no ano passado, em meio as eleições e Copa do Mundo. Venho crescendo ano a ano com ou apesar das crises nos últimos anos”.
Sem citar números de faturamento, ele garante que investe cem por cento do que fatura, “porque crescemos com investimento próprio, dinheiro do próprio bolso e jamais recorremos a bancos. Assim podemos investir forte em tecnologia, em internet. Estamos lançando agora, uma ferramenta chamada “MyP.O.T.A”. Reconheço que o nome não é dos melhores (ri), mas o benefício para agentes e clientes é”. Trata-se de um espécie de agente de viagem eletrônico a tira-colo, ou seja, o cliente poderá ter em seu celular, 24 horas, sete dias por semana, online, a consultoria gratuita de um agente de viagem inclusive durante a viagem.??

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Sem ser humano,sem nada

Mas você não disse que há uma conspiração baseada na venda de viagens pela internet com o objetivo de acabar com os agentes de viagem, pergunto eu. “Não disse nada disso, retruca ele. O que eu disse é que nunca devemos esquecer o ser humano por trás das máquinas. Nós investimos forte em tecnologia da informação para fortalecer cada vez mais os pequenos agentes de viagem que fizeram e fazem a nossa empresa crescer mais e mais a cada dia. Amo as pequenas agências. Amo o pequeno comerciante. Eu já fui assim. Ninguém me dava chance.

Tiros certeiros

”??Contraditório? Talvez. Sem propósito? Jamais. Até porque os números mostram, tal qual Silvio Santos, que Aroldo Schultz  errou poucos tiros até agora. Prestes a encerrar a entrevista exclusiva, ainda tenho tempo de perguntar o que gosta de fazer nas horas vagas, quando não esta trabalhando… Pela primeira vez o pequeno gigante do turismo titubeia… “Trabalhar para mim não é um sacrifício, mas um prazer. Portanto, não me sinto trabalhando…”

Sem estomago para política

Quero saber mais.  Política? “Não tenho estômago. Não votei na Dilma.” Algum luxo? “Comer bem!” Como se define em três palavras? Criativo, dedicado e honesto. E teimoso, acrescenta  Helenn Cordeiro, assessora de imprensa que acompanha a entrevista e que pede que eu encerrasse para dar início à coletiva. 

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Publica aí! 

Ele encerra dizendo. “Pode publicar tudo o que falei. Não tenho empréstimo em bancos, não dependo de políticos para crescer, não devo nada a ninguém, a não ser ao meu trabalho e ao dos meus agentes de viagem. Então, vá em frente e publique.”  Sim comandante! Publicado!


Aroldo Schultz durante exclusiva “Amo pequenas empresas” | Crédito: Paulo Panayotis


Aroldo Schultz discursa para platéia lotada em Gramado, RS | Crédito: Paulo Panayotis

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