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Quando o feedback faz mal

Já ouvi relatos de indivíduos que foram parar no psicólogo, após uma sessão de feedback. Eles passaram por situações cruéis, como ser colocados em frente a uma parede, de costas para um grupo formado por seu chefe e pares que os criticavam à vontade, sem que os profissionais pudessem responder. Uma situação humilhante. A principal função de um líder é formar outros líderes. Para isso, deve usar competências como motivação, delegação, follow-up e feedback. Entretanto, feedbacks inapropriados não formam ninguém, estressam os profissionais, geram doenças e, nos casos mais graves, são motivos de processos de assédio moral.
Por  Silvio Celestino
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Já ouvi relatos de indivíduos que foram parar no psicólogo, após uma sessão de feedback. Eles passaram por situações cruéis, como ser colocados em frente a uma parede, de costas para um grupo formado por seu chefe e pares que os criticavam à vontade, sem que os profissionais pudessem responder. Uma situação humilhante.

A principal função de um líder é formar outros líderes. Para isso, deve usar competências como motivação, delegação, follow-up e feedback. Entretanto, feedbacks inapropriados não formam ninguém, estressam os profissionais, geram doenças e, nos casos mais graves, são motivos de processos de assédio moral.

A causa dessas situações é o gerente utilizar o feedback para dar broncas, desabafar e livrar-se de emoções negativas. Desconhece métodos para realizá-lo e também ignora a função principal dessa competência, que é desenvolver pessoas.

A solução passa, necessariamente, por uma melhor escolha dos líderes empresariais. Pessoas imaturas e incapazes de dominar suas emoções não devem exercer cargos de liderança. Afinal, liderar é ter de conseguir resultados por meio de outras pessoas, e isso é, frequentemente, frustrante. Além disso, a pressão por prazos, as restrições orçamentárias e legais demandam do líder uma altíssima capacidade de manter o equilíbrio emocional, principalmente nos momentos de feedback.

O gerente também deve conhecer os melhores métodos para pôr em prática essa competência. Deve se interessar por livros sobre o tema, procurar um mentor ou coach para desenvolver-se e fazer um curso sobre o assunto.

Feedback não é momento para humilhar o funcionário, tampouco para rotulá-lo, chamando-o do que quer que seja.

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O feedback produtivo é uma orientação verdadeira, direta e objetiva sobre quais comportamentos devem ser interrompidos e quais devem ser incentivados, para que os propósitos da empresa sejam cumpridos.

Em momento de recessão, como o que atravessamos, os gestores devem saber cobrar os resultados com rigor, mas com respeito. Pois as crises passam, mas as experiências negativas vivenciadas pelas pessoas ficam. E elas podem destruir de maneira definitiva o clima organizacional e o engajamento dos profissionais com a empresa.

O trabalho não é para ser um exercício de tolerar malcriação de chefes e líderes imaturos. O respeito deve prevalecer nos bons e maus momentos.

Por fim, se já está difícil reter talentos, não será com palavras duras e aplicadas de maneira inapropriada que iremos fazê-lo. Saibamos orientar as pessoas e extrair o melhor delas. Todo mundo só tem a ganhar com isso.

Vamos em frente!

Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

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