O que você faz quando não cumpre a meta?

A forma imatura com que Dilma está lidando com sua incapacidade para cumprir a meta fiscal de 2014 nos faz refletir sobre como as pessoas lidam com seus fracassos diante de compromissos estabelecidos
Por  Silvio Celestino
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A forma imatura com que Dilma está lidando com sua incapacidade para cumprir a meta fiscal de 2014 nos faz refletir sobre como as pessoas lidam com seus fracassos diante de compromissos estabelecidos. 

Ao pensar sua carreira profissional, lembre-se de que será cobrado por meio de objetivos sucessivos. O que você faz, quando não cumpre a meta estabelecida pela empresa em que trabalha?

O último mês do ano começa agora, e o tempo pressiona aqueles que não estão conseguindo chegar aos números compromissados com a companhia. É um momento difícil, de muita ansiedade, estresse, medo e angústia para conhecer os valores finais do ano.

A causa de todas essas dificuldades é que vemos as metas como inimigas a ser batidas. Quando deveriam ser observadas como professoras rigorosas, mas que desejam que aprendamos algo.

Portanto, a solução está em comprometer-se com uma meta que esteja um pouco acima de seu nível de conhecimento atual. Ela deve fazer-lhe pensar em suas habilidades e, principalmente, no que precisará aprender para chegar até ela.

Em muitos casos, o aprendizado inclui, além de adquirir novos conhecimentos, amadurecer emocionalmente, aprimorar a capacidade de comunicação, gestão de agenda, influenciar pessoas e resiliência para aguentar mais pressão.

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Quase nunca você consegue escolher qual meta alcançar, ela será uma imposição da empresa. Por essa razão, você deve refletir sobre quais habilidades precisará desenvolver, não apenas para o ano seguinte, mas para daqui a dois, cinco e, até mesmo, dez anos. Não espere a companhia dizer-lhe isso, você terá de observar o que acontece pelo mundo, como isso influencia o País, seu mercado, a empresa em que atua e, consequentemente, sua carreira.

Como mencionei, as metas são professoras rigorosas, mas são grandes amigas de sua evolução. Quando não conseguir passar por elas, você deve saber dizer qual foi o contexto no qual isso aconteceu, qual o papel de outras pessoas e, principalmente, qual a sua responsabilidade no resultado.

A pessoa madura saberá assumir seu fracasso, não tentará mudar os fatos, ou as regras do jogo, e, acima de tudo, arcará com as consequências.

Lembro-me de uma negociação, em 1992, no valor de R$ 4,8 milhões que perdi para um concorrente. Foi minha primeira derrota amarga em vendas – eu vendia projetos computacionais de alta complexidade. A falta daquela venda fez com que a empresa em que trabalhava não cumprisse os números estabelecidos para o ano. O presidente demitiu-se, e eu também. Fiquei noites sem dormir, pensando no que mais poderia ter feito. Apesar de gostar muito da área de negócios, foram momentos difíceis.

Entretanto, foi uma experiência fundamental para minha carreira de empreendedor. E, apesar de ter tido outras derrotas, compreendo a natureza de aprendizado embutida em cada meta estabelecida.

O mesmo ocorre para todos. Ninguém gosta de descumprir uma meta. Alguns farão de tudo para esconder o fracasso, outros tentarão mudar as regras, mas, os profissionais verdadeiramente maduros procurarão responder: o que eu aprendi? Assumirão sua responsabilidade, aceitarão as consequências e seguirão em frente.

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Nas empresas e no País, precisamos, de ano a ano, de metas maiores e líderes melhores, nunca de metas menores e piores líderes.

Vamos em frente!

Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

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