O difícil jogo da carreira profissional

Muitas pessoas não estão satisfeitas com a vida que possuem. Acordam cedo, trabalham muito e, após pagar as contas do mês, não ficam com muito dinheiro no final. Em alguns casos, ficam com dívidas. Não possuem motivação para o que fazem, são ranzinzas e não encontraram o seu jogo da vida. Aquele que lhe dá satisfação e energia para realizar a vida que deseja. E você? Já encontrou seu jogo?
Por  Silvio Celestino
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O difícil jogo da carreira profissional

Os meses de maio e junho são especiais, por nos brindar com o emocionante torneio de tênis de Roland Garros. Guga é o nosso herói, mas Rafael Nadal tornou-se o maior campeão em quadras de saibro, ao vencer o torneio pela oitava vez. Ele encontrou o jogo dele, e você? Encontrou o jogo de sua carreira?

Muitas pessoas não estão satisfeitas com a vida que possuem. Acordam cedo, trabalham muito e, após pagar as contas do mês, não ficam com muito dinheiro no final. Em alguns casos, até ficam com dívidas.

Quando a carreira se transforma somente em uma fonte de renda para a sobrevivência, é provável que a pessoa, com o tempo, entre em estado de esgotamento, físico ou mental, devido ao estresse.

Existem muitas causas para isso. Entre elas, conforme a idade avança, a própria vida se torna muito complexa. Na esfera profissional, somos cobrados para nos tornar líderes responsáveis pelo desenvolvimento de pessoas e operações. E também temos de lidar com a política na empresa, com as “puxadas de tapete”, e, mesmo assim, nos sentir motivados. No campo pessoal, temos de gerir nossos relacionamentos, filhos e saúde. E tudo isso custa muito dinheiro e tempo. Enfim, motivos não faltam para o estresse.

Entretanto, o que faz a diferença mesmo é a energia que o indivíduo possui para dar conta de todas essas responsabilidades. Quando observamos grandes esportistas como Nadal, vemos que eles possuem grandes corações para o jogo, por mais duras que sejam as dificuldades pelas quais passam. Daí a importância de todos nós encontrarmos o nosso jogo: o lugar, as pessoas e os assuntos que nos dão energia.

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O indivíduo terá de lidar com os ônus e os benefícios da vida profissional que escolheu. Não há carreira somente com coisas boas. Aprender a lidar com a frustração é fundamental para amadurecer e buscar resultados no longo prazo. Para isso, ele precisa, o quanto antes, reconhecer e preparar-se para dois fatos importantes: os ciclos da vida e o mundo em transformação.

Os ciclos de expansão e contração

Quando respiramos, nosso pulmão se expande e se contrai, para que a vida aconteça. Mas não é só aí que encontramos um ciclo formado por fases de expansão e contração. Ele ocorre em outras esferas. Quando a pessoa cai na zona de conforto, é que os riscos aumentam. No período em que tem dinheiro, em vez de alfabetizar-se financeiramente, aprender a investir e proteger seu patrimônio, gasta tudo que ganha, até o momento em que problemas financeiros ocorrem. O emprego desaparece; a empresa, que ia bem, enfrenta dificuldades; e o mundo, que estava crescendo, de repente, entra numa dura crise.

Na verdade, a fábula do rei que sonha com sete vacas magras que comem as sete vacas gordas, e que representa sete anos de crise que consomem a produção de alimentos de sete anos de boas colheitas, é muito branda. Por vezes, um único ano de crise é suficiente para devastar organizações que existiram por décadas, assim como empregos que duraram uma vida toda.

Entretanto, é muito difícil uma pessoa imatura reconhecer, no momento em que sua carreira vai bem, que isso é apenas uma fase de expansão. Principalmente, se esse período for muito longo. E há pessoas imaturas de todas as idades. Como elas não sabem que estão em uma fase de expansão, cometem um grave erro: param de aprender e evoluir.

Transformação

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Mas o mundo não para. A cada instante, uma nova tecnologia é criada, uma legislação, modificada, e o que existe pode não fazer mais sentido. A realidade ao nosso redor é como o mar e as areias que invadem as casas em algumas regiões praianas. Aos poucos, a paisagem se transforma e não há como fazê-la retornar à situação anterior. Entretanto, essa mentalidade é a que mais acontece quando alguém perde seu momento de sucesso: acredita que as coisas voltarão a ser como antes, e isso raramente ocorre.

É desolador ver pessoas buscando, com ferramentas e pensamentos do passado, seu lugar no futuro. Empresários, empregados e autônomos de muito sucesso que viram seu mundo desabar. Estão perdidos, não compreendem o que deu errado e, principalmente, sentem-se tristes e injustiçados.

O caminho é sempre o mesmo: abrir mão dos velhos pensamentos, reaprender, atualizar-se e seguir em frente. Quanto mais a pessoa fica presa ao passado, mágoas, frustrações e desejos de que o mundo fosse diferente, mais ela sai da realidade e perde um tempo precioso em sua recuperação. Ciclos de expansão e contração ocorrem para todos. Na verdade, a única diferença é que, ao aprender com eles, o indivíduo maduro procura, conscientemente, estender ao máximo os ciclos de expansão e tornar as contrações tão pequenas e rápidas quanto possível.

Querer que a vida seja uma linha reta em direção à riqueza e à felicidade é pedir o impossível. Um caminho melhor é preparar-se e encontrar o jogo que inspira e dá energia suficiente para você enfrentar os ciclos e as transformações do mundo.

Vamos em frente!

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Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

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