O difícil jogo da carreira profissional
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O difícil jogo da carreira profissional
Os meses de maio e junho são especiais, por nos brindar com o emocionante torneio de tênis de Roland Garros. Guga é o nosso herói, mas Rafael Nadal tornou-se o maior campeão em quadras de saibro, ao vencer o torneio pela oitava vez. Ele encontrou o jogo dele, e você? Encontrou o jogo de sua carreira?
Muitas pessoas não estão satisfeitas com a vida que possuem. Acordam cedo, trabalham muito e, após pagar as contas do mês, não ficam com muito dinheiro no final. Em alguns casos, até ficam com dívidas.
Quando a carreira se transforma somente em uma fonte de renda para a sobrevivência, é provável que a pessoa, com o tempo, entre em estado de esgotamento, físico ou mental, devido ao estresse.
Existem muitas causas para isso. Entre elas, conforme a idade avança, a própria vida se torna muito complexa. Na esfera profissional, somos cobrados para nos tornar líderes responsáveis pelo desenvolvimento de pessoas e operações. E também temos de lidar com a política na empresa, com as “puxadas de tapete”, e, mesmo assim, nos sentir motivados. No campo pessoal, temos de gerir nossos relacionamentos, filhos e saúde. E tudo isso custa muito dinheiro e tempo. Enfim, motivos não faltam para o estresse.
Entretanto, o que faz a diferença mesmo é a energia que o indivíduo possui para dar conta de todas essas responsabilidades. Quando observamos grandes esportistas como Nadal, vemos que eles possuem grandes corações para o jogo, por mais duras que sejam as dificuldades pelas quais passam. Daí a importância de todos nós encontrarmos o nosso jogo: o lugar, as pessoas e os assuntos que nos dão energia.
O indivíduo terá de lidar com os ônus e os benefícios da vida profissional que escolheu. Não há carreira somente com coisas boas. Aprender a lidar com a frustração é fundamental para amadurecer e buscar resultados no longo prazo. Para isso, ele precisa, o quanto antes, reconhecer e preparar-se para dois fatos importantes: os ciclos da vida e o mundo em transformação.
Os ciclos de expansão e contração
Quando respiramos, nosso pulmão se expande e se contrai, para que a vida aconteça. Mas não é só aí que encontramos um ciclo formado por fases de expansão e contração. Ele ocorre em outras esferas. Quando a pessoa cai na zona de conforto, é que os riscos aumentam. No período em que tem dinheiro, em vez de alfabetizar-se financeiramente, aprender a investir e proteger seu patrimônio, gasta tudo que ganha, até o momento em que problemas financeiros ocorrem. O emprego desaparece; a empresa, que ia bem, enfrenta dificuldades; e o mundo, que estava crescendo, de repente, entra numa dura crise.
Na verdade, a fábula do rei que sonha com sete vacas magras que comem as sete vacas gordas, e que representa sete anos de crise que consomem a produção de alimentos de sete anos de boas colheitas, é muito branda. Por vezes, um único ano de crise é suficiente para devastar organizações que existiram por décadas, assim como empregos que duraram uma vida toda.
Entretanto, é muito difícil uma pessoa imatura reconhecer, no momento em que sua carreira vai bem, que isso é apenas uma fase de expansão. Principalmente, se esse período for muito longo. E há pessoas imaturas de todas as idades. Como elas não sabem que estão em uma fase de expansão, cometem um grave erro: param de aprender e evoluir.
Transformação
Mas o mundo não para. A cada instante, uma nova tecnologia é criada, uma legislação, modificada, e o que existe pode não fazer mais sentido. A realidade ao nosso redor é como o mar e as areias que invadem as casas em algumas regiões praianas. Aos poucos, a paisagem se transforma e não há como fazê-la retornar à situação anterior. Entretanto, essa mentalidade é a que mais acontece quando alguém perde seu momento de sucesso: acredita que as coisas voltarão a ser como antes, e isso raramente ocorre.
É desolador ver pessoas buscando, com ferramentas e pensamentos do passado, seu lugar no futuro. Empresários, empregados e autônomos de muito sucesso que viram seu mundo desabar. Estão perdidos, não compreendem o que deu errado e, principalmente, sentem-se tristes e injustiçados.
O caminho é sempre o mesmo: abrir mão dos velhos pensamentos, reaprender, atualizar-se e seguir em frente. Quanto mais a pessoa fica presa ao passado, mágoas, frustrações e desejos de que o mundo fosse diferente, mais ela sai da realidade e perde um tempo precioso em sua recuperação. Ciclos de expansão e contração ocorrem para todos. Na verdade, a única diferença é que, ao aprender com eles, o indivíduo maduro procura, conscientemente, estender ao máximo os ciclos de expansão e tornar as contrações tão pequenas e rápidas quanto possível.
Querer que a vida seja uma linha reta em direção à riqueza e à felicidade é pedir o impossível. Um caminho melhor é preparar-se e encontrar o jogo que inspira e dá energia suficiente para você enfrentar os ciclos e as transformações do mundo.
Vamos em frente!