Ninguém está gerindo

Tenho a impressão de que não apenas países, mas também algumas empresas estão caminhando sem gestão. As novas tecnologias colocaram em xeque os gestores que, com pensamentos do século passado, não acompanham a velocidade das transformações e suas consequências. Desse modo, vemos marcas que são paulatinamente destruídas a cada novo comentário de seus clientes nas redes sociais. A sensação é de total falta de capacidade dos líderes de ouvir, refletir e responder às demandas de um mercado que não aceita mais propaganda como resposta ao mau atendimento e à falta de integridade das companhias.
Por  Silvio Celestino
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Tenho a impressão de que não apenas países, mas também algumas empresas estão caminhando sem gestão. As novas tecnologias colocaram em xeque os gestores que, com pensamentos do século passado, não acompanham a velocidade das transformações e suas consequências. Desse modo, vemos marcas que são paulatinamente destruídas a cada novo comentário de seus clientes nas redes sociais. A sensação é de total falta de capacidade dos líderes de ouvir, refletir e responder às demandas de um mercado que não aceita mais propaganda como resposta ao mau atendimento e à falta de integridade das companhias.

Uma das causas disso é que ainda observamos gestores que agem de maneira artesanal em um mundo de massas. A solução passa, cada vez mais, pelo líder ter consciência de que tem de ser íntegro e exemplar. Ou seja, foi-se o tempo no qual ter carisma e falar bem eram atributos suficientes para manter-se no poder – de um país, de uma empresa e também de um mercado. Os indivíduos, sejam clientes ou funcionários da companhia, demandam integridade de seus líderes em todos os momentos.

Um líder tem de ser um exemplo de conduta para agregar pessoas e convencê-las a ajudar a empresa, contribuindo com seu trabalho ou como defensores da marca. Um defensor não é apenas alguém que compra cegamente os produtos e serviços da empresa, mas aquele que, quando detecta um problema, conversa com a companhia para contribuir com seu aprimoramento.

Pode não ser um diálogo fácil, mas, para que exista, é fundamental que do outro lado haja gestores interessados em ouvir. Portanto, não adianta ter Serviço de Atendimento ao Cliente, se os diretores da empresa não ouvem seus gerentes, colaboradores e, principalmente, seus consumidores. Afinal, se um diretor deseja de fato que sua empresa seja um exemplo na atenção a seus clientes, deve, ele mesmo, ser exemplar na escuta de seus profissionais. Algo raro nos dias atuais.

A experiência que a empresa entrega, todos os dias, em cada transação, constrói valor para a marca ou a destrói. Seus empregados são os principais responsáveis por essa experiência dos consumidores. E ela é uma propagação do que eles vivenciam sob a liderança da empresa. Líderes atenciosos, com grande capacidade de ouvir e atender às demandas de seus profissionais, e que falam em nome dos clientes geram experiências marcantes, relevantes e inspiradoras. Líderes que não ouvem ou desdenham do que seus clientes pedem diretamente nas redes sociais, ou por meio de seus colaboradores, geram experiências empobrecedoras.

O bom líder usa as tecnologias a seu favor, fazendo-as alertá-lo sobre algo que não vai bem. Mas as usará como um canal de transformação da empresa em uma comunidade formada por funcionários, clientes e fornecedores, em busca de maneiras cada vez mais inspiradoras de cumprir os propósitos mais elevados de seus membros: liberdade, simplicidade, bem-estar, sustentabilidade, geração de oportunidades ou qualquer outro que inspire a todos a construir um mundo melhor.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para que isso ocorra, o líder tem de saber ouvir e ser um exemplo. Lições básicas, é verdade, mas que precisam ser relembradas a todo instante, principalmente nos momentos difíceis.

Vamos em frente!

Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

Compartilhe
Mais sobre

Mais de Sua carreira, seu maior investimento

Sua carreira, seu maior investimento

Quais profissões estarão em alta em 2018?

A principal recomendação para qualquer profissional em 2018 é: seja rápido.   As maiores oportunidades de prosperidade e sucesso de carreira ocorrem nas chamadas novas fronteiras, isto é, nos mercados que nunca existiram antes e surgem principalmente em decorrência de uma nova onda tecnológica. A dificuldade de reconhecê-las é enorme, pois o sucesso de algo novo não é visível para a maioria e representa riscos elevados para os iniciantes: assim, as décadas de 1920 e 30 foram momentos extraordinários para quem se envolveu com a indústria da aviação. Já os anos de 1950 e 60, o foram para quem trabalhou na indústria da computação de grande porte. A década de 1980 foi o início da era de ouro dos microcomputadores; já o fim dos anos 90 e início de 2000, para a internet, os celulares e, depois, as redes sociais. 
Sua carreira, seu maior investimento

Feedback não é para ser traumático

Já vi indivíduos traumatizados por conta de um feedback. No caso mais grave, conheci uma pessoa que teve uma hemorragia provocada pelo estresse de um feedback feito de maneira torturante: ela tinha de ficar de frente para uma parede e de costas para seu chefe e colegas de trabalho que lhe dariam os “feedbacks“, e ela só podia ouvir. Não sei quem foi o idealizador dessa prática infeliz, mas, para minha surpresa, foi aplicada até mesmo em empresas juniores no Brasil.
Sua carreira, seu maior investimento

Quem não delega não lidera

A dificuldade em delegar ocorre frequentemente no indivíduo que foi alçado há pouco a um cargo gerencial. Embora eu já tenha visto esse problema em diretores e até presidentes de empresas. Sempre que um líder não delega acaba por sobrecarregar-se, o que é motivo de muito estresse e cansaço para si mesmo. 
Sua carreira, seu maior investimento

Pare de odiar quem faz follow-up

Seria uma falta de sinceridade minha não iniciar este texto com uma confissão: eu odeio follow-up! Não gosto de fazê-lo e muito menos que façam sobre meu trabalho. Entretanto, são notórios os problemas, as falhas e os erros que ocorrem quando o follow-up não é realizado. E, portanto, apesar de meu sentimento a respeito dessa competência de liderança, a exerço e permito que outros a exerçam sobre meu trabalho, sem reclamar.
Sua carreira, seu maior investimento

O plano de vida precede o de carreira

Um grande problema que observo nos executivos é a ausência de um plano de vida que oriente seu plano de carreira. Quando isso ocorre, há um hiato entre o que ele atingirá profissionalmente e a vida que realizará. Esse hiato pode ser intransponível se ele deixar para preenchê-lo ao fim de sua carreira profissional. Essa possibilidade por si só deveria ser motivo de angústia, incerteza e preocupação, entretanto, a maioria dos indivíduos a ignora.