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As APIs invadem as corretoras de valores e geram inovação

As APIs evoluíram com o tempo, mas já são usadas há tempos na indústria de tecnologia. Entenda suas interações e impacto.
Por  Leonardo Reis
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

API (Application Programming Interface) é um termo técnico que emergiu da indústria de tecnologia para permitir que sistemas ou máquinas pudessem interagir com outros sistemas ou máquinas por meio de uma linguagem padronizada, de maneira que todos entendam. Estas interações são possíveis e não requerem que uma aplicação conheça muitos detalhes da outra aplicação, mas simplesmente a interface (API) que irá interagir. As APIs agora invadem o setor de investimento (mercado de capitais) e possibilitam inovação, transformação digital e o surgimento de diversas Fintechs, startups de serviços financeiros.

As APIs evoluíram com o tempo, mas já são usadas há tempos na indústria de tecnologia. Podemos citar casos de troca de informação entre sistemas utilizando FTP, que remonta a 1985 com o padrão RFC959, mas mesmo antes disto, outros meios já eram utilizados para troca de informação e arquivos entre sistemas. Porém, no setor financeiro, apenas em 2004 houve um grande case de abertura de APIs para terceiros com o PayPal. Este case é relatado no artigo sobre Open Banking de 20 de junho de 2016, no qual eu discuti um pouco sobre a história do início das APIs no setor financeiro.

Como provedor de tecnologia para o mercado de capitais, visito semanalmente diversas instituições financeiras, como bancos de investimentos e comerciais, corretoras de valores, fintechs, gestores de recursos, e dentre as tendências que posso citar é a visão unânime na abertura de APIs para terceiros, com o objetivo de permitir o acesso aos seus serviços de back e middle por empresas de tecnologia, startups, fintechs, plataformas, robôs advisors, clientes e parceiros.

Algumas corretoras e instituições brasileiras já estão ofertando APIs para o mercado, como a corretora Rico integrando a Vérios, Alkanza e diversas plataformas de negociação eletrônica como Fast Trade (da Cedro) e ProfitChart (da Nelogica). Outras instituições, como a corretora Brasil Plural, abriram suas APIs para que outras corretoras pudessem se plugar em um modelo autorizado pela BM&FBOVESPA conhecido como PNP (Participantes de Negociação Pleno) e PN (Participantes de Negociação), sendo a Brasil Plural hoje líder deste segmento. A XP Investimentos também tem atuado neste modelo, além da Guide Investimentos e da Terra Investimentos para atrair novas startups e Fintechs.

A abertura de APIs nas corretoras de valores evolui conforme as necessidades do mercado. Quando a BM&FBOVESPA fortaleceu a eletronificação do mercado em 2008, as corretoras passaram a adotar APIs no padrão FIX para roteamento de ordens. Isto possibilitou que além dos sistemas de front providos pela própria Bolsa (na época o GTS na BM&F e o Mega na Bovespa), dezenas de novos fronts puderam ser desenvolvidos no mercado local e/ou tropicalizados, possibilitando que os clientes e traders pudessem utilizar diferentes fronts integrados à Bolsa e as suas corretoras no envio de ofertas. Dentre os players locais houve a evolução dos terminais da Quantsis, Smarttbot, Nelogica, Cedro Technologies, DATAGRO (Cartezyan), CMA e outros. Os provedores internacionais também investiram para tropicalizar seus sistemas para o Brasil, como a Bloomberg, Sungard, Thomson Reuters, Ninja Trader e Meta Trader. Todavia, as APIs agora avançam para novos serviços de asset allocation, pós trading, renda fixa, portfólio e fundos de investimentos.

As Fintechs e os provedores de tecnologia do mercado financeiro são fortes propulsores deste movimento. Já há diversas fintechs interagindo com APIs da indústria de mercado de capitais, como a Yubb na Modal Corretora, a Toro Radar plugada à XP Investimentos, a Magnetis plugada à Easynvest, a Sl Tools plugada em diversas corretoras com uma proposta inovadora de eletronificar o mercado de aluguel de ações, e diversas outras iniciativas de Fintechs brasileiras do setor de investimento interagindo com APIs como a Smarttbot, Quantsis, Vérios, Alkanza e a plataforma broker-neutro Fast Trade – desenvolvida pela Cedro – já consumindo APIs de mais de 20 corretoras no Brasil para negociação eletrônica de Ações, Futuros, Opções, dentre outras.

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O movimento é forte e deverá se consolidar nos próximos anos. A economia das APIs está apenas começando e possibilitará o surgimento de muitas fintechs e várias inovações na indústria de mercado de capitais. Além disto, os provedores de tecnologia locais e globais já se atentaram também para este movimento e estão provendo tecnologias de API Gateway para este mercado como a WSO2 e Microsoft, ambas parceiras da Cedro no mercado financeiro, a Sensedia, CA, Amazon e outros. Também lançamos na Cedro em 2016, a plataforma Anywhere com dezenas de APIs para o mercado financeiro e já são amplamente utilizados por clientes finais e instituições financeiras.

Se você é um empreendedor ou empresário do setor financeiro e deseja criar uma startup ou fintech, então certamente as APIs serão fortes aliadas. As instituições financeiras e corretoras não conseguirão isoladamente acompanhar a inovação, precisarão das startups para evoluírem seus serviços e proverem novos. Isto abre uma grande oportunidade de inovação para o mercado, tanto para corretoras, startups, quanto para os clientes finais, que serão os mais beneficiados pelo movimento. Mais do que justo!

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