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O que o ano de 2020 nos ensinou?

Neste ano, vivemos uma crise sem precedentes - e ela não veio sozinha. Veio, sim, acompanhada de aprendizados para vida e os nossos investimentos
Por  Aline Tavares -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O ano de 2020 começou turbulento e vimos uma das piores crises globais acontecendo diante de nossos olhos. Mas o que ficou de aprendizado?

Gosto de pensar que todas as experiências, sejam boas, sejam ruins, deixam aprendizados em nossas vidas.

Ao longo dos anos, muitas vezes me deparei com situações difíceis, por vezes incompreensíveis, em que batia aquele “por que comigo?”.

Em um primeiro momento, parece que você entra num círculo vicioso em que pode parecer difícil achar a saída ou conseguir visualizar o copo “meio cheio”.

Mas, conforme fui crescendo e amadurecendo, compreendi que absolutamente tudo nas nossas vidas, todas as experiências vividas, deixam aprendizados. Nem que seja para que você não repita aquela situação novamente.

E 2020, para a nossa Bolsa de Valores, não foi diferente.

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No começo do ano, o otimismo e as boas expectativas dominavam o mercado.

Após a aprovação, em novembro de 2019, da Reforma da Previdência, esperava-se que a agenda de reformas teria continuidade ao longo de 2020, trazendo para a discussão as reformas administrativa e tributária, que iam finalmente destravar o valor do Brasil.

A expectativa era de retomada econômica depois de termos passado por anos difíceis de atividade.

Além disso, o Banco Central já vinha em um ciclo de corte de taxas de juros (e já víamos o menor patamar histórico lá em seus 4,5% ao ano), o que, naturalmente, começou a empurrar e incentivar cada vez mais investidores a migrarem da renda fixa para a renda variável.

Mas, como tudo no Brasil só começa depois do Carnaval, neste ano não foi diferente.

As questões da Covid-19 nos pareciam uma realidade muito distante. Uma preocupação que ainda estava lá na China, do outro lado do mundo, no máximo chegando à Itália, que ainda estava a um oceano de distância.

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Mas qual não foi a surpresa geral quando a Organização Mundial da Saúde (OMS), em março, anunciou que a doença estava se alastrando muito rapidamente e sem controle ao redor do mundo e declarou a pandemia?

Vimos um acontecimento inédito na nossa Bolsa: em duas semanas, houve seis circuit breakers (ferramenta utilizada pela Bolsa em momentos de grandes oscilações negativas para travar todas as operações, com objetivo de “acalmar” a volatilidade excessiva do mercado). E não foi exclusividade do Brasil, não.

As bolsas ao redor do mundo também derretiam a uma velocidade alta, justamente pela falta de visibilidade do futuro próximo.

Ninguém sabia o que ia acontecer: quanto tempo teríamos de lockdown? Até quando a economia aguentaria ficar sem atividade de forma generalizada?

Dúvidas e incertezas pairavam no ar como uma neblina grossa, tornando difícil a visibilidade do que vinha à frente.

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E como manter a calma nesses momentos?

Como já dizia um dos maiores gestores de fundos de ações do mundo, Peter Lynch: “No mercado de ações, o órgão mais importante é o estômago, não o cérebro”.

Depois de um ano como o de 2020, não poderia concordar mais com ele.

E eu, particularmente, gostei de ver a atuação das pessoas físicas na Bolsa em março!

No meio da situação mais crítica dos últimos tempos, os brasileiros mostraram que aprenderam com as crises passadas (em que, no pânico, saíam de suas posições na Bolsa, realizando os prejuízos), comprando ações quando víamos o gringo sair correndo para os seus “portos seguros”.

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E não só investimos mais na Bolsa, como também vimos uma enxurrada de novos investidores aproveitando oportunidades: em 2020, a B3 já tem mais de 3 milhões de CPFs cadastrados, o maior número de sua história.

Os governos e bancos centrais das principais economias do mundo começaram a colocar em ação o plano de injetar liquidez a juros baixíssimos na economia, para não deixar a roda parar de girar.

E o nosso Banco Central, seguindo a tendência internacional, baixou mais ainda a taxa básica de juros (a patamares de 2% ao ano), e o governo começou a implementar medidas de auxílio econômico.

Aos poucos, vimos a nossa Bolsa melhorar, com as perspectivas da aprovação de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus cada vez mais próximas, definição da eleição presidencial da maior economia do mundo e o resultado do terceiro trimestre das empresas, que mostrou melhoras significativas da atividade e das perspectivas à frente.

Ufa! Parece que o ano vai terminar bem de novo.

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Como sempre ouvi de um antigo chefe, em vários momentos de crise, quando aqueles terremotos atingiam em cheio as Bolsas de Valores, as pessoas tinham a impressão de que o mundo ia acabar, implodir, mas a gente saiu de TODAS as crises.

Sobrevivemos aos cenários considerados terríveis que, por vezes, pareciam ser o fim da linha.

E sabe o que aconteceu depois de todas essas crises? Elas passaram. Os mercados se recuperaram, e a vida seguiu.

Por isso, é preciso ter um objetivo muito bem traçado com o seu investimento de Bolsa, entender que esses soluços e tropeções podem acontecer no meio do caminho, mas que, no fim, a tendência é de normalização da situação, e a recuperação da atividade é essencial.

Desde o momento mais agudo da crise, em que a Bolsa atingiu o patamar de 63 mil pontos em março, o Ibovespa mostrou recuperação de 80% e já está chegando próximo da pontuação da época pré-pandêmica.

E mais: o gringo resolveu voltar. Após a forte depreciação cambial (o real foi a moeda de país emergente que mais desvalorizou no mundo), com as perspectivas de controle da doença e com esses patamares de juros mundiais a níveis muito baixos, investidores estrangeiros voltaram a enxergar no Brasil um mar de oportunidades.

E a lição do ano de 2020? Ter estômago.

A cabeça fria e a visão de longo prazo foram essenciais para aguentar o tranco do ano; posicionar-se de forma mais assertiva naquilo que você tinha mais convicção quando teoricamente estava todo mundo em pânico.

E o que eu desejo para 2021?

Um ano de recomeços, reparações e recuperações. De muita saúde e boa disposição para agarrar todas as oportunidades que surgirem, e que consigamos manter a cabeça de longo prazo e aprendamos com nossos erros.

E, caso venha mais alguma turbulência, que nossos antiácidos estejam preparados para aguentar os novos solavancos que a Bolsa pode trazer. Porque, como ficou o ensinamento, tudo passa.

Feliz 2021 para todos nós!

Abraços,

Aline Tavares

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Aline Tavares Aline Tavares é analista de ações da Spiti. Analista CNPI e formada em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tem MBA em Finanças pelo Ibmec-RJ e MBA de Gestão de Investimentos pela PUC-Rio. Atuou na área de análise fundamentalista da Ágora Corretora e, por quase sete anos, esteve na área de gestão de investimentos do Infraprev, o fundo de pensão da Infraero. Acredita que conhecimento tem que ser compartilhado e, consequentemente, o acesso aos investimentos, democratizado. Tem como missão desmistificar a Bolsa de Valores e mostrar que todo mundo pode, sem medo, investir em ações.

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