O barato que sai caro

Porque as cooperativas de proteção veicular vendem gato por lebre e deixam seus associados a ver navios.
Por  Rafael Monsores
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Você sabia que, para começar a operar, uma das exigências sobre as seguradoras (talvez a mais importante) é que elas tenham reserva técnica, um lastro financeiro? É dessa forma que os órgãos reguladores do mercado de seguros garantem sua capacidade de cobrir qualquer dano a qualquer tempo, para todos os seus segurados.

Mas há alguns anos surgiram as cooperativas veiculares. Essa iniciativa que começou na região Sudeste e já se espalhou pelo Brasil é baseada nos mesmos fundamentos – mutualismo, previdência e incerteza – que caracterizam o seguro, mas…

Essas cooperativas não fazem parte do Sistema Nacional de Seguro Privado , não estão sob regulação da Susep ou qualquer outro órgão regulador e não constituem nenhuma reserva financeira para começar a operar.

Agem a revelia da regulamentação e das normas que norteiam o mercado segurador. Prostituem o mercado vendendo falsos seguros por preços muito baixos e sem análise atuarial nenhuma. Sem a reserva, especialmente quando há vários danos aos veículos cooperados em um curto período de tempo, elas não conseguem cobrir os prejuízos. E o cooperado é obrigado a esperar que a cooperativa tenha o recurso necessário para resolver seu problema.

Lembram da principal missão do seguro? Restaurar o equilíbrio financeiro perturbado? Como o cooperado não tem a quem recorrer, é nesse momento que ele descobre que comprou gato por lebre.

Por conta desse cenário (e dos riscos para o consumidor), a Susep – em parceria com o Ministério Público e a Polícia Federal – vem desenvolvendo ações sobre esse mercado, aplicando multas e encerrando as atividades de cooperativas e desde 2011 já foram lavradas multas no valor total de mais de R$ 330 milhões.

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Em última análise, o consumidor que tem o receio legítimo de perder seu bem, e acredita que buscando alternativas em cooperativas unirá tranquilidade pela recomposição de uma possível perda patrimonial a um custo muito mais acessível, está plenamente enganado e embarcando numa “furada”.

Até semana que vem!

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