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Por que as mulheres têm mais medo de investir – e o que pode virar o jogo

Será que somos mais avessas ao risco, e por isso, temos menores retornos em nossos investimentos, quando conseguimos quebrar a barreira do primeiro passo?
Por  Rachel de Sá -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Você sabia que se escrevermos no Google “por que as mulheres não podem”, as primeiras frases mais procuradas que aparecem na busca incluem “ser padres”, “ser marinheiros” ou “usar um shampoo de homem para queda de cabelos”?

Confesso que fiquei curiosa particularmente com a última (será que tem um shampoo especial para calvície feminina?), mas admito que fiquei feliz quando não encontrei entre as mais procuradas o termo “por que mulheres não podem investir”.

Queremos saber de tudo

No primeiro artigo desta coluna mensal em que tratarei de temas de economia e mercados, escolhi falar disso porque, até pouco tempo atrás, me encontrava entre aquelas (muitas) mulheres que sentem que precisam saber tudo antes de dar um primeiro passo em qualquer coisa.

Chamei essa sensação de “síndrome do PHd dançarino”: uma percepção de que eu precisaria saber dançar muito bem para poder participar de uma competição de dança entre amigos. Quem nunca?

Agora, substitua o concurso de dança por dar o primeiro passo no mundo dos investimentos e arrasar nas pistas por ter um PHd em finanças, que você chegará ao resultado de uma pesquisa recente da gestora Franklin Templeton. De acordo com o estudo, quase metade das mulheres (41%) no mundo acredita não saber o suficiente sobre investimentos para “se dar ao luxo de investir”. Sabe qual o número que a mesma pesquisa aponta para homens? 23%.

No Brasil, não é diferente. Em um país onde mulheres representam 51,5% do total da população, e no qual quase metade das famílias são chefiadas financeiramente por mulheres, diversos estudos tentam entender por que ainda somos minoria nos investimentos — representando menos de 30% do total de investidores na B3 e pouco mais de 30% no Tesouro Direto.

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Dentre os motivos, indico-lhes os “velhos suspeitos”: menores salários, menores níveis de escolaridade e educação financeira, acesso à informação e capacidade de utilizá-la, e até questões biológicas e sociais que afligem parte da população feminina, como sintomas de depressão.

Somos mais avessas ao risco

Diante dessa realidade, decidi entender melhor se de fato era verdade que, além de investirmos menos do que homens proporcionalmente, investimos diferente. Será que temos mais medo de investir? Será que somos mais avessas ao risco, e por isso, temos menores retornos em nossos investimentos, quando conseguimos quebrar a barreira do primeiro passo?

Usando um banco de dados com carteiras de investimento reais de mulheres ao redor do Brasil e um modelo matemático, conclui que (infelizmente) sim. E isso se provou verdade quando controlando por variáveis como idade, estado civil e salário declarado.

Ou seja, considerando a mesma idade, estado civil, salário e outras questões socioeconômicas, uma mulher é mais avessa ao risco do que um homem quando se trata de investimentos — simplesmente por ser mulher.

Quanto? Considerando clientes de perfil autodeclarado agressivo, por exemplo, ser mulher implica em uma redução da volatilidade observada, em média, de 2,23 pontos percentuais. Esse aumento se compara a uma redução de 0,57 pontos percentuais na volatilidade observada, a cada 10% de aumento no patrimônio líquido do cliente.

Ou seja, o mero fato de ser mulher influencia mais para que uma carteira tenha menor volatilidade do que o próprio montante investido!

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Mas estamos mudando, e cada passo importa

Mas essa realidade está, felizmente, mudando. Recentemente, atingimos a marca histórica de 1 milhão de investidoras na Bolsa brasileira, após um crescimento de 19% em menos de um ano. Além disso, começamos a materializar nossa necessidade de “saber tudo”, procurando mais informações sobre mercados e investimentos.

Os números da última Expert XP refletem essa mudança positiva: mulheres representaram quase 50% da audiência total do evento, sendo 46% dos conectados para o evento online, que contou com mais de 100 horas de conteúdo, 200 palestrantes e 350 milhões de impressões totais (entre visualizações na plataforma, mídia social, TV, rádio e imprensa).

Por isso, termino essa coluna com um pedido: transformemos esses primeiros passos em muitos outros, investindo sem medo e sem pré concepções. Medindo o risco/retorno de maneira equilibrada de acordo com seus objetivos, e fazendo seu dinheiro trabalhar com você, por você — sendo homem, mulher, velho, novo, careca, cabeludo, rei, ladrão, soldado ou capitão…

Rachel de Sá Formada em Relações Internacionais em 2011 pela PUC-SP com passagem pela Universidade Sciences-Po, em Paris.Entrou na XP Investimentos em 2019 como analista de macroeconomia e, em junho de 2021, assumiu o desafio de ser a nova Chefe de Economia da Rico Investimentos (XP Inc.). Rachel é responsável pela análise econômica e política da casa, destacando o que de mais importante está acontecendo no cenário econômico do país e do mundo. Nas redes sociais, é ela quem conta tudo sobre o que está rolando na economia, na política e no mercado. Sempre com uma linguagem “gente como a gente”. Nas horas vagas, anda de bike, surfa e canta em uma banda amadora de rock. Compartilha conteúdos pelo canal @raborgesdesa no Instagram

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