Viralizar é arte; ganhar seguidor faz parte. Monetizar… esse é o verdadeiro desafio

Segundo dados da Statista e da Scopen, existem mais de 14 milhões de influenciadores no Brasil. Mas será que todos eles realmente ganham dinheiro com isso?

Matheus Costa

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Se viralizar na internet fosse sinônimo de lucro, o Brasil seria como Mônaco, afinal somos um dos países mais potentes na criação de conteúdo. Recentemente, vi uma pesquisa da INFLR mostrando que 75% dos jovens desejam ser influenciadores.

Achei curioso, porque quando eu era “jovem”, eu queria ser jogador de futebol, astronauta, cientista… algo muito bem remunerado ou capaz de transformar o mundo. E, ironicamente, hoje um bom criador de conteúdo pode atingir exatamente essas duas coisas.

Essa pesquisa reforça o peso do influenciador: não apenas como profissional, mas como formador de opinião, comportamento e cultura. São eles que ditam tendências; o que vestir, o que ouvir, onde comer, que estilo de vida é “legal”.

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Se os jovens querem ser influenciadores, é porque admiram e consomem os influenciadores de hoje. Isso é bom? O futuro vai dizer.

O fato é: o que um criador posta impacta diretamente jovens, adolescentes e crianças. Assim como crianças replicam comportamentos dos pais, na internet replicam o que veem de seus ídolos. Se cem influenciadores dizem que é normal jogar no tigrinho, isso vira normal. Se apenas um grande influenciador promete enriquecimento rápido, pode ter certeza: uma cidade inteira pode se endividar para comprar seu curso.

Por isso sempre digo: nós influenciadores talvez não mudemos o mundo, mas podemos mudar o futuro.

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O futuro que eu quero é de pessoas conscientes: que valorizem família, que respeitem os pais e vivam em harmonia com eles; que entendam a importância de votar, que não elejam figuras caricatas como “Tião do Gás” (rs). Que se importem com meio ambiente, com reciclagem, com o que realmente faz diferença.

E, tirando a utopia do discurso, esse tipo de conteúdo “do bem” é também parte da construção da sua empresa. O mercado observa quem tem valores sólidos e quem só quer enriquecer a qualquer custo. E como marca, você investiria em alguém que não acrescenta nada? Alguém que não compartilha os valores da sua empresa? No marketing de influência funciona da mesma forma.

Criar conteúdo consciente não só faz bem para o mundo, como faz bem para a sua imagem, seu verdadeiro CNPJ. Porque a única coisa que o influenciador tem para oferecer às marcas é justamente isso: sua imagem. E uma imagem manchada por promessas vazias não serve para nada.

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Por isso, quando falamos em “monetizar”, muitos escolhem o caminho mais fácil: viralizam um vídeo, ganham alguns seguidores e começam a vender qualquer enganação nos stories. E assim destroem uma reputação que nem chegou a nascer; já morre na porta do mercado.

Quando viralizei, recebi várias propostas tentadoras, valores altíssimos (e para quem não tinha nada, era altíssimo mesmo). Mas recusei todas. Não combinavam com a imagem que eu queria construir. Não queria me associar a nada que pudesse prejudicar alguém e nem vender algo que eu não indicaria para minha mãe. Essa decisão, tomada com frieza, me permitiu construir uma carreira sólida ao longo de quatro anos. Ser visto pelo mercado como “um cara legal, de valores, com uma imagem limpa”.

Por isso, monetizar não tem a ver com vídeos. Tem a ver com quem você é. Com a pessoa, não o personagem. É sobre o ser por trás, e não só o conteúdo.

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A marca paga pela sua imagem, não pelo seu vídeo. Se tudo se resumisse ao vídeo, a verdade é que há atores muito mais preparados para isso

O verdadeiro “caminho das pedras” para viver de conteúdo é simples e difícil ao mesmo tempo: ser o mais feroz guardião dos seus valores e da sua imagem.

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Matheus Costa

Matheus Costa é criador de conteúdo e formado em Publicidade. Há mais de três anos se dedica integralmente à internet, onde ficou conhecido pelo humor ao “trollar” o pai, o famoso Seu Zé, em pegadinhas que ultrapassaram as redes e conquistaram o público. Carioca, une humor e criatividade em campanhas com marcas como Disney, Ambev, Itaú, Chevrolet, Nestlé, Petrobras e McDonald’s. Já foi indicado ao TikTok Awards e venceu prêmios como o iBest, o Paulo Gustavo de Valorização do Humor e o Band Inspira Rio, consolidando-se como um dos destaques do humor digital brasileiro.