Síndrome metabólica: estratégias cientificamente eficazes para emagrecer e prevenir doenças

Mesmo quem pratica atividade física e adota hábitos saudáveis pode enfrentar dificuldade para perder peso. Uma das explicações pode estar na síndrome metabólica — um conjunto de alterações bioquímicas que comprometem o metabolismo e dificultam o emagrecimento. Saiba como identificar e tratar com base na ciência.

Paola Machado

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Não é novidade que grande parte da população enfrenta desafios relacionados ao ganho de peso e à dificuldade para emagrecer. Há casos em que, mesmo praticando exercícios físicos e mantendo uma rotina ativa, o corpo resiste à perda de gordura. Uma explicação possível para isso é a presença da chamada síndrome metabólica, também conhecida como síndrome X.

A síndrome metabólica (SM) é caracterizada por um conjunto de alterações clínicas, bioquímicas e fisiológicas, como obesidade central (acúmulo de gordura na região abdominal), resistência à insulina, hipertrigliceridemia, níveis reduzidos de HDL-colesterol e pressão arterial elevada. Trata-se de uma condição complexa e multifatorial, frequentemente associada à obesidade, que aumenta significativamente o risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2, câncer e enfermidades cardiovasculares.

O elo comum entre esses fatores é a resistência insulínica. Um dos principais contribuintes para esse quadro é o consumo excessivo de carboidratos simples — como pão branco, arroz polido, biscoitos e açúcares em geral (refinado, mascavo, demerara, cristal, sacarose, glicose, xarope de frutose). A insulina é o hormônio responsável por transportar a glicose do sangue para dentro das células musculares, onde será utilizada como fonte de energia. Na resistência à insulina, essa ação é comprometida, impedindo que o açúcar entre adequadamente na célula. Como consequência, a glicose passa a ser estocada em forma de gordura, agravando o quadro metabólico.

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A alimentação equilibrada é uma estratégia fundamental no tratamento da síndrome metabólica, devendo ser combinada com prática regular de exercício físico e mudanças no estilo de vida. Um estudo reforça que uma abordagem que inclua comportamento alimentar adequado, atividade física orientada e padrões alimentares específicos pode promover melhora significativa. Além disso, áreas emergentes como a nutrigenômica e a metabolômica evidenciam que nutrientes e compostos bioativos presentes em alimentos podem regular a expressão gênica e o metabolismo — com impactos diretos na sensibilidade à insulina, na inflamação e no acúmulo de gordura corporal.

A perda de peso, especialmente a redução de gordura visceral, é uma das prioridades no manejo da síndrome metabólica. Mesmo perdas modestas de 5% a 10% do peso corporal já trazem benefícios significativos para os parâmetros clínicos e inflamatórios. Nesses casos, a restrição calórica pode ser indicada, sempre de forma orientada e individualizada.

Entre as recomendações alimentares, destacam-se:

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A modulação da microbiota intestinal também se apresenta como um elemento-chave. A disbiose intestinal está relacionada à inflamação crônica de baixo grau, que interfere negativamente na ação da insulina e no metabolismo de gorduras. Dietas ricas em fibras, prebióticos e o uso de probióticos, quando indicado, têm mostrado benefícios na melhora da resistência insulínica, perfil lipídico e pressão arterial.

A prática de exercício físico regular complementa essa abordagem. Não é necessário treinar por longas horas. Exercícios intervalados de alta intensidade (HIIT) ou treinos metabólicos curtos (20 a 45 minutos) são altamente eficazes para melhorar a sensibilidade à insulina e otimizar a queima de gordura. Em contrapartida, treinos contínuos em ritmo leve, quando realizados por períodos prolongados (30 a 90 minutos), podem aumentar a fome nas horas seguintes devido ao esgotamento de glicogênio e aumento da grelina — o hormônio da fome.

Estudos científicos indicam que tanto o exercício aeróbico quanto o resistido (musculação), realizados de forma isolada ou combinada, promovem adaptações metabólicas importantes — como melhora da função cardiovascular, redução da inflamação, aumento do gasto energético diário e melhor uso da glicose pelos tecidos. Nos últimos anos, o HIIT tem se destacado por sua eficácia e potencial de adesão, sendo considerado uma alternativa viável ao exercício aeróbico contínuo para indivíduos com síndrome metabólica.

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A abordagem integrada — que reúne dieta estruturada, exercício físico, modulação da microbiota e estratégias comportamentais — é o caminho mais eficiente para o controle da síndrome metabólica e para a promoção de saúde a longo prazo. O acompanhamento por profissionais capacitados é essencial para o sucesso e a sustentabilidade dos resultados.

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Paola Machado

Dra. Paola Machado é Doutora e Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP, especializada em Fisiologia do Exercício, Nutrição e Fisiopatologia da Obesidade. Com mais de 2000 textos publicados em portais renomados, ela se destaca como uma referência em emagrecimento, performance pessoal e rotinas de sucesso, traduzindo conhecimento científico em práticas acessíveis e eficazes. Siga no Instagram: @machado_paola