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Não é novidade que grande parte da população enfrenta desafios relacionados ao ganho de peso e à dificuldade para emagrecer. Há casos em que, mesmo praticando exercícios físicos e mantendo uma rotina ativa, o corpo resiste à perda de gordura. Uma explicação possível para isso é a presença da chamada síndrome metabólica, também conhecida como síndrome X.
A síndrome metabólica (SM) é caracterizada por um conjunto de alterações clínicas, bioquímicas e fisiológicas, como obesidade central (acúmulo de gordura na região abdominal), resistência à insulina, hipertrigliceridemia, níveis reduzidos de HDL-colesterol e pressão arterial elevada. Trata-se de uma condição complexa e multifatorial, frequentemente associada à obesidade, que aumenta significativamente o risco de doenças crônicas como diabetes tipo 2, câncer e enfermidades cardiovasculares.
O elo comum entre esses fatores é a resistência insulínica. Um dos principais contribuintes para esse quadro é o consumo excessivo de carboidratos simples — como pão branco, arroz polido, biscoitos e açúcares em geral (refinado, mascavo, demerara, cristal, sacarose, glicose, xarope de frutose). A insulina é o hormônio responsável por transportar a glicose do sangue para dentro das células musculares, onde será utilizada como fonte de energia. Na resistência à insulina, essa ação é comprometida, impedindo que o açúcar entre adequadamente na célula. Como consequência, a glicose passa a ser estocada em forma de gordura, agravando o quadro metabólico.
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A alimentação equilibrada é uma estratégia fundamental no tratamento da síndrome metabólica, devendo ser combinada com prática regular de exercício físico e mudanças no estilo de vida. Um estudo reforça que uma abordagem que inclua comportamento alimentar adequado, atividade física orientada e padrões alimentares específicos pode promover melhora significativa. Além disso, áreas emergentes como a nutrigenômica e a metabolômica evidenciam que nutrientes e compostos bioativos presentes em alimentos podem regular a expressão gênica e o metabolismo — com impactos diretos na sensibilidade à insulina, na inflamação e no acúmulo de gordura corporal.
A perda de peso, especialmente a redução de gordura visceral, é uma das prioridades no manejo da síndrome metabólica. Mesmo perdas modestas de 5% a 10% do peso corporal já trazem benefícios significativos para os parâmetros clínicos e inflamatórios. Nesses casos, a restrição calórica pode ser indicada, sempre de forma orientada e individualizada.
Entre as recomendações alimentares, destacam-se:
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- Priorizar alimentos in natura e integrais, com ingestão diária de 20 a 30g de fibras, que auxiliam no controle glicêmico e lipídico;
- Evitar açúcares adicionados, produtos ultraprocessados e bebidas açucaradas;
- Reduzir alimentos ricos em gordura saturada e trans (como carnes gordas, embutidos, laticínios integrais, frituras, molhos e produtos de padaria);
- Aumentar o consumo de fontes naturais de ômega 3, como peixes (salmão, sardinha, cavala), sementes de chia e linhaça;
- Limitar a ingestão de sal de cozinha a no máximo 6g por dia;
- Adotar padrões alimentares como a dieta DASH e a mediterrânea, que priorizam hortaliças, frutas, leguminosas, grãos integrais, azeite, abacate e fontes de gordura mono e poli-insaturada;
- Fracionar as refeições ao longo do dia (cinco a seis refeições), favorecendo o controle da glicemia e da saciedade;
- Incluir compostos bioativos como antocianinas (frutas vermelhas), capsaicina (pimenta), catequinas (chá verde), curcumina (cúrcuma) e gingerol (gengibre), que possuem efeito anti-inflamatório e modulador do metabolismo lipídico e da sensibilidade à insulina.
A modulação da microbiota intestinal também se apresenta como um elemento-chave. A disbiose intestinal está relacionada à inflamação crônica de baixo grau, que interfere negativamente na ação da insulina e no metabolismo de gorduras. Dietas ricas em fibras, prebióticos e o uso de probióticos, quando indicado, têm mostrado benefícios na melhora da resistência insulínica, perfil lipídico e pressão arterial.
A prática de exercício físico regular complementa essa abordagem. Não é necessário treinar por longas horas. Exercícios intervalados de alta intensidade (HIIT) ou treinos metabólicos curtos (20 a 45 minutos) são altamente eficazes para melhorar a sensibilidade à insulina e otimizar a queima de gordura. Em contrapartida, treinos contínuos em ritmo leve, quando realizados por períodos prolongados (30 a 90 minutos), podem aumentar a fome nas horas seguintes devido ao esgotamento de glicogênio e aumento da grelina — o hormônio da fome.
Estudos científicos indicam que tanto o exercício aeróbico quanto o resistido (musculação), realizados de forma isolada ou combinada, promovem adaptações metabólicas importantes — como melhora da função cardiovascular, redução da inflamação, aumento do gasto energético diário e melhor uso da glicose pelos tecidos. Nos últimos anos, o HIIT tem se destacado por sua eficácia e potencial de adesão, sendo considerado uma alternativa viável ao exercício aeróbico contínuo para indivíduos com síndrome metabólica.
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A abordagem integrada — que reúne dieta estruturada, exercício físico, modulação da microbiota e estratégias comportamentais — é o caminho mais eficiente para o controle da síndrome metabólica e para a promoção de saúde a longo prazo. O acompanhamento por profissionais capacitados é essencial para o sucesso e a sustentabilidade dos resultados.