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Quando falamos em investimento, a primeira associação costuma ser com dinheiro. Mas existe um ativo mais valioso, que influencia diretamente sua capacidade de gerar renda, de aproveitar oportunidades e de viver com qualidade: a saúde. E, assim como na educação financeira, cuidar dela exige disciplina, constância e visão de longo prazo. Quem começa cedo, aplica regularmente e evita “gastos” desnecessários constrói um capital físico e mental que rende dividendos por décadas.
O exercício físico é o equivalente, no corpo, aos juros compostos no mercado financeiro. Cada treino, cada refeição equilibrada e cada hora de sono reparador funcionam como pequenos aportes que se acumulam ao longo do tempo. O retorno vem na forma de mais energia, maior resistência a doenças, melhor gestão do estresse e maior capacidade de produção. Assim como no mundo dos investimentos, quanto mais cedo você começa, maior o efeito multiplicador. Quem adia paga mais caro — em dinheiro, em saúde e em qualidade de vida.
A comparação também se aplica à gestão de riscos. No mercado financeiro, ignorar sinais de volatilidade pode levar a perdas graves. No corpo, negligenciar sinais de fadiga, sobrepeso ou desequilíbrios aumenta a probabilidade de lesões, doenças crônicas e custos médicos elevados. Estudos indicam que a prática regular de atividade física reduz de forma significativa os gastos com hipertensão arterial — condição que custou ao SUS cerca de R$ 2 bilhões em 2018 apenas com internações e tratamentos.
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Pacientes ativos fisicamente têm menor necessidade de medicamentos contínuos e consultas frequentes, o que representa economia direta no orçamento familiar. Já no cenário oposto, pesquisas mostram que indivíduos com histórico de doenças cardiovasculares chegam a ter custos anuais mais que o dobro dos gastos de quem está em prevenção primária, considerando consultas, exames e medicação (Global Heart Journal).
No ambiente corporativo, o retorno do “investimento” em exercício é mensurável. Pesquisas mostram que programas de atividade física no trabalho podem reduzir em até 27% o absenteísmo relacionado ao estresse e aumentar a produtividade em cerca de 22%. Já uma análise da Harvard Business Review destaca que programas de saúde e bem-estar bem estruturados geram, em média, US$ 3 de retorno para cada US$ 1 investido, podendo chegar a 6 para 1 em casos de excelência, como o da Johnson & Johnson. Esse retorno vem da redução de custos com planos de saúde, queda nas faltas e maior engajamento e desempenho da equipe.
Ainda assim, a taxa de adesão ao exercício físico é um desafio. Um estudo identificou que 63% dos novos frequentadores de academias no Brasil abandonam a prática nos três primeiros meses, enquanto na Noruega essa taxa é de aproximadamente 21% — uma diferença que evidencia o peso de fatores culturais, ambientais e de infraestrutura na manutenção do hábito. Revisões mais amplas sobre comportamento de prática em academias indicam que, em média, cerca de 50% dos iniciantes deixam de frequentar em até seis meses, independentemente do país ou contexto, o que reforça a dificuldade de manter constância no treino.
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No mercado financeiro, seria como abrir uma conta de investimentos e parar de aportar antes de o dinheiro começar a render; o efeito composto da saúde simplesmente não acontece.
Para evitar essa “quebra de contrato” com o próprio corpo, é preciso aplicar à saúde as mesmas estratégias que funcionam no mundo das finanças:
- Planejamento: definir dias e horários fixos para treinar, tratando-os como reuniões inadiáveis.
- Diversificação: variar tipos de exercícios e intensidades para manter o interesse e prevenir lesões.
- Gestão de risco: monitorar sinais do corpo e ajustar o treino antes que pequenos desconfortos virem problemas maiores.
- Visão de longo prazo: priorizar consistência, mesmo que os resultados imediatos sejam discretos.
- Reinvestimento: usar a energia, disposição e foco ganhos no treino para melhorar desempenho no trabalho e na vida pessoal.
O raciocínio é simples: cada treino de hoje é um aporte no seu “fundo de saúde” e cada dia parado é uma oportunidade de rendimento perdida. Assim como nas finanças, não existe fórmula mágica, mas existe método — e o método funciona para todos que seguem a regra básica dos grandes investidores: começar o quanto antes e nunca parar.