Em quem Temer vai dar o calote?
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Abaixo o artigo de Leopoldo Vieira comentando o nosso. Leopoldo expõe temas interessantes e que enriquecem o debate sobre o cada dia mais provável governo Temer.
Artigo fundamental de Richard Back no InfoMoney da última quarta-feira traduz perfeitamente o que o mercado espera de Michel Temer:
“A compreensão de que o insucesso de Temer poderia alavancar o PT em 2018 fortalece a percepção de que todos terão de dar a sua dose de contribuição para que o novo governo tire o país da crise”;
“Será importante monitorar se, de largada, Temer afirmará seu compromisso com a disciplina fiscal”;
“Para o curto prazo, medidas como a redução de ministérios e cargos comissionados serão utilizadas como símbolos da nova gestão e da sua busca pela disciplina fiscal”;
“Há certamente senso de urgência. O que precisamos ponderar é o risco de decepção, tendo em vista o descompasso entre o tempo da política e o tempo da economia”.
Temer terá que enfrentar o fato de que um dos maiores pavores dos partidos da então base da presidenta Dilma seria concorrer num ano de eleições municipais aliada a um governo com baixa popularidade e, pelo ajuste fiscal, sem obras executadas para serem capitalizadas.
E, num ano de eleições municipais, Temer é o chefe do partido com maior número de prefeitos e parlamentares do Brasil e tem que contemplar os acordos com partidos como PSD, PP, PRB (o novo Centrão) para aprovar o Impeachment.
Se Temer der o calote em seus aliados, ele cai.
Por outro lado, Fernando Canzian, na Folha de S. Paulo também de quarta-feira, alerta:
“O desemprego pode ultrapassar os 12% até o fim do ano, impondo perdas cada vez maiores à renda do trabalho. Nos últimos 12 meses, o rendimento médio real caiu 4%. O novo governo Temer terá de conviver com esse cenário, que tende a se deteriorar ainda mais antes de começar a melhorar”.
Se Temer der o calote nos empregos, ele cai, pois, só 8% o veem como solução para a crise política diante de 62% que consideram as eleições gerais, e 68% querem seu Impeachment.
Logo, para diluir a pressão dos políticos, da sociedade e reverter estes tenebrosos números, Temer vai ter que dar o calote no mercado.
Só que se Temer der o calote no mercado, ele cai.
* Leopoldo Vieira foi coordenador da Accountability do Plano Plurianual do governo federal, quando assessorou a secretária de investimentos estratégicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.