Rússia e Ucrânia – dois anos depois

Os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia foram bem diferentes dos antecipados, mas ainda longe de acabar.

Alexandre Aagesen

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Em 1453, Constantinopla caiu nas mãos dos Otomanos. A partir daí, houve um novo controle do mar Mediterrâneo, e – principalmente – da rota da seda. Boa parte da (real) justificativa das cruzadas foi tirar o monopólio de especiarias vindas “das Índias” das mãos dos Otomanos e devolver a mãos cristãs. Quase 40 anos depois, as grandes navegações também tinham esse mesmo objetivo e, quando Vasco da Gama encontrou o caminho pelo Cabo da Boa Esperança, os Otomanos descobriram que o comercio global estava diminuindo. Tenho certeza de que o Istambul Times e o Istiklal Street Journal, da época, anunciaram que o mundo estava se desglobalizando. Não estava: o dinheiro flui por onde tem menos restrições. Quando, em 2022, os piores efeitos (no comercio global) da pandemia já estavam acabando e a Rússia invadiu a Ucrânia e sofreu várias sanções, novamente tivemos discursos de desglobalização. Quem diz isso olhando para comércio ocidental, está perdendo a visão do todo, e particularmente a visão Rússia/China/Índia da coisa. O dinheiro segue fluindo.

Em 1812, o Imperador Francês – um dos maiores estrategistas que o mundo já viu – decidiu enviar tropas para a Ucrânia, enfrentar o Czar Alexander I (mais um xará) na Rússia. Duzentos e doze anos depois, seu sucessor menos impressionante – e um estrategista bélico infinitamente inferior – Emmanuel Macron, demonstra interesse em repetir o feito, contra o Czar (não oficial, mas quase) Vladimir Putin. Ontem ele teve a ideia de falar em enviar tropas europeias para combater a Rússia. A ideia foi rapidamente repelida por outros líderes europeus que estudaram um pouco mais de história e sabem como acabou a campanha Napoleônica nas terras dos Rus (isso que Alexander I não tinha bombas atômicas – até onde se sabe).

Em 1999, um grupo de banqueiros centrais e ministros das finanças das 20 maiores economias do mundo decidiram se reunir para discutir economia global, no que ficou conhecido como G20 Financeiro (pai do atual G20, mais político). Vinte e cinco anos depois – hoje – começa a reunião de 2024 desse grupo, aqui pertinho, no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera em São Paulo. Hoje com 85% do PIB mundial (e apenas 66% da população), essa reunião deve ser esvaziada, sem grandes consensos ou decisões. Mas sempre vale acompanhar os discursos. Vale também acompanhar o relatório FOCUS de ontem (com revisão gigante de PIB para cima e IPCA voltando a cair); o CMN que não vai rolar esse mês “por falta de pauta” (conseguimos: viramos a Suíça); O IGP-M divulgado (negativo de novo, em linha com o esperado); e o PIB dos EUA (pra aquecer os motores pro PCE de amanhã).

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Alexandre Aagesen

Com mais de 16 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, CAIA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", professor convidado e Investor na XP Investimentos