Liquidação da Evergrande

Juiz em Hong Kong determina liquidação da gigante Evergrande. Mercados se preparam para FOMC e COPOM quarta.

Alexandre Aagesen

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Últimos dias de janeiro. Ufa, pelo menos esse restolho vai ser tranquilo, certo? Esqueça! Hoje começamos com a notícia de que a Evergrande (lembra dela? A gigante imobiliária chinesa?) vai ser liquidada. Pelo menos é o que um juiz em Hong Kong decidiu. Acabou com as dúvidas? Claro que não, o impacto de crédito, operacional e de emprego, pode ser monstruoso na China e, por que não, no mundo. Cerca de 10% do PIB do mundo é chinês e de um quarto do PIB da China vem do setor imobiliário. Nada nada, estamos falando de 2,5% do PIB do mundo vindo da construção civil chinesa. Se não fizerem um trabalho primoroso com essa liquidação, não vai ser pequeno.

Bom, mas fora isso, vai ser tranquilo pelo menos, certo? Esqueça! Amanhã começam duas reuniões de política monetária relevantes: BCB e Fed. COPOM deve cortar 50bps e manter a comunicação muito parecida com a anterior: “(…) os membros do Comitê (…) anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado (…)” (parágrafo 23 da última ata). Nos EUA, o FOMC deve manter os juros parados, o Powell vai ser dove, o comunicado vai ser hawk. Na realidade, a batalha contra a inflação nos EUA já foi vencida. Podem se preocupar com o próximo tópico. Core PCE dessazonalizado de 1, 3 e 6 meses (anualizados) já está rodando na meta ou abaixo da meta. Essa quarta o FOMC vai ter a oportunidade de avisar o mercado que vai cortar em março. Mas eu aposto que será (mais) uma oportunidade perdida. O discurso vai ser dúbio e o mercado vai ficar atrás de migalhas ao longo das próximas semanas. Gogó de banqueiro central (ainda) tem poder.

Ok então, janeiro ainda vai ter ruído, mas começo de fevereiro é clima de Carnaval, né? Esqueça! Non-Farm Payroll na sexta ainda pode fazer barulho. Venezuela bloqueou o segundo líder da oposição de participar das “eleições limpas e transparentes” prometidas. Já são dois de dois, e vai ter que ter alguma resposta dos EUA. Se não, daqui a pouco acaba a oposição – ops, pera aí. Se escrevessem um livro sobre esse começo de 2024 ia estar na prateleira ao lado de “1984”, “Admirável Mundo Novo”, “Laranja Mecânica”, “A Nascente” e “Fahrenheit 451”. Pelo menos o livro estaria em boa companhia. Bom, pelo menos acho que depois do Carnaval vamos estar tranquilos, certo? Certo?

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Alexandre Aagesen

Com mais de 16 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, CAIA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", professor convidado e Investor na XP Investimentos