Como gerar 353 mil empregos?

Relatório de emprego (Non-Farm Payroll) surpreende o mercado – principalmente via juros

Alexandre Aagesen

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Hoje meus filhos voltam às aulas. Como bom brasileiro, cidadão de bem, deixei para finalizar a compra dos materiais deles nas últimas horas. Você pode imaginar o fim de semana gostosinho que eu tive. Na lista, considerando só a parte de papeis, tivemos: micro-ondulado, laminado, almaço (quadriculado e pautado), paraná (tenho certeza de que a escola inventa essas coisas), vegetal, transparência, criative paper, papel para dobradura, sulfite colorida, A3 e A4, crepom, papel cartão e… enfim, além, é claro, de 500 folhas de sulfite branca. Duas folhas por dia útil per capita! Fora os que eu (com certeza) esqueci de colocar aqui na lista e os demais materiais, claro. Imagina quantos empregos meus filhos geraram esse mês só para produzir, entregar e comercializar tudo isso de papel, além – é claro – de reflorestar uma área equivalente ao Mato Grosso do Sul. Se você não puder imaginar a quantidade de empregos gerados, dê uma olhada no relatório de emprego norte-americano (Non-Farm Payroll) de sexta. O mercado esperava 185 mil novas vagas, com um viés para baixo disso, até. O resultado: 353 mil novas vagas adicionadas (eu apostaria que 352 mil estão no ramo de Papel e Celulose).

Agora, se você acompanha essa coluna há qualquer coisa maior do que, sei lá, 3 dias, você já sabe que meu passatempo favorito é criticar o Jay-P (o marido da Elissa Leonard, não o da Beyoncé). Vou morder minha língua ao ser obrigado a concordar com o Powell: esqueça o corte em março! A probabilidade de o primeiro corte ocorrer ainda na próxima reunião, implícita nos mercados, caiu à 12%. Até na de maio caiu (agora em 65%) e junho entrou no jogo como a possível data do primeiro corte. Clima de velório no mercado… de juros. Não de bolsa. Não quando você tem Amazon e Meta no seu time. Mas aqui no Brasil, onde você tem BHIA3 e MRVE3 (com todo respeito à BHIA3 e MRVE3), o clima de velório foi generalizado. Dólar pra cima, juros pra cima, bolsa pra baixo. Você sabe como é.

E, por fim, temos uma semana mais esvaziada. Pré-Carnaval, né gente? Amanhã sai a ata do COPOM, mas ninguém espera uma bomba vinda dali. IPCA de janeiro, que sai quinta, também não deve mudar o plano de voo do BCB. Algum ruído vindo de Brasília é sempre esperado; claro, vivemos em um país emergente, para investir, devemos olhar a política. O pulo do gato é semana que vem. É no carnaval, com mercados fechados, que sempre vem a surpresinha. Para pular carnaval posicionado, tem que ter coragem (ou pelo menos uma conta offshore).

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Alexandre Aagesen

Com mais de 16 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, CAIA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", professor convidado e Investor na XP Investimentos