Testamos: Volvo C40 Recharge

O C40 tem tanta coisa que eles deveriam fazer uma propaganda do tipo: CARS FOR DUMMIES
Por  Raphael Galante -
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Caros leitores, digníssimas leitoras,

Na mais cabal das provas de que o pessoal do setor automotivo não bate bem da cachola, eis que na semana retrasada o Joãozinho lá da Volvo (João Oliveira, diretor de operações da Volvo no Brasil) convidou o estagiário para o lançamento do seu novo carro: o Volvo C40 Recharge (o último nome é aquela palavra bonita em inglês para falar que o carro é 100% elétrico).

O grande problema deste convite é que o pessoal falou que ele seria lá no México. E aí, a única coisa que ficou ecoando na minha cabeça era: “Aí tem Cuervo! Vamos acelerar… ai, ai, ai” (muito novo para entender a referência? Veja aqui). Ou seja, vai “dar ruim” …

Mas, vamos para a nossa epopeia etílica, automotiva.

Qual foi a grande sacada da Volvo?

Eles estão tentando quebrar (emplacar) dois conceitos: o primeiro é de que o carro novo deles é 100% elétrico e desenhado para isso. A marca tem aqui no Brasil o Volvo XC40 elétrico, que também é 100% elétrico, mas foi desenhado para também ser híbrido ou à combustão. Já no caso do C40, não existe essa opção.

Para quem nunca tinha visto como é um carro elétrico, ele é assim:

O segundo ponto é que eles quebraram aquela coisa chata no mercado brasileiro de quase todos os lançamentos recentes serem de SUVs ou picapes. E aqui, o pessoal da Volvo foi feliz no lançamento do carro. O que eles fizeram? Falam que é um “crossover”, uma mistura de cupê com SUV.

Mas, na real, ele é um “fastback”. Olhando de frente, lembra o XC40, mas basta vê-lo de lado para notar a cadência fastback da traseira e o balanço alongado.

XC40 e C40 de frente

XC40 e C40 de lado

Em resumo, o C40 é ligeiramente mais baixo que o primo XC40, porém mais comprido.

E como foi o nosso teste? Ao nos sentarmos de frente ao volante, o nosso primeiro pensamento foi algo do tipo: “Meu, vai tomar tomate cru, o carro é bom pra carvalho!”. Provavelmente o José Cuervo não me deixou lembrar com exatidão as palavras exatas, mas foi algo assim.

Quais são as grandes sacadas e diferenciais que o carro possui?

Conectividade

O C40 vem equipado com o sistema de multimídia Google Automotive Services, que tem todos os paranauês que a Google oferece. Ou seja, além de você usar o Google Maps, por exemplo, você também pode: enviar mensagens, escolher e tocar músicas, controlar a temperatura do ar-condicionado, entre outras firulas, apenas pelo comando de voz. Fora isso, os vikings meteram uns alto-falantes “TOP” da Harman Kardon que não vão fazer feio lá na quebrada!

Quando falamos em segurança veicular, temos que sempre falar da Volvo. Esse é um dos principais ativos que a marca possui. Por exemplo, quem inventou o cinto de três pontos nos veículos foi o pessoal da Volvo lá em 1900 e guaraná com rolha. E eles já eram tão “welfare state” que os vikings quebraram a patente da invenção para que todas as montadoras pudessem usá-la em seus veículos.

Já o C40 tem tanta coisa que eles deveriam fazer uma propaganda do tipo: CARS FOR DUMMIES! Como não sou tão “welfare” como eles, já patenteei a ideia.

O carro tem câmera 360º, sistema de mudança de faixa, sistema de alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado com frenagem automática, um paranauê que é o City Safety (em que o carro “enxerga” ciclistas, pedestres, grandes animais e faz a frenagem automática ou até esterça o volante para diminuir o impacto), pilotagem assistida e mais um monte de facilidades. Ele é o sonho de consumo de qualquer empresa de seguro! Na real, tem que ser muito “DUMMY” para conseguir fazer alguma “meleca” com esse carro.

E olha que a gente tentou…

Quando pegamos um carro desse tipo (cupê + SUV ou um fastback), a gente se sente o próprio Vin Diesel dentro da franquia “Velozes e Furiosos”. E aqui fica nossa única ressalva.

Estávamos rodando pelas estradas do México (fazendo bonito frente a uma dupla Audi-BMW), até que, de repente, eles nos ultrapassaram. O carro foi programado para travar aos 180 km/h. Amiguinhos, esse foi o momento mais broxante da viagem. Você na estrada (uma boa estrada) e não poder apertar o ritmo só mais um pouquinho… foi triste! E olha que estou longe de ser um piloto!

Enfim, outro aspecto do conceito “welfare” dos vikings é que o C40 iniciou uma fase 100% vegana!

Não, eles não irão mexer naquele seu bife tomahawk! O que eles fizeram foi “zerar” a utilização de couro animal no revestimento dos veículos. Para isso, houve o desenvolvimento de uma série de materiais sintéticos para dar aquele “plus-adicional-a mais” no acabamento do carro – e não ficou ruim.

Resumo da ópera: por ser um carro de R$ 420 mil, quase não há o que falar mal dele. Ele tem mais de 400 cv de potência; vai de 0-100 km/h em menos de 5 segundos (4,7s); agrada muito bem aos faria limers, os veganos, os socialistas de iPhone, enfim, todo mundo!

Ah, mas tem a questão do carregamento. Sim, é verdade. A autonomia dele é de uns 445 km. E, sendo sincero, algumas perguntas para você se fazer: quantas viagens de carro você faz por ano cuja distância é maior do que essa? Será que no meio do caminho já não têm os eletropostos da vida? E, sinceramente, se você comprou um carro de R$ 420 mil, por que não está fazendo essas viagens de avião?

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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