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Por que o IPO da Porsche já é um sucesso

Elementar, meu caro Watson: o melhor dos mundos é se trabalhar com o mercado de luxo!
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Eis que o grande bochicho da semana foi que os germânicos da Volkswagen irão passar nos cobres (fazer IPO) da sua principal joia, a Porsche.

O primeiro ponto que nos chamou a atenção foi a tirada de fazer a oferta com 911 milhões de ações da Porsche. Ou seja, os alemães tiveram bom humor (?) ao fazer uma analogia na quantidade de ações com o mítico carro da marca, o modelo 911.

Além disso, vale sempre lembrar que a Porsche já estava na bolsa (PAH3.DE). Mas aqui estávamos falando da holding que era controlada pela família Porsche-Piech. O que os germânicos estão passando no cobre é a Porsche AG, que é a fabricante de automóveis. Essa sim faz parte do grupo VW.

Mas o negócio é bom?

O que chamou a atenção foi que os caras nem precisaram de 24 horas para encontrar investidores interessados no negócio. Antes de começar, já acabou!

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E nessa turma só está aquele povo que nada no dinheiro, como o fundo soberano norueguês Norges Bank, o T. Rowe Price e o ADQ que, juntos, já se propuseram arrematar € 1,3 bilhão da oferta, além do fundo soberano do Qatar, que quer arrematar 4,99% das ações.

O negócio da Porsche foi avaliado por volta de € 75 bilhões e uns quebrados. Existe uma altíssima probabilidade de a marca estrear na Bolsa e já passar a valer mais que o próprio grupo VW, que está na casa de € 88 bilhões e uns trocados.

Mas por que a Porsche teve esse sucesso (ainda não concretizado, vale lembrar) logo de cara?

Elementar, meu caro Watson! O melhor dos mundos é se trabalhar com o mercado de luxo! Ou seja, com a nata da nata do Mundo de Caras.
Se liga na parada:

Olha a margem da Ferrari em 2021: 25,2%! Ganhar mais do que isso só sendo traficante, mas aí tem todo o risco do negócio!

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O raciocínio que o pessoal está fazendo é que a Porsche está numa média de uns 9 EV/Ebitda. A BMW, de uns 6,3 e a Ferrari com mais de 18.

A Porsche representa apenas 4% (com a generosidade do arredondamento matemático) das vendas do grupo VW. Mas é responsável por 12% das receitas totais da marca e de incríveis 26% do lucro operacional.

Fazendo uma analogia com as vendas dos produtos da marca no Brasil, eles não param de crescer há quase uma década! Gente… e é crescer no Brasil! Seria tipo o 13º trabalho de Hercules (e Hercules – provavelmente – falharia miseravelmente)!

Eles triplicaram o seu volume de vendas em uma década – enquanto o mercado caiu mais de 45% no mesmo período. Além disso, aqui em terras tupiniquins, existe uma fila de espera de uns 18 meses para comprar um Porsche.

Ou seja, se você, caro leitor, for dar um rolê lá numa concessionária Porsche e decidir se presentear com um carro da marca, só vai poder brincar com ele em 2024!

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Comprar um Porsche, hoje, é quase como fazer um consórcio: vai pagar e não vai levar na hora.

Assim, até este vil estagiário sabe que o negócio é bão!

E afinal de contas, por que os germânicos da VW estão passando a Porsche nos cobres?

O ponto aqui é que o pessoal da VW está dando um all-in no conceito de eletrificação dos veículos. Conforme afirmou Arno Anlitz (o homem do dinheiro do grupo – CFO) em um comunicado interno da Volkswagen: “As possíveis receitas nos darão flexibilidade para acelerar a nossa transição”.

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Estima-se que a maior parte desse total (por volta de uns € 30 bilhões) será alocada para o desenho de um carro elétrico e popular, com preços mais acessíveis que os atuais e maior volume de produção.

Além disso, a empresa já havia anunciado investimentos de € 20 bilhões na construção de uma fábrica de baterias na Espanha, seis fábricas de veículos pela Europa e duas na América do Norte.

A previsão deles é vender 3 milhões de veículos elétricos em 2025.

É lógico que, na hora que desenharam o seu business plan, não haviam incluído a variável “Putin” no seu plano de negócio.

Mas, “agora Inês é morta!”.

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Vamos esperar para ver o que vai virar!

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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