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O que presenciamos ao longo dos últimos anos, é que está ocorrendo uma procura por parte das grandes montadoras de veículos em investir no mercado brasileiro.
Uma das informações mais comentadas é o enorme potencial do mercado brasileiro. Em mercados maduros como o Americano e o Europeu, existe uma correlação de 1,5 a 3 habitantes por veículos. Já na América Latina e principalmente no Brasil, este índice é de aproximadamente 8 habitantes por veículo.
Concordamos que este índice – além de outros, como o cenário macroeconômico e principalmente de crédito – é um indicador importante.
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Porém, nas últimas semanas, começaram a sair os balanços patrimoniais do primeiro semestre deste ano das principais montadoras de veículos. E aqui as informações são mais interessantes e reforçam POR QUE AS MONTADORAS QUEREM INVESTIR NO BRASIL.
Dos diversos balanços que analisamos, selecionamos o da FORD para ilustrar o nosso exemplo. A escolha da FORD foi devido ao tamanho da empresa – não é tão grande (em volume de vendas) como a VW, Fiat e GM e nem tão pequena como a Hyundai, Peugeot e Honda. Além disso, quando mostrarmos a rentabilidade da marca na América do Sul, podemos estimar que quase 70% do volume vendido é oriundo do mercado brasileiro.
Para tentarmos mostrar um pouco do que imaginamos ao analisar os balanços da Ford dos últimos 30 trimestres, ou seja, de 2006 até o primeiro semestre deste ano, as duas principais informações que retiramos foram as seguintes:
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VENDAS:
Neste período, a FORD vendeu quase 41 milhões de veículos. Grande parte dessas vendas ocorreram na região da América do Norte com penetração de 47,8%. Em seguida vem a Europa com 30,3%.Ásia , África e Pacifico registraram penetração de 13,4%. América do Sul apresentou volume total de vendas de 3,445 milhões de veículos ficando com 8,4% do total das vendas da marca.
Ou seja, nessa ótica temos a menor penetração em volume de vendas.
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FATURAMENTO:
No mesmo período, a lucratividade da Ford (o chamado Pre-Tax) foi de US$ 14,457 bilhões. E aqui que começamos a observar alguns pontos interessantes!
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Se a marca lucrou quase US$ 15 bilhões e vendeu 41 milhões de veículos, isso implicou que cada veículo comercializado da FORD gerou uma lucratividade média de US$ 353.
Mas essa foi “a lucratividade média” da marca! Como se comportou cada região? Se a região da América do Norte é responsável por 50% das vendas, ela foi responsável por 61% da lucratividade, obtendo-se lucro bruto de quase US$ 450 por veículo vendido. No caso da Europa, a Ford, que é a segunda em volume de vendas com 30,3%, registrou prejuizo médio de US$ 3,22 por carro vendido! No caso da da Ásia, com quase 5,5 milhões de carros vendidos – nestes sete anos e meio – eles foram comercializados com prejuízo médio de quase US$ 5,00 por carro.
E a nossa “pequena” América do Sul, com 3,445 milhões de unidades e que representa apenas 8,4% das vendas da marca, registrou lucro bruto na ordem US$ 5,735 bilhões, o que representa quase 40% do total da lucratividade da Ford ao longo desses periodo.
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Mas o mais assustador é a lucratividade média por carro vendido: US$ 1.664,73. Esse índice da América do Sul é 471% maior que a média da marca e 271% maior que a lucratividade da América do Norte, que é a segunda região que mais lucrou da Ford.
APENAS COMO LEMBRETE, DO TOTAL VENDIDO NA AMÉRICA DO SUL, EM GERAL, 70% FOI VENDIDO NO BRASIL .
O gráfico abaixo ilustra melhor a distribuição da lucratividade e vendas da Ford (gráfico em coluna) e os números em cima dessas colunas mostram a variação entre a lucratividade e as vendas.
Apenas como fato ilustrativo, considerando que a fábrica da Hyundai inaugurada em Piracicaba (outubro de 2012) com custo de US$ 600 milhões (conforme divulgado), vai produzir e – provavelmente – vender os seus 150 mil veículos/ano e, imaginando que eles tenham a mesma lucratividade que a Ford América do Sul registrou na média dos últimos sete anos e meio, podemos afirmar que o retorno do investimento da Hyundai será totalmente pago em apenas 27 meses, considerando que ela fez o aporte total do montante investindo sem ter que recorrer a empréstimos de longo prazo, com juros “camaradas” como os do BNDES, por exemplo.
Esse, no nosso entendimento, é o principal motivo para as montadoras se instalarem no Brasil. Uma lucratividade por veículo vendido em geral três vezes maior que a encontrada em outros mercados.