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Opinião: “O Médico e o Monstro” na indústria automotiva brasileira

As locadoras são um fator primordial para o desempenho do setor, já que elas correspondem a 20% das vendas. É o monstro superando o seu criador
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Encerrado o mês de novembro, o setor automotivo vem se salvando. Já é possível vislumbrar que fecharemos o ano num zero-a-zero ou até com algum crescimento (mesmo que pífio)!

O que foi (e será) uma grande surpresa para todos os analistas que manjam do setor.

Mas qual foi a grande mágica/reviravolta que aconteceu?

A grande novidade é que as montadoras (ou grande parte delas) decidiram pelo fim do seu pudor. No melhor estilo “mulher de malandro” (ouça aqui), elas estão se socorrendo junto às locadoras.

Como estamos até o momento?

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Em novembro, o setor vendeu mais de 191,8 mil carros, sendo este o melhor resultado do ano! Esse número é 14% maior que o resultado de outubro, quando vendemos 168,4 mil veículos.

Quando comparamos o atual volume de vendas sobre o mesmo período do ano passado, o crescimento atinge quase 20%, uma vez que, em novembro de 2021, foram comercializados 160,7 mil carros.

E no ano (janeiro a novembro), como estamos?

Até agora, temos 1,752 milhão de carros vendidos contra 1,781 milhão de unidades sobre o mesmo período do ano passado.

Uma retração de 1,6%, ou uma diferença de 30 mil carros.

Essa recuperação do setor está atrelada à mudança no perfil do consumidor. O ponto central é conseguir enxergar essas mudanças enquanto elas estão acontecendo.

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Por exemplo, desde 1900 e guaraná-com-rolha, o mercado brasileiro sempre foi de carros pequenos (os chamados hatch pequenos). Mas, ao longo dos últimos anos, passamos por um processo de “SUVização”. Neste ano, o SUV passou a ser o carro mais desejado/comercializado pelos consumidores.

Assim como os SUV passaram a ser a “última Coca-Cola do deserto”, estamos também passando por um processo de mudança de quem é o consumidor de carro novo.

Se num passado não tão distante as pessoas físicas, assim como você caro leitor, eram o “cerne” das montadoras de veículos (com participação de 85% sobre o total), essa dinâmica veio mudando ao longo do tempo. Hoje você deixou de ser “aquela Coca-Cola” para virar uma “tubaína”!

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Vários fatores explicam essa mudança.

Os carros por aplicativo vieram para ficar; fazer a locação de um veículo em vez de possuí-lo é muito mais racional – e barato; o preço do carro novo disparou, enquanto a renda média do brasileiro despencou; entre outros motivos.

Tanto que, em novembro, 45% de todos os veículos vendidos foram para os consumidores “normais”.

Novos tempos se iniciam na indústria automotiva! Hoje, as locadoras são um fator primordial para o desempenho do setor, já que elas correspondem a 20% das vendas.

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São 20% das vendas de um setor na mão de três ou quatro empresas que decidirão se o setor automotivo irá bem ou não. É o monstro superando o seu criador!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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