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O tombo da Volkswagen

Neste primeiro trimestre, o mercado deve registrar retração de uns 25%. E a VW? Com sorte, ela vai fechar este período com queda de 56% nas vendas
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

O mês de março está acabando e, junto com ele, o primeiro trimestre do ano. E quais novidades trazemos? Só desgraça! Mas isso fica para semana que vem, quando tivermos os dados finalizados.

O que podermos adiantar é a derrocada da quase septuagenária Volkswagen.

Se, num passado não tão distante, a gente exaltava a marca por sua transformação de carros pé-de-boi para veículos de alto valor (com o lançamento dos seus SUVs, por exemplo), hoje a montadora está fazendo feio!

Mas MUITO FEIO!

O que teremos neste primeiro trimestre? O mercado total deve registrar retração de uns 25%. E a VW? Com sorte, ela vai fechar este primeiro trimestre com queda de 56% nas vendas.

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Gente, eles estão iguais a Dilma:

Várias marcas estão com retração nas vendas, como Fiat, GM, Honda, entre outras. Mas nada com a magnitude da Volkswagen. Pela primeira vez na história da marca, ela está com um Market Share abaixo dos 10% (ou dos dois dígitos).

Qual é a razão para isso? A resposta padrão será aquela básica de: falta generalizada dos semicondutores; falta de insumos básicos, que afetou toda a cadeia produtiva de peças; o alinhamento de Vênus e Mercúrio retrógado, entre outros pontos que o pessoal sempre fala.

Mas o que esse vil estagiário acha?

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À “boca pequena”, o pessoal comenta que os alemães da VW se “abrasileiraram”. Já se sabia há muito tempo que os motores dos veículos leves deveriam mudar neste ano, tornando-se mais eficientes (norma P7). Assim como, em janeiro do ano que vem, todos os motores de caminhões também mudarão para ficarem mais eficientes, num normativo assinado há mais de uma década! #ficaadicaparanãofazerigual.

O que os germânicos da VW pensaram? Eles imaginavam que iria rolar um “sambarilove” junto ao governo, postergando a implementação do P7. Logo, não precisariam mexer em boa parte dos veículos.

O problema foi que “deu ruim” – e eles não tinham o clássico plano B.

Quando a gente analisa quais produtos da marca estão com mal desempenho, percebemos que são aqueles com “motorização antiga” como Gol, Saveiro e Voyage.

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Quando existe uma mudança de motorização, sempre rola um planejamento de alguns anos para que o processo seja o menos traumático para todos. Mas os germânicos da VW são raiz, eles gostam de sofrência! Agora, eles estão correndo atrás do prejuízo.

E o clima lá na marca deve estar pesadíssimo: tem a rede de concessionários sem produtos para vender; um elefante (fábrica) para manter; a matriz cobrando resultados – e sem uma previsão “efetiva” de normalização plena. Aposto que o bônus (curry-bockwurst) dos executivos já foi cancelado!

Lógico que tudo isso parece mais um devaneio do estagiário. Acho que a marca explicaria que a atual situação tem mais a ver com o alinhamento de Vênus e Mercúrio retrógado do que com esta teoria absurda acima…

Após a publicação do artigo, a Volskwagen enviou o seguinte posicionamento:

A escassez no fornecimento de semicondutores tem levado a vários gargalos de fornecimento em muitas indústrias globalmente. Isso também tem gerado problemas no abastecimento da indústria automotiva ao redor do mundo durante o ano de 2021. O resultado são adaptações em toda a indústria na produção de automóveis, o que também afeta as marcas do Grupo Volkswagen.

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O time da Volkswagen América Latina tem trabalhado intensamente, em parceria com a matriz e fornecedores, para minimizar os efeitos da escassez de semicondutores para a produção em suas fábricas na região. Entretanto, o cenário atual não demostrou o encaminhamento para uma solução definitiva visando a normalização do fornecimento de chips.

Por esta razão, a produção da VW do Brasil adotou as seguintes medidas de flexibilização:

– Fábrica de São Bernardo do Campo/SP (Anchieta): 1 turno em layoff de 1/11/21 a 2/3/22, em razão da escassez do fornecimento dos semicondutores.
– Fábrica de Taubaté/SP: férias coletivas de 4/1/22 a 2/2/22 para adequação da linha de produção para a implementação da plataforma MQB na unidade, para produção do projeto Polo Track, novo modelo que irá ser lançado em 2023.
– Fábrica de Taubaté/SP: 1 turno em layoff de 3/2/22 com retorno programado para agora, no próximo dia 4/4/22, em razão da escassez do fornecimento dos semicondutores.

– Vale lembrar que a empresa atendeu rigorosamente às exigências à nova fase do Proconve (L7) e renovou sua linha tornando-a mais eficiente e moderna. Mais informações podem ser encontradas no press release.

– Além disso, a marca finalizou o ano de 2021 como líder no segmento de SUVs compactos com os modelos VW T-Cross e VW Nivus na região. Ambos os modelos mantiveram a liderança em janeiro e fevereiro deste ano, com cerca de 28% de marketing share.” 

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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