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O índio, a selva e o barco: mercados automotivos de brasileiros e mexicanos dão goleada no argentino

Na região, temos um mercado plenamente “exportador”, como o do México, e um auto suficiente, como o brasileiro. Lógico que o que falta é ter aquele que é uma bomba
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras: na semana passada, o digníssimo presidente da Argentina referiu-se aos cidadãos mexicanos e brasileiros como “indígenas” e “selvagens”, respectivamente. Nossa primeira impressão foi: “Ufa! Histórico de presidentes esdrúxulos não é algo exclusivo só do Brasil!”. O que, num primeiro momento, nos deu um certo alívio…

Mas depois entrou aquele conceito de pai: “Peraí, o meu filho até pode ser feio, mas só “EU” posso chamá-lo de feio…”

E aí nos perguntamos: “quem é a Argentina na fila do pão?”

Ok, eles são muito melhores do que a gente quando falamos em: alfajor; doce de leite; churrasco (às vezes) e vinhos (neste último, o pessoal da Randon vem dando o troco para a gente).

Mas, entrando na nossa seara (o setor automotivo), voltamos ao questionamento: quem é a Argentina na fila do pão?

E aí, o que fizemos? Primeiramente, levantamos os dados de produção de veículos dos três países na última década:

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Quando falamos de fabricantes de veículos mundialmente, notamos que, enquanto o mundo vinha num crescimento de 2011 até 2018, a produção de veículos na Argentina caia tanto quanto o Vasco.

Ok, 2020 foi “um ano atípico”. Mas um comparativo do ano de 2020 sobre 2011 mostra que a Argentina registrou queda de quase 70% na produção de veículos em uma década. No mesmo período, o Brasil apresentou retração de 41% e o mercado mexicano cresceu 19%, enquanto o mundo teve queda de 3%.

A produção de veículos na Argentina corresponde por apenas 0,3% da produção global de veículos. Ou seja, praticamente nada – ou então, seriam considerados aquela nossa “perda fabril”, que existe em qualquer negócio. O México é detentor de 4% da produção global, enquanto os tupiniquins representam quase 3%.

O interessante ao analisarmos esses dados é termos um panorama de como cada país se destaca no mercado global de veículos. Fizemos um comparativo da produção com o volume de vendas. Encontramos os três tipos clássicos do mercado automotivo.

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MÉXICO

O mercado mexicano é aquilo que gostaríamos de ser: um exportador nato de veículos. Sua indústria é voltada para o mercado exterior (entenda-se: Estados Unidos). Em teoria, de cada três carros fabricados no México, apenas um fica no mercado doméstico.

BRASIL

Teoricamente, o mercado interno brasileiro é autossuficiente. É como se todos os carros produzidos aqui ficassem no mercado interno. Isso é interessante, pelo tamanho do mercado consumidor brasileiro. Mas ser um “México” seria economicamente mais interessante.

ARGENTINA

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Bem, se temos um mercado plenamente “exportador”, como o do México, um auto suficiente, como o brasileiro, lógico que o que falta é ter aquele que é uma bomba. Ou seja, não consegue atender o mercado interno e, logicamente, nem o externo.

De cada 100 carros vendidos na Argentina, eles só possuem capacidade de atender 78. A diferença tem que ser importada.

Em resumo, no setor automotivo o México vai goleando tanto a Argentina quanto o Brasil. Já o mercado brasileiro não é nenhuma “Brastemp”, mas vai indo. Já na Argentina, vocês podem comprar o doce de leite, sem medo.

Parece que os selvagens e os indígenas sabem remar melhor do que aqueles que vieram de barco…

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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