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Mercado automotivo cresce 26% — mas a batata está assando para o setor

A grande pergunta de US$ 1 milhão é: quando a produção de veículos vai se normalizar no Brasil? A resposta nua e crua é: só em 2022 (com sorte).
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras: encerrado o mês de julho, as vendas de carros totalizaram 162,4 mil unidades vendidas, o que representou uma ligeira queda de 4,3% sobre o mês anterior, quando tivemos 169,6 mil carros vendidos.

Se compararmos com o mesmo período do ano passado (julho/2020), rolou um “empate técnico”: naquele mês tivemos 163,1 mil carros vendidos – o que corresponde a uma retração de 0,4%.

A boa notícia é que, no acumulado do ano (janeiro a julho), as vendas totalizaram 1,169 milhão de unidades, contra 926 mil sobre o mesmo período do ano passado. Isso corresponde a um crescimento de 26,2%.

Uauuuu….

Só que não é bem assim….

Esse crescimento no ano é alicerçado ao péssimo desempenho que o setor registrou no período de fim de março até meados de junho do ano passado, quando o lockdown paralisou toda a economia. Já nos últimos cinco meses do ano passado (entre agosto e dezembro), as vendas deslancharam e tivemos um volume médio de 205 mil carros vendidos por mês.

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E qual é o grande problema deste ano?

O que acontece é que as vendas estão estagnadas! O cerne é a falta de componentes para a produção de veículos (a desculpa padrão é “falta de semicondutores”, mas vamos explicar isso mais para a frente).

Perceba que, neste ano, as vendas de veículos se mantiveram numa trajetória “praticamente flat”. E não existe uma grande sinalização de que haverá aumentos substanciais na produção.

O que vem ocorrendo é que algumas marcas foram interrompendo a sua produção ao longo do tempo, sem grandes prognósticos de voltar com uma produção 100%. Por exemplo, o “ex-carro mais vendido” GM/Onix está com a produção suspensa desde abril e existe a promessa (?) de ele voltar a ser produzido a partir de meados deste mês.

Ou seja, a batata está assando para a indústria automotiva.

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Se a gente fizer aquela conta de padaria e estimar que nos cinco meses que faltam para o ano acabar o setor irá vender o mesmo volume médio feito entre janeiro a julho, no final do ano esse crescimento de 26% (que estamos celebrando hoje) se tornará algo próximo a 2%.

E a grande pergunta de US$ 1 milhão é: quando a produção vai se normalizar?

Antes de todos falarem que o estagiário gosta de colocar água no chope da galera, a resposta nua e crua é: só para 2022 (com sorte).

E aqui o grande problema – realmente – é a falta de semicondutores!

Tudo que as montadoras falam é verdade (não aquela verdade com todos os pontos para se analisar).

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Com o avanço tecnológico, seja na parte de segurança, conectividade e afins, cada vez mais os semicondutores fazem parte na produção dos carros.

Usando o exemplo do “ex-líder” de vendas, a GM divulgou como são distribuídos os semicondutores na produção do Onix:

E quando a situação degringolou?

Quando a pandemia se iniciou e, logo no começo, houve o lockdown em várias partes do mundo, iniciou-se a paralisação da produção de veículos. E, consequentemente, pedidos da matéria prima foram cancelados.

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Um primeiro lado perverso é que os produtores de semicondutores continuaram operando e, mesmo após a paralisação do pessoal de autos, focaram sua produção para o pessoal de informática e telecomunicações.

Aí o pessoal de autos foi para o fim da fila…

Viu? Provavelmente vocês já devem ter lido isso na mídia… não falei nada além do que o óbvio ululante!

O segundo ponto perverso (e que as montadoras não falam) é que os semicondutores que estão disponíveis para as montadoras, são alocados para as fábricas que dão os melhores resultados para as matrizes.

Ou seja, hipoteticamente, se a GM mundial recebeu um lote de “x” semicondutores, ela vai direcionar para as fábricas que produzem os carros que irão dar o maior retorno à empresa e, consequentemente, aos seus acionistas.

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Ainda no exemplo da GM: vocês acham que é mais lucrativo (para a companhia e para os acionistas) produzir um Onix lá em Gravataí (RS) ou algum outro carro lá na fábrica de Detroit?

Está aí a Ford que não me deixa mentir…

A grande pergunta que o pessoal das montadoras está fazendo é: hoje, onde eu estou perdendo menos? Ou: hoje, onde eu estou ganhando mais?

No caso da GM, mesmo a fábrica indenizando (pela “não produção”) uma série de elos da sua cadeia, para nós parece claro que ela vem priorizando a produção de outros produtos em outros lugares ao redor do mundo.

Contudo, o oposto também é verdadeiro!

E existem operações brasileiras que são extremamente rentáveis!

Veja o ranking das principais marcas no mercado brasileiro:

Gente, têm marcas que dobraram de tamanho, com crescimento superior a 100%. O grande destaque aqui é que, do Top 5, quatro marcas são do recém criado grupo Stellantis (Citroën – Fiat – Jeep – Peugeot) O grande “furão” é a Caoa-Chery do Dr. Carlos Alberto “Midas” de Oliveira Andrade.

E o que todas elas possuem em comum?

I N C E N T I V O S  F I S C A I S

Amiguinhos, aqui é onde a porca torce o rabo!

Acreditamos que o exemplo máximo é a fábrica da Jeep. Lá, eles não produzem carros… para nós, eles estão rivalizando com a Casa da Moeda, já que (quase na prática), eles produzem dinheiro! O que o pessoal fala à boca pequena é que a construção de todo complexo da Jeep foi um daqueles casos de “presente de pai para filho”. Mas numa escala tipo “Lily Safra presenteando os filhos”!

Nesse exemplo antagônico ao da GM, temos uma montadora priorizando a sua produção aqui em terras tupiniquins.

Mas, mesmo assim, o problema dos semicondutores ainda irá se prolongar ao longo deste ano, sem uma “grande solução” para o ano que vem!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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