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Melhores do ano: como os carros usados viraram ouro em 2021

Se num passado não tão distante o mercado de carros usados era “a ovelha negra da família”, isso vem mudando nos últimos tempos
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Em nossa retrospectiva de 2021, um dos grandes destaques foi o de mercado de carros usados. Se num passado não tão distante o mercado de carros usados era considerado o patinho feio do setor, ou no melhor estilo Rita Lee de ser, “a ovelha negra da família”, isso vem mudando nos últimos tempos.

De fato, o pessoal do setor brinca que o carro usado virou ouro, tamanha é a procura/demanda por ele (fora o ganho que as empresas estão tendo na revenda do veículo).

Mas, o que aconteceu para essa reviravolta?

O primeiro item que sempre devemos levar em consideração é que o brasileiro é apaixonado por carros. E aqui o primeiro ponto é ajustarmos o conceito de “carros”: pouco importa se é novo ou usado. O sonho do carro novo era mais latente há 10 anos. Hoje, o que importa é ter um carro.

Neste ano, o mercado de carros novos vai oscilar entre um crescimento microscópico (se acontecer) até uma retração de 0,5% – o que seria (será) o nosso segundo ano consecutivo de queda nas vendas.

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E o mercado de carros usados? Teremos “só” um crescimento entre 19% a 20%.

Enquanto um setor definha, o outro trabalha intensamente!

Quando somamos “alhos com bugalhos”, nota-se que o mercado de compra e venda de carros irá registrar um crescimento próximo a 16%.

Em 2021, deveremos ter 13,2 milhões de unidades comercializadas. O que deixaria o resultado deste ano como o terceiro melhor da série histórica. Convenhamos, para um ano “meio-pandêmico”, o resultado “tá bão demais”!

E esse “terceiro” melhor resultado é meio enganoso, já que ele aponta a média. A leitura do gráfico mostra que as vendas de carros novos estão no seu pior resultado dos últimos 15 anos.

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Já as vendas de carros usados estão no seu melhor resultado “forever and ever”! Nunca se vendeu tanto carro seminovo como neste ano.

De fato, o mercado de venda de carros estará quase voltando ao seu melhor resultado (2014). O que houve foi a mudança no perfil da compra do carro.

Há uma década, a participação do carro novo oscilava entre 25% a 30%. Hoje, ela se encontra no seu pior resultado. Menos de 15% de todos os carros que foram vendidos no mercado brasileiro foi de carros novos.

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E qual o motivo desta reviravolta? O grande ponto foi que montou-se o cenário perfeito no mercado de usados.

Para começar, os agentes financeiros estão despejando muito dinheiro para o financiamento de veículos. E eles estão ampliando cada vez mais o leque do que pode ser financiado. Se antes eles aceitavam carros de três-quatro anos (desde a data de fabricação), hoje carros de até 10 anos entram fácil no sistema financeiro para serem alienados.

Outro ponto que auxiliou o mercado de usados foi o desempenho de nossa tragicômica economia nestes últimos oito anos. Apesar de todos os pesares, deveremos fechar esse ano com crescimento por volta de 4,5% no PIB. Isso impactou no mercado da venda de carros – mas, principalmente, o mercado de seminovos.

Por fim, basta acrescentar a pisada na bola que as montadoras deram quando fecharam o seu budget de 2021. Quase todas erraram feio. E as que “não erraram tanto”, tiveram a demanda por seus produtos aumentada pela saída da Ford, que deu de “mão beijada” um nicho de 120 mil veículos novos.

E aí, todo mundo sabe o que rolou: a falta de peças foi generalizada e houve “pobremas” para a produção dos carros novos. Ou seja, com a baixa oferta (produção) de carro zero Km, o encarecimento dos mesmos devido à pressão inflacionária (fora a legitima e única lei do mercado: demanda versus oferta), aliados a uma forte demanda por veículos, tivemos o encarecimento dos produtos novos, o que gerou a migração do consumidor para o mercado de usados.

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Então, presenciamos alguns fatos nunca ocorridos na história recente do mercado automotivo…

Um exemplo é a forte valorização do carro usado (por volta de 20%) neste ano. Alguns produtos chegaram a valorizar mais de 30%. Outros pontos foram: o consumidor (na sua grande maioria) pagará um IPVA mais alto em 2022 do que ele pagou neste ano. Para aqueles que transacionaram o seu veículo, existe a possibilidade real de se pagar Imposto de Renda pelo ganho de capital. Tudo isso causado pela forte valorização do mercado de usados.

E a tendência é que isso se mantenha em 2022, com um possível resfriamento só para o final do ano.

Mas se têm alguém chorando (a indústria), sempre tem alguém vendendo lenços! E aí tivemos as AUTOTECHS. Empresas como: Creditas Auto, InstaCarro, Karvi, Kavak e Volanty surfaram neste crescimento. E, se mantiverem o foco, a possibilidade de se tornarem players de grandes proporções é imensa.

O ano de 2021 está se encerrando e o mercado de veículos usados deixou de ser o patinho feio para se transformar num belo cisne. Na verdade, para aqueles que souberam aproveitar o momento, ele se transformou numa fonte excelente de lucro.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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