Feliz ano velho… Adeus ano novo!
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Faltando três míseros dias úteis para encerramos o caótico ano das vendas de carros, o setor deverá fechar este ano com volume oscilando entre 2,47 e 2,48 milhões de carros comercializados, o que impactará numa queda de pouco mais de 25%, como projetamos ao longo do ano.
Lembrando que,no ano passado, foram pouco mais de 3,32 milhões de carros, ou seja, este ano, o setor automotivo deixou de vender a bagatela de 840 mil carros.
O grande ponto de todos que vivem/atuam no ramo automotivo é que, a cada mês que passa, sentimos saudades dele!
O exemplo foi a tragédia nas vendas deste segundo semestre: julho teve 220 mil unidades vendidas, agosto 200 mil; setembro 192 mil; outubro/novembro ficaram com 187 mil na média e, agora, em dezembro fecharemos com uns 222 mil.
E dezembro nem acabou e já está deixando saudades – ou pior – deixando todos de cabelos em pé! Janeiro (em geral) é um mês ruim, depois teremos carnaval em fevereiro e aí o Brasil começa a se mexer em março (se o Congresso deixar).
Falando sobre o mês de janeiro, esse ano foi tão caótico, mas tão caótico, que o melhor mês de vendas foi janeiro. Em geral, o volume do mês de janeiro é uns 13% abaixo do volume médio. Neste ano, janeiro vendeu 243 mil carros contra uma média anual de 206 mil: uns 18% acima.
A última vez que janeiro foi um mês de recorde foi no fatídico ano de 1981. Ano em que a inflação bateu mais de 120%; o país apresentou retração de 4,25% e o Flamengo foi campeão mundial…
Mas, qual foi o apanhando geral do ano?
- Dentre as marcas de volume, somente a Honda se deu bem! Foi a única que cresceu, devido ao sucesso do seu veículo HR-V;
- Este foi o ano dos carros importados (mas dos importados de luxo) marcas como BMW, Audi e Mercedes Benz tiveram bom desempenho nas vendas;
- O nosso “ex” quarteto fantástico (VW; Fiat; Ford e GM), que nos tempos áureos de mercado fechado (antes do Collor) possuíam quase 90% da fatia, viram a sua participação de mercado despencar para menos de 60% (58,3%) neste ano! A perda de mercado deles foi de 30 pontos percentuais em duas décadas e meia.
- Neste mês de dezembro, a tradicionalíssima Volkswagen irá encerrar o mês de dezembro com Share de 12%, que é o pior resultado da marca desde quando ela se instalou no Brasil.
- A Hyundai entrou no páreo para ser a quarta maior montadora do pais. Neste último trimestre, o seu volume de vendas foi de 52,5 mil carros contra 52,8 mil da Ford.
E o que devemos esperar para o ano de 2016?
Bem… 2015 foi o terceiro ano consecutivo de quedas nas vendas.
Já 2016 será o quarto ano consecutivo de quedas nas vendas!
Mas de quanto será essa queda? Bem… é aqui que a porca torce o rabo! Conversando com as mais diversas montadoras, o número cabalístico apontado por quase todas é que o mercado de carros para 2016 será de 2 milhões de veículos (tem marcas trabalhando com volume de 1,9 milhão).
Ou seja, na ótica da maioria deles, depois de uma retração de 25% teremos uma nova queda de 20%.
O que eu acho? Que novamente eles exageraram! Como são quase duas décadas trabalhando no setor, já vimos de tudo. O que eu acredito é que, quando houve o “otimismo extremo” por parte deles – durante os anos dourados – onde apontavam para um mercado de 4,5 milhões de carros em 2015, os investimentos foram baseados num cenário onde o Brasil venderia quase 6 milhões de carros em 2020.
E, nós, sempre tivemos o papel de colocar água no chopp daquelas previsões “polianas”. O que achamos é que todos – agora – estão com um “pessimismo extremo”. Estão vendendo o pior dos mundos para as matrizes para evitar cobranças. Se o mercado cair “só” 10%, ficou bem na foto!
Qual o nosso número? Bem, tem uma continha de “padoca” bem fácil para vocês terem noção de grandeza. Em geral, na média histórica, cada ponto de queda ou crescimento do PIB significa 3 pontos de evolução nas vendas de carros, ou seja, uma razão de 3:1 (salvo as variáveis catastróficas).
Ou seja, se o PIB vai cair 3% ano que vem, o mercado de autos irá se retrair 9%. O nosso número é de uma retração entre 6,5% a 8,5%. Mas acreditamos num volume na ordem de 2,28 milhões de carros. Sendo um primeiro semestre com queda superior a dois dígitos (aqui falando de uns 20%) e uma “melhorada” no segundo semestre.
O que vai acontecer é uma briga violenta entre as marcas que mais vendem! O que acreditamos é que a RENAULT vai continuar roubando uma boa fatia do pessoal que vende picapes pequenas (VW,Fiat e GM). Por sua vez, a FIAT, com a sua nova picape média, vai roubar mercado do pessoal da Mitsubishi, GM, VW, Nissan e Ford; e a Toyota, com a sua nova Hilux (pois melhor que uma Hilux só a nova Hilux), vai roubar mercado de todos eles!
Quem tenderá a se sair bem é a Nissan com o seu budget de mídia global por causa das olimpíadas, além do seu novo carro (SUV). O mesmo se especula com o pessoal da Hyundai com a chegada lá para setembro de um novo carro (também SUV).
O ponto aqui é que as marcas estão apostando num conceito de mercado “americano” de SUV e Picapes. Se tiver algum leitor de extrema esquerda, podemos afirmar que estamos “americanizando o mercado de carros brasileiros”. Mas é bem melhor isso do que os “pés de bois” que vendíamos…
Resumão (não entrando no mérito do péssimo cenário econômico):
- Os nossos japas (Honda e Toyota) vão continuar na tocada deles sem grandes traumas;
- Os importados vão sofrer um pouco. As novas tabelas estão vindo com aumentos amargos.
- Renault-Nissan-Hyundai com potencial de crescimento ou zerar perdas.
- Estou apostando que as quatro grandes encerrem o ano com Share de 45% (salvos pelas Fiat).
- Ticket médio das marcas vai continuar aumentando.
- Usados estarão em alta! (falando nisso estou vendendo um Fiat 500; 2013; 30 mil Km; único dono; informações raphael@oikonomiaconsultoria.com.br)