As marcas da crise no setor automotivo.

<span>Com início da recuperação do setor, podemos ver com mais clareza algumas das cicatrizes que está última crise deixou para nós...</span>

Raphael Galante

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As vendas de carros no mercado interno começam a se recuperar. Se não houver nenhuma TEMERidade ao longo dos próximos meses, o setor pode até sonhar com um relativo crescimento nas vendas (marginal mas, mesmo assim, crescimento) para o ano de 2017.

O grande ponto agora é vislumbrar e entender melhor as cicatrizes que ficaram no setor automotivo.

Não vou dizer que o setor virou um “frankstein” cheio de cortes – digamos que estamos mais para um “scarface”…

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E, aqui, tivemos grandes cicatrizes!

Foram mais de 2 mil concessionários (segundo a FENABRAVE) que encerraram as suas atividades. Numa conta de padoca, falamos  ao menos em 100 mil postos de trabalho que fecharam.

Quem sofreu mais ainda, foi o setor de autopeças. Apesar de adotar o conceito “boi de presépio”, foi amém demais para as montadoras! Tivemos um programa (INOVAR AUTO), que deveria ter sido a salvação da lavoura; com o câmbio apreciado, num passado não tão remoto, as importações ajudaram a derrubar a competividade e ganhos das fábricas de peças e, por fim, TODAS AS MONTADORAS asfixiaram ao máximo os seus fornecedores. O setor de autopeças hoje trabalha com 45% da sua capacidade, contra 75% de 3 anos atrás.

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E a única coisa que funciona no mundo é o “karma”.

Como boa parte das montadoras tentaram matar as duas pontas do processo, a conta chegou. Para algumas a conta já chegou há um bom tempo, para outras a situação se agravou mais ainda! Este é o pior resultado do setor desde 2006. Para o grupo PSA, será o pior resultado desde 2000; as tradicionais FIAT, GM e Ford voltaram para o período 2003/2005 de vendas.

Mas a marca que apresenta a pior situação – neste ano – é  a Volkswagen. Com a “quebra” de alguns de seus fornecedores (que paralisaram a sua fábrica), além do escândalo global na questão da emissão de poluentes, a Volkswagen registrou – até o momento – o seu pior resultado dos últimos 29 ANOS, ou seja, desde de 1987, quando o Fusca, a Brasília e a Kombi ainda eram vivas.

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Todas essas marcas vão se superar e se reerguer das cinzas (assim como a fênix), mas a cicatriz no rosto estará lá para não deixar a gente esquecer….

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva