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A política, enfim, irá ajudar o mercado a andar – 2017

Após anos, entenda como a política nacional poderá beneficiar o mercado de ações no Brasil
Por  Roberto Indech
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Até que enfim, depois de muitos momentos de tensão no Congresso Nacional que acabaram por destituir a ex-presidente Dilma Rousseff em meados de 2016 além de trazer turbulências ao início do governo Temer, parece ter chego o grande momento. Com as eleições de Eunicio Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado e de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a Câmara – na realidade uma reeleição, apesar de contrariar a constituição – o Governo Federal estará bastante alinhado com as lideranças. Não que com Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não estivessem, mas havia lá suas diferenças, apesar de pertencerem ao mesmo partido. O senador do mesmo partido de Temer foi eleito com enorme maioria na casa e apenas um oposicionista. Já o carioca ainda viu um número grande de candidatos ao mesmo cargo, mas obteve quase 60% dos votos necessários e levou ainda no 1º turno.

Em 2016, a bolsa subiu 39% e para as 2017 as perspectivas seguem positivas, especialmente se focarmos no cenário nacional. Logo após o impeachment de Dilma, já havia sinalizações de que poderíamos começar a ficar um pouco mais otimistas, com alguns incêndios sendo apagados no Congresso mas monitorando o cenário político e econômico, visto que cada um deles não caminharia de forma solitária. Até a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita o teto dos gastos do governo por ao menos dez anos, passou com mais facilidade do que poderíamos imaginar anteriormente, ainda mais se levarmos em consideração o ambiente conturbado na política em 2015 e no início de 2016. No entanto agora o jogo parece ter mudado, pelo menos para os próximos dois anos.

 Agora, a pauta do ano certamente será a Reforma da Previdência e o governo deve apostar muitas de suas fichas para aprovar uma medida extremamente impopular mas necessária ao país, principalmente depois do anúncio do déficit de R$150 bilhões em 2016 na previdência. A tendência é que este numero passe a piorar ano a ano, com a queda da arrecadação e aumento nos gastos devido ao envelhecimento da população. Apenas para ciência, este déficit era de R$35 bilhões em 2011, ou seja, um aumento de mais de 320% em apenas 5 anos. A expectativa é que a aprovação possa vir em meados de 2017, com muita negociação e discussões, mas que de fato virá. A reforma fiscal iniciada em 2016 está em curso e com ela a perspectiva de forte queda da taxa de juros, a Selic. Aliás, uma das condições do Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) justamente era a aprovação destas reformas. O custo Brasil parece ceder e a retomada da economia virá, possivelmente a partir do segundo semestre de 2017. Ao que tudo indica, devido ao quadro de recessão do país, a inflação também deverá recuar forte, podendo inclusive ficar abaixo do centro da meta estipulado pelo governo de 4,5% ao ano.

Portanto a leitura que se faz neste momento, de perspectivas de um governo mais fortalecido e unificado, com as lideranças das duas casas (Senado e Câmara), queda da taxa de juros, inflação controlada a patamares baixos e política mais estável é de um ano positivo para a bolsa de valores. Para alguns, isto vai parecer otimista demais mas apenas em janeiro já vimos uma grande “boa vontade” de investidores estrangeiros com o país, com o fluxo altamente positivo no mês sendo essa também uma das razões para acreditarmos que o dólar continuará desvalorizado no curto prazo. O maior risco? Muitos podem dizer que se trata da Operação Lavajato da Polícia Federal, mas acredito que esse está longe daqui e atende pelo nome de Donald Trump. Esse risco será monitorado dia a dia, mas enfim, a política no Brasil irá ajudar o mercado a andar.

Roberto Indech Analista chefe de investimentos da Corretora Rico/ CNPI - EM1426. Graduado em Relações Internacionais pela FAAP e certificado pelo Programa de Qualificação Profissional (PQO).

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