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Um SWIFT independente de quem?

No dia 21 de agosto de 2018, o ministro de relações exteriores da Alemanha, Heiko Maas, publicou um artigo no jornal Handelsblatt defendendo uma revisão da relação entre Europa e Estados Unidos. Dentre os diversos pontos levantados, Maas aventou a ideia de "construir um sistema de pagamentos SWIFT independente" (ein unabhängiges Swift-System aufbauen). A pergunta pertinente é: independente de quem? Na opinião do ministro alemão, independente dos Estados Unidos e dos desmandos do regime trumpista.
Por  Fernando Ulrich
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No dia 21 de agosto de 2018, o ministro de relações exteriores da Alemanha, Heiko Maas, publicou um artigo no jornal Handelsblatt defendendo uma revisão da relação entre Europa e Estados Unidos.

Dentre os diversos pontos levantados, Maas aventou a ideia de “construir um sistema de pagamentos SWIFT independente” (ein unabhängiges Swift-System aufbauen). A pergunta pertinente é: independente de quem? Na opinião do ministro alemão, independente dos Estados Unidos e dos desmandos do regime trumpista.

A SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication) é um sistema proprietário de mensageria financeira utilizado pelos bancos em transferências entre fronteiras. Em síntese, ele é o principal padrão para pagamentos internacionais. Recentemente, ele tem sido alvo do governo de Trump para fazer cumprir as sanções ao Irã, uma vez que os EUA se retiraram do acordo nuclear.

Ocorre que a Europa também é signatária de dito acordo e permanece resoluta em honrá-lo. Porém, se o SWIFT for impedido — ou compelido por pressões políticas — de permitir o acesso a bancos iranianos, a Alemanha, entre outros países, terá de buscar outros meios para efetuar transações comerciais com o República Islâmica do Irã.

Entendo perfeitamente o pleito do Heiko Maas, mas é preciso ir além. Hoje, a Alemanha preconiza a independência do SWIFT em relação aos EUA. Contudo, o jogo geopolítico é dinâmico e muitas vezes imprevisível. Em alguns anos, talvez alguns países sintam a necessidade de um sistema de pagamentos independente da própria Europa.

Qual seria a saída então?

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A alternativa duradoura seria um sistema efetivamente neutro e imune a influências políticas de toda sorte. Precisamente nesse quesito está um dos grandes atributos da rede do Bitcoin: um sistema de transferência de valores global, apolítico, neutro e à prova de censura.

Como diz o blogueiro JP Koning, “se um bully pode unilateralmente banir o Irã do sistema global de pagamentos, quem dirá que a próxima vítima não seja o Canadá, o Qatar, a Rússia, ou a China?”.

Exclusão monetária é uma condição que aflige muitas sociedades, as quais acabam sendo duplamente punidas: por viverem sob regimes autoritários e por terem acesso negado ao sistema financeiro mundial.

Bitcoin é uma rede aberta e inclusiva por desenho. Quanto mais o tempo passa, mais evidente se torna a grande utilidade dessa invenção tecnológica.

Fernando Ulrich Fernando Ulrich é Analista-chefe da XDEX, mestre em Economia pela URJC de Madri, com passagem por multinacionais, como o grupo ThyssenKrupp, e instituições financeiras, como o Banco Indusval & Partners. É autor do livro “Bitcoin – a Moeda na Era Digital” e Conselheiro do Instituto Mises Brasil

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