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Como os bitcoins respondem aos estímulos bilionários dos governos nas economias?

Com mais dólares entrando no mercado, o preço de ativos como títulos financeiros, arte, imóveis e Bitcoin vai continuar a crescer
Por  Maya Vujinovic
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Morei e trabalhei em cinco continentes diferentes nos últimos anos e isso me levou a refletir que nós não conseguimos dizer para as pessoas pensarem em algo específico, mas conseguimos dizer sobre o que pensar.

O que temos visto nas últimas semanas é assustador para as pessoas comuns, maioria da população. O auxílio de US$ 1,9 trilhão injetou muita conversa e medo e, por outro lado, maximalistas do Bitcoin (BTC) acreditaram que essa injeção iria apenas elevar o preço do BTC.

Então, US$ 1,9 trilhão é demais? A pergunta deveria ser: É demais para quê?

É demais para a oferta e a demanda? Sim. É demais para as necessidades reais? Não. É bom no longo prazo? Provavelmente não.

Há uma disparidade de riqueza monumental, e a maioria das pessoas vai dizer que o que o Federal Reserve (Fed) está fazendo é uma loucura. Sim, de certa forma, é e, de outra forma, não, pois há uma necessidade econômica enorme. É a melhor maneira absoluta de resolver os problemas sociais? Na minha opinião, não, mas sem o estímulo seria pior.

Isso também não é bom para nenhuma empresa cujo valor é baseado em fluxo de caixa ou qualquer pessoa guardando dinheiro em espécie, visto que aqueles que têm títulos de renda fixa ou dinheiro vivo terão que pagar por essa injeção do auxílio depois.

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No fim das contas, é bem simples: se você está imprimindo dinheiro, qualquer ação de valor é destruída e, portanto, o Fed está destruindo a riqueza no longo prazo enquanto a impulsiona no curto prazo.

Então, onde o Bitcoin se encaixa? Na verdade, os únicos ativos que se tornam muito atrativos são aqueles como Bitcoin, obras de arte raras, colecionáveis cujo valor cresce e que não são facilmente depreciados por uma injeção de mais dinheiro pelo governo.

O Bitcoin já se provou nos últimos dez anos. Primeiro, não foi hackeado; segundo, conquistou um séquito monumental; tem o poder de um ecossistema ou rede digital, o que não pode ser subestimado de maneira alguma, e tornou-se uma reserva alternativa de riqueza.

No entanto, tendo trabalhado com tecnologia desde 2008, eu também posso argumentar que o aumento do preço de uma coisa não quer dizer que ela funciona.

O Bitcoin ainda tem muito a resolver, como os jogos de poder entre portadores e mineradores e a escalabilidade real do seu uso por pessoas comuns no dia a dia.

Contudo, esse não deve ser o argumento ou a necessidade do Bitcoin já que há outros jeitos de se pagar digitalmente. Não duvido nem por um segundo que as moedas digitais chegaram para ficar e que muitas formas de pagamento e de transferência de valores serão utilizadas e, eu espero, beneficiarão a maioria.

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Bens digitais irão apenas continuar atraindo atenção, pois entramos de cabeça numa economia digital e não há volta. Desde 2008, tenho trabalhado em plataformas de pagamento na África e na América Latina e percebido um crescimento exponencial em pagamentos digitais. Uma coisa é certa: o retorno desses ativos tem sido constante e crescente, e isso não vai parar.

Alguns diriam que o pacote de estímulos é a razão para o preço do Bitcoin ter subido. Não acho que foi bem assim. Mas as mudanças demoram um tempo para se propagar na economia.

O sistema atual de transferência de dinheiro não é muito eficiente, as pessoas demoram para transferir moeda em espécie para corretoras de criptomoedas e comprar Bitcoin. Então, talvez vejamos os efeitos disso apenas em alguns meses.

O Bitcoin tem valorizado sem ser tão popular, mas a alta ganhou força desde o começo da pandemia da Covid-19, e isso tem vários motivos. Com mais dólares entrando no mercado, o preço de ativos como títulos financeiros, arte, imóveis (até certo ponto) e Bitcoin vai continuar a crescer.

Por outro lado, o pano de fundo altamente inflacionário vai incentivar mais instituições a olharem o Bitcoin. Por exemplo, se você está na Argentina e o câmbio deixa de ser 4 pesos a 1 dólar, não há nenhum gestor no país que possa gerar dinheiro a não ser que troque para bens escassos, como Bitcoin e colecionáveis.

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Uma nova pesquisa do Mizuho Securities descobriu que dois de cada cinco beneficiários do plano de estímulos planejam investir pelo menos uma parte do valor do auxílio em Bitcoin e ações.

Mas isso é investimento inteligente ou apenas mentalidade de rebanho e somente porque as pessoas têm acesso a essas ferramentas digitais? Acredito que a maioria se encaixa na segunda opção e que muitos não têm conhecimento para fazer as melhores apostas rápido.

Não posso dizer para ninguém o que fazer, mas eu posso incentivar todo mundo a se informar e se educar, porque uma coisa é certa: o estímulo é uma reação a uma realidade que estamos enfrentando.

A disparidade de riqueza global está apenas aumentando e vai gerar um ambiente muito desconfortável em vários lugares do mundo. Eu incentivaria um sistema no qual as pessoas se educassem sobre como investir seu salário e dobrar seu dinheiro, em vez do contrário.

Parece que o Bitcoin ofereceu algum apelo às massas e que moedas e bens digitais podem fornecer uma maneira de a maioria participar dessa criação de riqueza.

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Trabalho com bens digitais desde 2009 e todo ano as pessoas me perguntam: “Eu deveria comprar?”. E a resposta é sempre sim.

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Maya Vujinovic É investidora e diretora administrativa do OGroup, com foco em ajudar empresas e indivíduos a crescer. Tem paixão por natureza, música, medicina, longevidade, ficção científica e, claro, transferência de valor programável e inteligência artificial. Ela pode ser contatada pelo e-mail m@ogroup.io

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